Vidas Opostas | |
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Informação geral | |
Formato | Telenovela |
Gênero | |
Duração | 60 minutos |
Criador(es) | Marcílio Moraes |
Elenco | |
País de origem | Brasil |
Idioma original | português |
Episódios | 240 |
Produção | |
Diretor(es) | Jairo Matos Alexandre Avancini |
Câmera | multicâmera |
Roteirista(s) | Antônio Carlos de Fontoura Joaquim Assis Luiz Carlos Maciel Melissa Cabral Paula Richard |
Tema de abertura | "Aquarela do Brasil", Léo Gandelman e Nico Rezende |
Composto por | Ari Barroso |
Localização | Rio de Janeiro, RJ |
Exibição | |
Emissora original | Record |
Formato de exibição | 480i (SDTV) |
Transmissão original | 21 de novembro de 2006 – 27 de agosto de 2007 |
Vidas Opostas é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela Record entre 21 de novembro de 2006 e 27 de agosto de 2007 em 240 capítulos, substituindo Cidadão Brasileiro e sendo substituída por Caminhos do Coração. Foi a 7ª novela exibida pela emissora desde a retomada da dramaturgia em 2004. Foi escrita por Marcílio Moraes com a colaboração de Antônio Carlos de Fontoura, Joaquim Assis, Luiz Carlos Maciel, Melissa Cabral e Paula Richard, sob direção de Edgard Miranda e Vicente Barcellos e direção geral de Alexandre Avancini.
Vidas Opostas foi elogiada pela imprensa especializada pela crítica sócio-econômica proposta por Marcílio ao descaso do Estado com os moradores das comunidades e à influência das milicias neste locais, além de ser creditada como a primeira telenovela a abordar a realidade das favelas sem esconder ou suavizar o crime e o tráfico.[1] Se tornou a novela da Record com mais indicações à prêmios, entre eles Prêmio Extra, Prêmio Contigo!, Prêmio Quem, Troféu APCA, Prêmio Arte Qualidade Brasil e Troféu Imprensa – no qual foi a primeira fora da Rede Globo a vencer como melhor novela desde Éramos Seis (1994).[2]
Conta com Maytê Piragibe, Léo Rosa, Heitor Martinez, Lavínia Vlasak, Marcelo Serrado, Lucinha Lins, Nicola Siri e Raul Gazolla nos papéis principais.[3]
"O texto é ousado. É uma radiografia da situação atual do Brasil. Queremos mostrar o contraste. Teremos luxo, mas não vamos encobrir a pobreza, a violência, que são reais. Na vida real as crianças no crime passam o dia com armas nas mãos, não vamos encobrir. Vamos fazer um realismo crítico."
— O diretor Alexandre Avancini sobre a proposta de Marcílio Moraes em abordar pela primeira vez numa novela a realidade crua das favelas com o crime e o tráfico.[1]
No final de 2005, após finalizar os trabalhos em Essas Mulheres, Marcílio Moraes começou a desenvolver a sinopse de uma nova telenovela, a qual foi aprovada para substituir Cidadão Brasileiro no recém-inaugurado horário das 22h30.[4] Segundo o autor, a novela era focada no realismo crítico, uma vez que a intenção era mostrar a situação nas favelas de forma realista em tom de crítica sócio-econômica, sem fantasiar ou maquiar a violência e intimidação policial à população que realmente ocorria dentro das comunidades, mostrando também o crescimento da milícia dentro da polícia convencional, algo que não era feito nas novelas até então.[5][1]
Além disso Marcílio disse que queria quebrar o que chamou de "estética da exclusão" da Rede Globo ao colocar a favela em primeiro plano, alegando que o padrão de centrar novelas em bairros nobres "camufla os graves problemas sociais que vivemos, excluindo parte significativa da população brasileira do universo ficcional".[6] As principais inspirações de Marcílio foram o filme Cidade de Deus (2002) e a peça teatral Fuenteovejuna (1619), no qual um povoado se revoltava contra um governante violento.[6] A favela Tavares Bastos serviu de cenário para as locações do fictício Morro do Torto, sendo que todas as cenas externas foram gravada na própria favela, um pedido do próprio autor.[7][8] As gravações no local só foram possíveis pela favela ter sido pacificada anos antes pela polícia e não contar mais com tráfico ou violência.[9] A figuração era realizada com moradores locais.[10]
Antes da estreia, Marcílio questionou a emissora se queriam realmente colocar a novela no ar, uma vez que acreditava que seria difícil vende-la aos patrocinadores por ser centrada na favela e as classes D e E, naquele momento, não serem vistos como comercialmente rentáveis: "O potencial de merchandinsing da minha novela não se compara ao de Páginas da Vida, que se passa no Leblon, de classe média. Para eles [publicitários], favelado consome pouco".[11][12] Apesar disso a emissora confirmou a intenção de lança-la e Vidas Opostas se tornou a telenovela mais rentável da emissora em 2007 devido a alta audiência.[12]
Originalmente Vanessa Gerbelli foi escalada como a protagonista Joana, porém em agosto a atriz descobriu estar grávida e teve que deixar o projeto.[13] A cantora Wanessa Camargo, que queria estrear como atriz e havia sido reprovada um ano antes para América, fez um teste, porém não foi aprovada.[14] Lavínia Vlasak que tambem fez testes para interpretar Joana, foi escalada para interpretar a obsessiva Erínia. Para o papel foi escalada Maytê Piragibe, que havia sido bem avaliada em seu papel como a estudante que lutava contra a ditadura em Cidadão Brasileiro, tendo apenas um mês de preparação entre uma novela e outra.[15] Para o protagonista masculino a direção decidiu repetir o feito de Bicho do Mato e revelar um novo rosto que viesse do teatro, realizando testes com cerca de 50 atores dos quais Léo Rosa foi o escolhido.[16] Marcelo Serrado inicialmente seria o protagonista masculino, pórem devido a gravidez de Gerbelli e a decisão da direção de escalar um rosto desconhecido, foi realocado para interpretar Jacson, porém pediu para interpretar o delegado Nogueira após ler o perfil do personagem e se interessar, sendo que o primeiro passou para Heitor Martinez.[17]
Para a novela foram contratados diversos atores como Lucinha Lins, Nicola Siri, Tássia Camargo, Flávia Monteiro, Luciano Szafir, Jussara Freire, Sílvia Bandeira, Roger Gobeth e Ângelo Paes Leme.[18]
Joana (Maytê Piragibe) é uma moça batalhadora que mora em uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, o Morro do Torto, e se divide entre a faculdade pública e o trabalho para ajudar os pais, Lucília (Tássia Camargo) e Haroldo (Raymundo de Souza), a criarem seus dois irmãos longe do crime. Ela se apaixona por Miguel (Léo Rosa), um herdeiro milionário que retornou há pouco tempo do doutorado na Inglaterra e se encanta pela simplicidade e honestidade da moça, o qual ele não vê no mundo dos grandes negócios que o rodeia. Quem não gosta disso é Erínia (Lavínia Vlasak), noiva de Léo que se torna cada vez mais obsessiva por ele a ponto de planejar matar a rival, e Jefferson (Ângelo Paes Leme), ex-namorado traficante de Joana que saiu da cadeia e não aceita ter perdido-a. Após Haroldo assassinar Jeferson para livrar a filha da perseguição – e morrer por isso – Joana e Miguel acreditam que viverão o amor em paz, porém Jacson (Heitor Martinez), irmão do traficante e conhecido como o "rei do Torto", foge da prisão e jura se vingar da moça, embora se fique obcecado pela beleza dela, passando a ameaçar todos a seu redor para pressiona-la a ficar com ele e assumir o tráfico ao seu lado.
A facção de Jacson é formada por Torres (Nill Marcondes), Mofado (Gilson Moura), Cício (Sílvio Guindane), Sovaco (Leandro Firmino), Pé de Pato (Felipe Martins), Pavio (Philippe Haagensen) e Caranguejo (Henrique Pires) – os três últimos que planejam trai-lo quando Joana interfere no tráfico. Ainda há Carlinhos (Leandro Léo), menino que sonhava em se tornar jogador de futebol, mas sem conseguir uma chance junta-se ao tráfico para desespero da mãe, Carmem (Jussara Freire), que lutou a vida toda contra a bandidagem na favela. Do outro lado está Nogueira (Marcelo Serrado), um delegado inescrupuloso e corrupto, que comanda uma rede de policiais milicianos com a ajuda de seu comparsa, o inspetor Hélio (Raul Gazolla), a qual conseguiu que as facções lhe pagassem para ficar fora do radar, menos a de Jacson, passando a persegui-lo e enviando o recém-saído da prisão Inhame (Rafael Queiroga) para se tornar infiltrado. Psicopata, Nogueira ainda espanca e tortura psicologicamente a esposa, Neusa (Ana Paula Tabalipa), e a faz cumprir suas fantasias sexuais escabrosas, além do coagir o filho, Felipe (Pedro Malta), contra a mãe.
Tudo muda quando o promotor Leonardo (Luciano Szafir) começa a investigar a corrupção dentro da polícia e a milícia com a ajuda da delegada Carmo (Raquel Nunes), com quem também começa a se envolver romanticamente, embora a vida deles entre no alvo de Nogueira. Filha de Leonardo, Carla (Juliana Lohmann) vive em conflito com a mãe, Patrícia (Babi Xavier), tanto por ir nos bailes funk na favela, quanto por ela ter se envolvido com seu amigo, Alfredo (Daniel Dalcin), de apenas 17 anos. Já a mãe do promotor, Lisinha (Íris Bruzzi) é uma mulher viciada em jogos de azar, que vive em cassinos clandestinos com a amiga Margarida (Cristina Pereira) e envolve-se com o bicheiro Willy Berloque (André Valli). Mãe de Miguel, Ísis (Lucinha Lins) é uma milionária que se divide entre ajudar o romance de Miguel e Joana e presidenciar as empresas da família, embora nem imagine que sua invejosa prima Maria Lúcia (Flávia Monteiro), arquitete para dar um golpe nela e tomar o negócio com a ajuda do vice-presidente Mário (Cecil Thiré) e do advogado mau-caráter Felix (Roger Gobeth) – que é obcecado e persegue Carla. Paralelamente ela reencontra Bóris (Nicola Siri), sua grande paixão de juventude que a ajudará a redescobrir o amor e a se livrar do golpe.
Foi reprisada entre 28 de março e 11 de junho de 2012 às 21h15 de forma compacta em apenas 53 capítulos, sendo utilizada para ocupar o espaço vago até a estreia da nova temporada de CSI.[19][20]
Intérprete | Personagem |
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Maytê Piragibe | Joana de Souza[21] |
Léo Rosa | Miguel Campobello[21] |
Heitor Martinez | Jacson da Silva[21] |
Lavínia Vlasak | Erínia Oliveira e Mello[21] |
Marcelo Serrado | Delegado Dênis Nogueira (Nogueira)[21] |
Lucinha Lins | Ísis Campobello[21] |
Nicola Siri | Bóris Sanches[21] |
Raul Gazolla | Inspetor Hélio Nunes[21] |
Tássia Camargo | Lucília de Souza[21] |
Jussara Freire | Carmem Laranjeira[21] |
Cecil Thiré | Mário Botelho Carvalho[21] |
Flávia Monteiro | Maria Lúcia Campobello[21] |
Luciano Szafir | Promotor Leonardo Rocha[21] |
Raquel Nunes | Delegada Maria do Carmo Sendeiros[21] |
Ana Paula Tabalipa | Neusa Lima Nogueira[21] |
Roger Gobeth | Félix Teixeira[21] |
Juliana Lohmann | Carla Rocha |
Babi Xavier | Patrícia Rocha |
Daniel Dalcin | Alfredo Oliveira e Mello |
Íris Bruzzi | Elisa Rocha (Lisinha) |
Cristina Pereira | Margarida Rocha |
Sylvia Bandeira | Cilene Oliveira e Mello Ventura |
Mário Schoemberger | Dr. Sérgio Ventura |
Leandro Léo | Carlos Laranjeira (Carlinhos) |
Nill Marcondes | Hermenegildo Torres (Torres) |
Gilson Moura | Genivaldo Cavalcanti (Mofado) |
Leandro Firmino | José Ferreira (Sovaco) |
Rafael Queiroga | Inhame |
Felipe Martins | Pé de Pato |
Philippe Haagensen | Pavio |
Henrique Pires | Zaqueu Silvino (Caranguejo) |
Sílvio Guindane | Cecílio Cristal (Cicio) |
Roberta Santiago | Rosária da Luz |
Valquíria Ribeiro | Isabel Lopes |
Alexandre Paternost | Pedro Lopes |
João Sabiá | Inspetor Sílvio Gonçalves |
Gustavo Duque | Inspetor Marcos Pascoal |
Marcelo Escorel | Roberto |
Jonathan Nogueira | Chico |
Nanda Ziegler | Lathife |
Gabriela Durlo | Daniela Cavalcanti |
Bukassa Kabengele | Marcelo |
André Valli | Willy Berloque |
Dulce Conforto | Rute |
Juliana Lopes | Cláudia |
Telma Cunha | Sueli |
Cláudio Garcia | Martinho |
Marise Gonçalves | Amélia |
Pedro Malta | Felipe Lima Nogueira |
Bianca Salgueiro | Letícia de Souza |
Leonardo Branchi | Wilson de Souza |
Ana Beatriz Cisneiros | Madalena da Luz |
Thaís Botelho | Mariana Lopes |
Ator | Personagem |
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Márcio Garcia | Inspetor Jorge Alencar (Alencar) |
Ângelo Paes Leme | Jéferson da Silva |
Raymundo de Souza | Haroldo de Souza |
Kito Junqueira | Oscar Tostão |
Camilo Bevilacqua | José de Oliveira |
Caco Baresi | Rubens Laranjeira |
Jonathan Azevedo | Dilsinho |
Marcelo Mello Jr. | Tato |
Milhem Cortaz | Sextavado |
Gabriel Gracindo | Jornalista |
Cinara Leal | Vanda |
Maria Sílvia | Mercedes |
Blota Filho | Renato Abreu |
Debby Lagranha | Ju |
Marcos Barreto | Fausto |
Rogério Fróes | Francisco |
Anna Ludmilla | Ana |
Carlo Mossy | Boáz |
Francisco Silva | Dr. Araújo |
Chico Tenreiro | Ifigênio Cavaquinha |
Ricardo Carriço | Fernando Cunhal |
André Gago | Ciprião de Almeida |
Marques d'Arede | Teodoro de Azevedo |
Ed Oliveira | Bolado |
Renata Quintela | Cristina |
Ana Ferraz | Marcinha |
Deiwis Jamaica | Canudo |
Créo Kalleb | Pernilongo |
Daniel Barcellos | Deputado Feitosa |
Zeca Carvalho | Orozimbo |
Tila Teixeira | Eneida |
Valnei Aguiar | Eleutério |
Alessandro Maciel | Cotia |
David Hermann | Figueiredo |
Márcio Rosário | Xavier |
André Schmidt | Badalhoca |
Cleri Digon | Frida |
Vidas Opostas | |
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Trilha sonora de vários artistas | |
Lançamento | 12 de janeiro de 2007 |
Gênero(s) | |
Duração | 51:22 |
Idioma(s) | Português |
Gravadora(s) | |
Direção | Márcio Vip Antonucci |
A trilha sonora de Vidas Opostas foi lançada em 12 de janeiro de 2007 e trouxe na capa uma visão da favela.[22] Com exceção da primeira e da última faixa, o restante do álbum é composto exclusivamente por canções de Chico Buarque em versões originais dele ou regravadas por outros artistas, um pedido do próprio autor da novela.[23][24]
N.º | Título | Música | Personagem | Duração | |
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1. | "Aquarela do Brasil" | Leo Gandelman e Nico Rezende | Abertura | 4:12 | |
2. | "Tatuagem" | Djavan | Patrícia e Alfredo | 4:13 | |
3. | "O Meu Amor" | Tetê Espindola | Joana e Miguel | 4:09 | |
4. | "Imagina" | Chico Buarque e Mônica Salmaso | Leonardo e Carmo | 1:59 | |
5. | "O Que Será (A Flor da Pele)" | Chico Buarque e Milton Nascimento | Ísis e Bóris | 3:42 | |
6. | "Atrás da Porta" | Francis Hime | Geral | 2:23 | |
7. | "Gota d'água" | Simone | Neusa | 3:33 | |
8. | "Apesar de Você" | Beth Carvalho | Geral | 4:33 | |
9. | "Olhos nos Olhos" | Miúcha e Tom Jobim | Geral | 4:10 | |
10. | "Futuros Amantes" | Angela Ro Ro e Antônio Adolfo | Ísis | 5:20 | |
11. | "Ode aos Ratos" | Chico Buarque | Jacson | 3:09 | |
12. | "Folhetim" | Rosa Passos | Erínia | 3:07 | |
13. | "Feijoada Completa" | João Nogueira | Lucíola | 3:32 | |
14. | "É Guerra" | Vinimax | Nogueira / Facção de Jacson | 3:09 |
Outras 17 canções de Chico Buarque também gravadas por ele ou regradas por outros artistas por fizeram parte da novela:
O primeiro capítulo de Vidas Opostas marcou 16 pontos com picos de 20 e 24% de participação, representando a maior audiência de estreia desde a retomada da dramaturgia da Record em 2004.[25][26] O segundo capítulo superou o primeiro e marcou 17 pontos e 26% da participação, representando uma diferença de apenas 5 pontos da Rede Globo e 10 a mais que o SBT.[27] Durante sua exibição, Vidas Opostas manteve a audiência acima dos dois pontos, variando entre 10 e 16, sendo que em 31 de janeiro de 2007 bateu o recorde ao atingir 22 pontos com picos de 26 e 31% de participação, liderando o horário durante parte do capítulo.[28][29] Em 7 de fevereiro a novela liderou novamente com 19 pontos e picos de 26, ficando 3 pontos na frente da Rede Globo.[11] O último capítulo marcou 25 pontos com picos de 27 e 40% de participação, liderando no horário e sendo a maior audiência já registrada por um capítulo de telenovela da Record desde a retomada.[30] Vidas Opostas teve média geral de 13 pontos.[31]
O primeiro capítulo da sua reprise teve média de 13 pontos e o último 4 pontos.[32]
Vidas Opostas recebeu críticas positivas dos profissionais especializados. Carla Bittencourt, do jornal O Globo, disse que a obra era uma "novela da vida real" e conquistou o público por ter cenas fielmente inspiradas na vida das comunidades, acrescentando que "cenas de tiroteio e diálogos com palavrões" davam veracidade ao texto e que Marcílio havia produzido uma obra de alta qualidade.[33] Guilherme Machado, do IG, disse que a novela chocou por conta da "história recheada de violência", mas que isso era apenas um retrato do Brasil moderno, e que foi uma das "melhores e mais bem produzidas" novelas da emissora.[34] Jeferson Souza, do portal O Planeta TV, disse que Vidas Opostas mudou o estilo de teledramaturgia no Brasil ao trazer a realidade das favelas e que influenciou novelas da Rede Globo a apostarem no tema, como Duas Caras.[35] O portal Gazeta Digital disse que a novela teve "cenas bem dirigidas", um texto que "fluía com tranqüilidade" e dosou bem a temática da violência com outras como romance e corrupção, elegendo Lucinha Lins, Cecil Thiré e Leandro Firmino como os destaques da trama e dizendo que a qualidade da novela engoliu a concorrência da Rede Globo.[36]
Ana Paula Alfano, da revista IstoÉ Gente, disse que a novela era "melhor produto que a emissora já lançou", não devia nada às novelas da Rede Globo e tinha uma produção impecável ao apostar em cenários realistas e filmagens cinematográficas, acrescendo que as cenas de ação eram super-produzidas e lembravam a franquia Missão Impossível.[37] A jornalista ainda declarou que a obra traçava uma crítica social do Brasil como nunca visto antes nas novelas, apenas no cinema em filmes como Cidade de Deus, e que o conteúdo do texto era o maior mérito desta.[37] Eduardo Valente, da revista Cinética, disse que a trama "impressionou pela ambição" ao colocar a periferia no centro das atenções pela primeira vez na televisão e fazia um "painel crítico do Brasil atual".[38]
Laura Mattos, do jornal Folha de S.Paulo, lembrou que Marcílio disse em entrevista em 2002 ao ser demitido da Rede Globo que poderia bate-la caso outro canal lhe contratasse – "Sei fazer novelas e, se algum concorrente me der recursos, sei como bater a Globo" – e o fato se realizou cinco anos depois.[11]
"Não sei o que fazer com eles [os bandidos]. Não posso matar ou mandar todos para a cadeia porque não é assim que acontecesse na vida real. Mas também não seria certo que se dessem bem no final."
— Marcílio Moraes sobre a pressão do público para não matar ou prender os bandidos no final.[39]
Devido ao sucesso dos personagens do núcleo da favela, o público passou a pressionar Marcílio Moraes para que tivessem um desfecho positivo. A primeira foi Rosária, que originalmente faria apenas o primeiro mês da trama antes de morrer, mas teve seu destino alterado para viver em fuga dos bandidos.[40] Na reta final os telespectadores passaram a enviar e-mails para a emissora e até uma petição online foi criada para que o traficante Jacson e alguns de seus companheiros, como Mofado e Torres, não fossem mortos ou presos no fim da novela.[39] A principal justificativa do público era Jacson não era uma pessoa má por natureza, mas sim vítima do meio em que foi criado e se tornou um espelho da família violenta e bandida que teve, que Mofado havia se mostrado um homem amoroso ao conhecer a neta e que Torres evitou durante toda trama que outros jovens entrassem no tráfico.[39]
Na época Marcílio declarou que não sabia o que fazer com os personagens, uma vez que o público o pedia para absolvê-los – "Minha contadora me pediu para deixar Joana e Jacson juntos. Quando disse que ele era um bandido, ela argumentou que ele não era mau, era só uma pessoa que tinha sofrido muito na vida" – mas que não poderia deixar que o público esquecesse que eles eram bandidos, que traficaram e mataram pessoas durante toda a trama.[39] Para agradar o público, Marcílio deu um desfecho positivo para o adolescente Carlinhos, que voltou a estudar e conseguiu se tornar jogador de futebol, e para Sovaco, que deixou o tráfico para se tornar sambista.[41] Já Jacson e Mofado acabaram mortos, apesar do apelo popular, assim como Caranguejo e Pé de Pato, enquanto Cicio e Torres foram presos e Pavio encontrou uma nova facção.[42]
Desde sua exibição Vidas Opostas figura em listas de jornais e portais como a melhor novela produzidas pela Record e uma das melhores do Brasil.[43] Em 2009 a novela foi tema de um TCC na Universidade de São Paulo (USP) sob o tema de "Vidas Opostas, vidas expostas: a violência na telenovela", abordando a temática da violência urbana apresentada na trama.[44] Em 2017 A Força do Querer, escrita por Glória Perez, recebeu comparações com Vidas Opostas pela abordagem da criminalidade e o tráfico nas favelas, embora a própria autora tenha elogiado a trama de Marcílio na ocasião e classificado-a como "um novelaço".[45]
Ano | Prêmio | Categoria | Recebido por | Resultado | Ref. |
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2007 | Prêmio Arte Qualidade Brasil | Ator Revelação | Léo Rosa | Venceu | [46] |
Troféu APCA | Melhor Ator | Marcelo Serrado | [47] | ||
Melhor Atriz | Jussara Freire | ||||
Melhor Novela | Vidas Opostas | Indicado | |||
Prêmio Quem | Revelação | Léo Rosa | Venceu | [48] | |
Melhor Atriz | Maytê Piragibe | Indicado | |||
Melhor Ator | Heitor Martinez | ||||
Melhor Autor | Marcílio Moraes | ||||
Prêmio Extra de Televisão | Melhor Novela | Vidas Opostas | [49] | ||
Melhor Atriz | Lucinha Lins | ||||
Melhor Ator | Heitor Martinez | ||||
Marcelo Serrado | |||||
Ator Revelação | Léo Rosa | ||||
Melhor Ator/Atriz Mirim | Pedro Malta | ||||
Prêmio Contigo! | Melhor Autor | Marcílio Moraes | |||
Melhor Novela | Vidas Opostas | ||||
Melhor Diretor | Alexandre Avancini | ||||
Melhor Ator Infantil | Pedro Malta | ||||
Troféu Leão Lobo | Melhor Novela | Vidas Opostas | Venceu | [50] | |
Melhor Autor | Marcílio Moraes | ||||
Melhor Diretor | Alexandre Avancini | ||||
Ator revelação | Léo Rosa | Indicado | |||
Melhor Atriz | Maytê Piragibe | ||||
Melhor Ator | Marcelo Serrado | ||||
Melhor Atriz Coadjuvante | Lucinha Lins | ||||
Melhor Ator Coadjuvante | Nicola Siri | ||||
2008 | Troféu Imprensa | Melhor Novela | Vidas Opostas | Venceu | [51] |
Troféu Internet | Melhor Ator | Heitor Martinez | Indicado | ||
Melhor Atriz | Lucinha Lins | ||||
Melhor Novela | Vidas Opostas |