Vuyisile Mini

Vuyisile Mini
Nascimento 8 de abril de 1920
Tsomo
Morte 6 de novembro de 1964
Pretoria Central Prison
Cidadania África do Sul
Ocupação cantor, sindicalista, político, cancionista
Instrumento voz
Causa da morte forca

Vuyisile Mini (Porto Elizabeth, 8 de abril de 1920Pretória, 6 de novembro de 1964) foi um sindicalista, cantor, compositor e ativista sul-africano, um dos primeiros membros do Congresso Nacional Africano a morrerem executados pelas leis do apartheid.

Filho de um estivador na cidade de Porto Elizabeth, seu pai foi ativo nas reivindicações trabalhistas e comunitárias, influenciando de tal modo o filho que este já aos dezessete anos participou de protestos contra o aumento das passagens de ônibus e dos alugueres, bem como das remoções forçadas na política de realocação dos negros para "cidades dormitório".[1]

Após concluir o ensino básico, tornou-se operário e sindicalista, apesar do aumento da repressão do governo da minoria branca a partir da década de 1950; por sua coragem e esforços o Congresso de Sindicatos da África do Sul ("SACTU", da sigla em inglês) encarregou-o de organizar o proletariado da província de Cabo Oriental, missão na qual organizou o Sindicato dos Metalúrgicos, do qual veio a ser o secretário, e ainda o sindicato dos estivadores da cidade natal e, junto Stephen Tobia, fundou a União Africana de Pintura e Construção, lutando ainda contra o uso de condenados como mão-de-obra barata e, em 1960, foi feito secretário da SACTU de Cabo Oriental.[1]

Em 1951 ele ingressou no Congresso Nacional Africano (CNA) e já no ano seguinte foi preso no contexto da Campanha de Desafio por haver entrado em uma área estrita de brancos numa estação ferroviária, o que lhe causou a perda do emprego numa fábrica de baterias. Após sua libertação uniu seu trabalho sindical com o ativismo político e rapidamente ascendeu na hierarquia do CNA, eleito secretário da entidade para o Cabo. Em 1956 foi um dos réus do Julgamento por Traição, libertado por falta de provas em 1959.[1]

Ao lado do ativismo era ainda ator, dançarino, poeta e cantor; durante o Julgamento por Traição, por exemplo, compôs versos que refletiam a luta contra o sistema de realocação forçada dos negros, e seus versos de "Pasopa nansi' ndondemnyama we Verwoerd", ("Cuidado, Verwoerd, aqui estão os negros"),[1], e que veio depois a ser gravada com sucesso por Miriam Makeba.[2]

Em 1961 foi dos primeiros recrutados para integrar o braço armado de resistência do CNA, o Umkhonto we Sizwe (MK); era membro do Alto Comando de Cabo Oriental e, junto a Wilson Khayinga e Zinakile Mkaba foi preso em 10 de maio de 1963, acusado por dezessete crimes, dentre os quais a morte de um suposto informante da polícia. Em março do ano seguinte eles foram condenados à morte e, para se livrarem dela, os brancos ofereceram a vida em troca de informações, ao que ele recusou e escrevera: "Eles então disseram que ainda havia uma chance de eu ser salvo, pois sabiam que eu era o chefão do movimento no Cabo Oriental. Devia apenas dizer a eles onde estavam os detonadores e revólveres, e eles me ajudariam. Eu recusei. Eles então me perguntaram sobre Wilton Mkwayi e se eu estava preparado para depor contra Mkwayi, a quem eles haviam prendido. Eu disse que não, não estava. Quando me perguntaram se eu faria a saudação de Amandla Ngawethu quando andasse os últimos passos até a forca, respondi que sim".

Apesar dos protestos internacionais de líderes como U Thant da Onu, ou de Nasser, ele e seus dois companheiros foram executados pela forca na Prisão Central de Pretória em 6 de novembro de 1964; ao seguir para o cadafalso Mini entoou canções de liberdade, e abordado no corredor pela polícia em nova tentativa de delação de seus camaradas de luta, fez um discurso. Ben Turok, membro do MK, descreveu mais tarde a angústia vivida na noite anterior, quando os condenados entoaram várias canções e, na manhã da execução, novamente iniciaram a cantoria "E então, inesperadamente, a voz de Vuyisile Mini veio rugindo pelas passagens silenciosas (...) sua inconfundível voz de baixo anunciava sua mensagem final em xhosa para o mundo que estava deixando. Com uma voz carregada de emoção, mas teimosamente desafiador, ele falou da luta travada pelo Congresso Nacional Africano e de sua convicção absoluta da vitória que está por vir".[1]

Mini era casado e deixou seis filhos, um dos quais — Nomkhosi Mini — também foi integrante do MK e sobreviveu ao ataque das tropas sul-africanas ao seu acampamento, em Angola, em 1979. Após sua execução, Mini fora enterrado secretamente como indigente num cemitério de Pretória mas, em 1998, seu corpo e também os de Khayinga e Mkaba foram exumados e receberam funeral de heróis, em Porto Elizabeth.[1]

Referências

  1. a b c d e f «Vuyisile Mini» (em inglês). South African History Online. Consultado em 27 de março de 2021. Cópia arquivada em 27 de março de 2021 
  2. Vershbow, Michela E. (2010). «The Sounds of Resistance: The Role of Music in South Africa's Anti-Apartheid Movement». Inquiries Journal. 2 (6). Consultado em 26 de outubro de 2016. Cópia arquivada em 11 de junho de 2016