Waldick Soriano

Waldick Soriano

Waldick Soriano entre 1975 e 1978
Informação geral
Nome completo Eurípedes Waldick Soriano
Nascimento 13 de maio de 1933
Local de nascimento Caetité, Bahia
Brasil
Morte 4 de setembro de 2008 (75 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, RJ
Gênero(s) Brega, bolero
Ocupação(ões) cantor, compositor e ator

Eurípedes Waldick Soriano (Caetité, 13 de maio de 1933 — Rio de Janeiro, 4 de setembro de 2008) foi um cantor e compositor brasileiro, ícone da música romântica popular, pejorativamente chamada brega.[1][2][3][4][5][6]

Nascido no distrito de Brejinho das Ametistas, em Caetité,[7] Bahia, filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, em sua cidade natal. Fato marcante de sua infância foi o abandono do lar pela mãe, Eudóxia Evangelista Garcia, a quem era muito apegado.

Em Caetité viveu sua juventude, sempre boêmia, até um incidente num clube local, que o fez buscar o destino fora da cidade. Desde muito novo era um inveterado namorador e aventureiro e, seguindo o caminho de muitos sertanejos, foi tentar a vida em São Paulo.

Antes de ingressar na carreira artística, trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades, conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música "Quem és tu?".

Ele se destacava por suas canções sobre "dor-de-cotovelo" e seu visual revolucionário para a época: sempre usava roupas negras e óculos escuros.[8]

Seus maiores sucessos foram "Tortura de amor" e "Eu não sou cachorro não". Também se tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como "Paixão de um Homem", "A Carta", "A Dama de Vermelho", "Se Eu Morresse Amanhã" e "Perfume de Gardênia".

Além disso, no cinema, foi protagonista em filmes como "Paixão de um Homem" (1972), de Egydio Eccio, baseado na vida real do cantor, e "O Poderoso Garanhão" (1973), de Antônio B. Thomé. Segundo a ANCINE, o primeiro filme contou com 1.033.912 espectadores, enquanto o segundo apenas 544.277. Em seu livro biográfico "A Vida de Waldik Soriano[2]", Waldick disse que: "Desejava fazer filmes de qualquer jeito, expressei pela imprensa este interesse. Logo apareceram produtoras, propondo condições para as filmagens. (p. 130)”. Também fez participação especial em um capítulo do seriado "O Bem-Amado" (1980), produzido por Daniel Filho e pela Rede Globo.

O "fenômeno" Waldick Soriano

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Waldick Soriano (à esquerda), na década de 70, com Flávio Cavalcanti

Batizado como Eurípedes Waldick Soriano, utilizou-se apenas do "Waldick Soriano" como nome artístico. Ganhando popularidade, tendo um nome um tanto incomum, Waldick conviveu, até o fim de sua carreira, com os erros na grafia do seu nome. Em alguns discos, seu nome aparece "Waldik", sem o "c", outras vezes, seu primeiro nome com o "V" no lugar do "W".

A posição quase marginal que o ritmo "cafona" ocupou, mereceu uma análise mais acurada e científica pelo historiador e jornalista Paulo Cesar de Araújo. Intitulado "Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar[9]" (lançado em 2002), o livro traz, já em seu título, uma referência ao cantor e sua música de maior sucesso. Ali o autor reitera, de forma veemente, seu estilo musical próprio, somente dele. Araújo conta de quando Waldick teve sua música "Tortura de Amor" censurada, em 1974, quando foi reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se falasse a palavra "tortura".[10][11]

A revista "Nossa História", de dezembro de 2005, refere-se ao cantor como "o mais folclórico dos cafonas" (ano 3, nº 26, ed. Vera Cruz).

Num dos programas do apresentador Jô Soares, o músico Ubirajara Penacho dos Reis - Bira - declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick.

Incentivado pelo radialista Haroldo de Andrade (que foi morador da Praia da Bica), Waldick Soriano morou por muitos anos na carioca da Ilha do Governador; Waldick morando em Caetité, na Bahia, Haroldo arranjou a casa na Rua Magno Martins, no bairro insulano da Freguesia, no Rio de Janeiro[12]

Na sua cidade natal, Waldick sempre foi tratado com certo menosprezo. Na aristocrática Caetité, mantinha apenas nas camadas mais populares uma fiel admiração. Ali teve dois de seus filhos, gêmeos, de forma quase despercebida, em 1966. Em meados da década de 1990, porém, a cidade teve num político o resgate do filho ilustre. O vereador Edilson Batista protagonizou uma grande homenagem, que nomeou uma das principais avenidas com o nome de Waldick. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário, encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick, sua paixão pela professora Zilmar Moura, a mudança para o sul.

Silvio Santos aliás, protagonizou com Waldick uma das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: no abraço que deram, foram perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então, simularam um affair, provocando risos. No início dos anos 90, mudou-se para a cidade de Teresina onde iniciou uma parceria com o violonista Fernando Fonseca, com quem fez shows pelo país inteiro naquela que seria sua última incursão pelos palcos. Dois anos depois mudou-se para Fortaleza. Na capital cearense, ao lado do pianista Oliveira Junior continuou fazendo pequenas apresentações até ter diagnosticada a doença que o levaria à morte.

Em sua homenagem, em Praia Grande/SP, foi nomeada a rua Cantor Waldick Soriano, no bairro Tupiry.[13]

Doença e Morte

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Waldick teve diagnosticado um câncer de próstata, em 2006. Em 2 de julho de 2008 foi divulgado que seu estado de saúde era grave,[14] pois já ocorrera metástase. Morreu em 4 de setembro do mesmo ano, no Instituto Nacional do Câncer (Inca), em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Foi sepultado no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio.[15]

Em 6 de maio de 2022, após intensos pedidos de fãs e familiares, os restos mortais de Waldick foram trasladados e sepultados no Cemitério Bosque da Paz, em Caetité, sua cidade natal, juntamente com os restos mortais de Manoel Sebastião Soriano, seu pai, e João Lima Soriano, seu sobrinho.

Álbum Selo Ano
Quem és tu?/Só você Chantecler 1960
Ninguém é de ninguém Chantecler 1960
Dona do meu coração/Mais uma desventura Chantecler 1961
Perdão pela minha dor/Amor de Vênus Chantecler 1961
Sede de amor/Renúncia Chantecler 1961
Waldick Soriano Chantecler 1961
Fujo de ti/Tortura de amor Chantecler 1962
Ciúmes/Desunião Chantecler 1962
Homenagem a Recife/Amor numa serenata Sertanejo 1962
Cantor apaixonado Chantecler 1962
Quem é você?/Vestida de branco Chantecler 1963
Foi Deus/Errei Senhor Chantecler 1963
Pobre do pobre/Se eu morresse amanhã Chantecler 1963
Motivos banais/É melhor eu ir embora Chantecler 1963
A justiça de Deus/Tu és meu mundo Chantecler 1963
Manaus, meu paraíso/Pisa no calo dele Sertanejo 1963
Enfim você voltou/Pensei que estava sonhando Chantecler 1964
Eu vou ao casamento dela/A maior injustiça do mundo Chantecler 1964
O elegante Waldick Soriano Chantecler 1964
Como você mudou pra mim Chantecler 1965
Waldick sempre Waldick Copacabana 1967
Boleros para ouvir, amar e sonhar Copacabana 1967
Waldick Continental 1968
Amorosamente para você Tropicana 1970
No coração do povo Continental 1970
Eu também sou gente RCA 1972
Ele também precisa de carinho RCA 1972
Segue o teu caminho RCA 1974
Quero ser teu escravo RCA 1978
Minha Ultima Noite Gema 2000
Ao Vivo Gema 2001
Ao Vivo - Só Sucesso Gema 2002
Ao Vivo "Som Livre" Som Livre 2007
  • ARAÚJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. Rio de janeiro: Record, 2010. 7ª. Ed. 458p.
  • SORIANO, Waldik e CAMPOS, Bernardino. A Vida de Waldik Soriano. Rio de Janeiro: Editora Codrecri, 1977. Coleção Edições do PASQUIM - Vol. 14.
  1. «Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira». Consultado em 29 de janeiro de 2013 
  2. a b Soriano, Waldick; Campos, Bernadino (1977). A vida de Waldick Soriano. Rio de Janeiro: Codecri 
  3. BONFIM, Carlos. EU NÃO SOU CACHORRO, MESMO: MÚSICA POPULAR URBANA, CULTURAS JUVENIS E IDENTIDADE CULTURAL. V ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil.
  4. WALDIK Soriano. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa531189/waldik-soriano>. Acesso em: 29 de Jun. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
  5. FONSECA, Diogo. Entre o “brega” e o rock: a ressignificação da Música de Odair José. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) - Curso de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. p. 58 a 60
  6. LIMA, Izaíra Thalita da Silva; QUEIROZ, Tobias (2008). Eu não sou cachorro não: a transformação do brega em arte com elementos de cinema no DVD de Waldick Soriano (PDF). Natal: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 15 páginas 
  7. ARAÚJO, P. C. de. Waldick Soriano e o mistério do brega . Revista USP, [S. l.], n. 87, p. 184-196, 2010. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i87p184-196. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13840. Acesso em: 30 jun. 2021.
  8. VIEIRA, Leandro (4 de setembro de 2018). «Filho de Waldick Soriano afirma que pai foi muito criticado por ser abertamente popular». f5.folha.uol.com.br. Consultado em 29 de junho de 2021 
  9. ARAÚJO, Paulo César de (2010). Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. Rio de Janeiro: Record 
  10. Giovana Sanchez (4 de setembro de 2008). «Leia uma entrevista inédita com Waldick Soriano». G1. Consultado em 24 de fevereiro de 2021 
  11. BORÉM, Fausto. «Resenha sobre Eu não sou cachorro, não, livro de Paulo Cesar de Araújo sobre a música cafona». PER MUSI (UFMG), p. 231-234, 2014. 
  12. Maísa Capobiango (5 de agosto de 2012). «Memória artística da Ilha do Governador. Depois de Renato Russo, bairro reverencia Vinicius, outro nome que faz parte de sua história». jornal O Globo. Consultado em 17 de março de 2024 
  13. «Decreto N. 5735 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014». www.praiagrande.sp.gov.br. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  14. "Estado de saúde do cantor Waldick Soriano é grave" - Terra, 02/07/2008
  15. Cantor Waldick Soriano morre no Rio aos 75 anos - Folha Online, 04/08/2008
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