Ziraldo | |
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Ziraldo em 2015 | |
Nome completo | Ziraldo Alves Pinto |
Pseudônimo(s) | Zap |
Nascimento | 24 de outubro de 1932 Caratinga, MG |
Morte | 6 de abril de 2024 (91 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Vilma Gontijo (c. 1958–2000) Marcia Martins (c. 2002) |
Filho(a)(s) | Daniela Thomas Antonio Alves Pinto Fabrízia Alves Pinto |
Ocupação | cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista e jornalista |
Principais trabalhos | O Menino Maluquinho Flicts Turma do Pererê |
Prêmios | Prêmio Jabuti (1982 e 1990) Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil (2003) (ver mais) |
Gênero literário | infantil, humor |
Magnum opus | O Menino Maluquinho |
Influências | Monteiro Lobato |
Página oficial | |
ziraldo |
Ziraldo Alves Pinto (Caratinga, 24 de outubro de 1932 – Rio de Janeiro, 6 de abril de 2024) foi um cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista, advogado[1] e jornalista brasileiro.
Foi o criador de personagens famosos, como o Menino Maluquinho, e foi um dos mais conhecidos e aclamados escritores infantis de seu tempo.[2] Ziraldo foi pai de três filhos, a cineasta Daniela Thomas, o compositor Antonio Pinto e a diretora de teatro Fabrízia Alves Pinto. Faleceu em sua residência no estado do Rio de Janeiro, Lagoa Rodrigo de Freitas em 6 de abril de 2024 aos 91 anos.
Ziraldo passou toda a infância em Caratinga. Era irmão do também desenhista, cartunista, jornalista e escritor Zélio Alves Pinto e também de Ziralzi Alves Pinto.[3] Estudou dois anos no Rio de Janeiro e voltou a Caratinga, tendo concluído o módulo científico (atual ensino médio). Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1957.[2] Seu talento no desenho já se manifestava desde essa época, tendo publicado um desenho no jornal Folha de Minas com apenas 6 anos de idade.[4]
Começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), em 1954, com uma coluna dedicada ao humor. Ganhou notoriedade nacional ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e, posteriormente, no Jornal do Brasil, em 1963.[5] Alguns de seus personagens desta época foram Jeremias, o Bom; Supermãe e Mirinho.[6]
Em 1960 lançou a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil.[2] Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início do regime militar no Brasil.[7] Nos anos 1970, a Editora Abril relançou a revista, desta vez, porém, sem o sucesso inicial.[7] A revista da Turma do Pererê teve outras passagens pelas bancas numa edição encadernada pela Editora Primor no ano de 1986 e em formato de almanaque pela Editora Abril na década de 1990.[carece de fontes]
Em 1960 recebeu o "Nobel" Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, principal premiação da imprensa livre da América Latina.[8]
Foi fundador e posteriormente diretor do periódico O Pasquim, tabloide de oposição ao regime militar, uma das prováveis razões de sua prisão, ocorrida um dia após a promulgação do AI-5.[9]
Em 1980 lançou o livro "O Menino Maluquinho",[2] seu maior sucesso editorial, o qual foi mais tarde adaptado na televisão e no cinema. Para televisão, foi adaptado em 2006 pela TV Brasil, chamada Um Menino muito Maluquinho, que durou uma temporada com vinte e seis episódios sob a direção de Anna Muylaert e Cao Hamburger.[10] No cinema, foi adaptado três vezes, a primeira em Menino Maluquinho - O Filme em 1995 e uma sequência em 1998 dirigida por Fernando Meirelles, Menino Maluquinho 2 - A Aventura.[11][12] A adaptação mais recente da série é Uma Professora Muito Maluquinha de 2010, estrelado por Paolla Oliveira.[13]
Em 1989, criou a Família Folhas para uma campanha de reciclagem da Prefeitura de Curitiba. Ele reformulou a família e criou novos personagens em 2022.[14]
Em 1999 lançou a revista Bundas", uma publicação de humor sobre o cotidiano que faz uma brincadeira com a revista Caras, esta voltada para o dia a dia de festas e ostentação da elite brasileira. Ziraldo foi também o fundador da revista "A Palavra" em 1999.[15][16]
Ilustrações de Ziraldo já figuraram em publicações internacionais como as revistas "Private Eye" da Inglaterra, "Plexus" da França e "Mad", dos Estados Unidos.[17][18]
A partir do ano de 2000, participou da "Oficina do Texto", maior iniciativa de coautoria de livros do Mundo, criada por Samuel Ferrari Lago, então diretor do Portal Educacional, na qual ilustrou histórias que ganharam textos de alunos de escolas do Brasil todo, totalizando aproximadamente 1 milhão de diferentes obras editadas em coautoria com igual número de crianças.[19][20]
Ziraldo foi homenageado por escolas de samba e afirmou que essa é a maior homenagem que um brasileiro pode receber. No carnaval de São Paulo, foi a Nenê de Vila Matilde em 2003 que celebrou a trajetória do artista. Na Sapucaí, Ziraldo foi enredo da Tradição em 2012.[21]
No dia 3 de outubro de 2016 recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais em cerimônia presidida pelo reitor Jaime Arturo Ramírez no auditório da reitoria da universidade.[22]
O cartunista foi casado com Vilma Gontijo Alves Pinto de 1958 até a morte dela em 2000, quando aos 66 anos ela sofreu um infarto enquanto dormia.[23] Ziraldo casou-se novamente, dessa vez com Márcia Martins da Silva.[24][25]
Ziraldo foi fumante durante 40 anos, mas conseguiu abandonar o vício.[26]
Em 2013, Ziraldo concedeu entrevista para o Museu da Pessoa, na qual comentou sobre a sua vida, principalmente sobre a sua infância. Descobriu que tinha tino para o humor ainda muito novo em meio a uma epidemia de esquistossomose, em Caratinga, onde nasceu.[27]
Segundo vizinhos, Ziraldo tinha o hábito de, de vez em quando, descer para o térreo do seu prédio durante a madrugada assobiando, o que eles entendiam como sendo um sinal de que ele iria criar algo novo.[28]
Ziraldo era uma figura pública ligada à esquerda. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) juntamente com amigos como o arquiteto Oscar Niemeyer.[29] Após o fim da Ditadura, em 1989, o grupo liderado por Roberto Freire no PCB transferiu a estrutura partidária para uma nova legenda, o Partido Popular Socialista (PPS), como forma de enfrentar o desgaste com a experiência socialista soviética e a queda do muro de Berlim.[30][31]
Em 2005, o cartunista filiou-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), para o qual desenhou o logo partidário.[32][33] No ano seguinte, apoiou no primeiro turno a candidata Heloísa Helena para a presidência da República, e ao segundo turno fez apoio para reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).[34]
No ano de 2010, participou de atos em prol da eleição de Dilma Rousseff (PT) para o cargo de Presidente da República.[35][36] Em 2014, apoiou novamente a candidatura de Dilma para reeleição.[37] Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Ziraldo posicionou-se de maneira contrária ao processo, participando de comícios e fazendo elogios à presidente.[38][39] Em 2018, também declarou voto ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.[40] Nas eleições de 2022, apoiou a candidatura vitoriosa de Lula (PT).[41]
Em 5 de abril de 2008, Ziraldo — juntamente com mais vinte jornalistas que foram perseguidos durante a ditadura militar brasileira — teve seu processo de anistia aprovado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e foi indenizado em mais de 1 milhão de reais, além de receber uma pensão vitalícia de cerca de 4,3 mil reais.[42] Ele e o cartunista Jaguar receberam as maiores indenizações.[43] À época, Ziraldo afirmou que "o Brasil lhe devia" a indenização declarando:[42]
Eu quero que morra quem está me criticando. Porque é tudo cagão e não botou o dedo na seringa. Enquanto eu estava xingando o Figueiredo e fazendo charge contra todo mundo, eles estavam servindo à ditadura e tomando cafezinho com o Golbery. Então, qualquer crítica que se fizer em relação ao que está acontecendo conosco eu estou me lixando.
O episódio foi comentado por seu antigo colega Millôr Fernandes, que se negou a exigir indenização, questionando: "Quer dizer que aquilo não era ideologia, era investimento?".[44]
Em 2013, durante uma viagem a Alemanha, Ziraldo teve um infarto leve, necessitando fazer um cateterismo.[45][46] Em 2018, sofreu um AVC e chegou a ficar internado em estado grave.[47][48][49] Nos quatro anos seguintes, sofreu outros dois AVCs, o que o fez ficar com a saúde debilitada. Por causa disso, passou a aparecer em público em poucas ocasiões.[50][51] Nos últimos meses, Ziraldo passava a maior parte do tempo acamado e se alimentando por sonda.[28]
Na tarde do dia 6 de abril de 2024, em torno das 15h, aos 91 anos, Ziraldo morreu em sua casa enquanto dormia, segundo a sua família.[52][53] O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Ziraldo e afirmou que "O Brasil perdeu neste sábado, 6/4, um de seus maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país".[54] Várias instituições prestaram homenagens ao cartunista, como os clubes de futebol Flamengo, Atlético Mineiro e Corinthians.[55] Mais tarde, no mesmo dia, uma de suas filhas revelou que a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.[56] No dia seguinte, o corpo de Ziraldo foi velado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e sepultado no Cemitério de São João Batista.[57][58]
Em 31 de março de 2011, Ziraldo, seu irmão Zélio Alves Pinto e mais 9 pessoas foram condenados por improbidade administrativa na realização, em 2003, do primeiro Festival Internacional do Humor Gráfico das Cataratas do Iguaçu (Festhumor) e no “Fantur - Iguaçu dê uma volta por aqui”, em ação movida em 2006 pelo Ministério Público Federal. A ação relata que o dinheiro público municipal e federal foi mal utilizado porque, segundo a sentença, para o primeiro Festhumor, houve contratações sem licitação e pagamentos em duplicidade, que corresponde a remuneração dupla pelo serviço prestado uma vez. O processo relata ainda desvio de verba no Fantur, que foi uma ação promovida pela Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu para levar jornalistas e cartunistas para cidade, com todas as despesas custeadas pela prefeitura. Além disso, Ziraldo registrou indevidamente a marca do festival em seu nome no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), contrariando o edital (que previa a cessão perpétua do desenho), e caracterizando assim a intenção de utilizar a marca comercialmente. Em 24 de novembro de 2011, a pena de Ziraldo foi fixada em dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de multa de cerca de 87,3 mil reais. O juiz substituiu a prisão por prestação de serviço à comunidade ou entidades públicas, e o pagamento de um salário-mínimo mensal pelo mesmo período da pena. Ziraldo e os demais réus podem recorrer da decisão.[59]
Em uma entrevista concedida ao site Hoje em Dia em maio de 2015, Ziraldo criticou a TV Globo por abordar relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo na telenovela Babilônia. "A Fernanda Montenegro não tem direito de fazer apologia do afeto homossexual. Grandes fãs dela estão estarrecidos com isso. E mesmo que ela estivesse pensando em ajudar as mães dos homossexuais... Mas qual é a porcentagem de mães de homossexuais?", afirmou. Ele ainda fez uma comparação com a obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, ao alegar que o escritor "não teve coragem de fazer Riobaldo assumir a homossexualidade dele" e que "inventou que Diadorim era uma mulher vestida de homem", concluindo que manter a sexualidade dos homossexuais escondida seria "uma coisa mineira", já que "aceitar a homossexualidade em Ipanema é uma coisa, aceitar a homossexualidade em Caratinga é outra".[60][61][62]
Ano | Premiação | Categoria | Trabalho de Destaque | Resultado |
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1969 | Nobel Internacional do Humor | Venceu | ||
Prêmio Merghantealler | Venceu | |||
1980 | Prêmio Jabuti de Literatura | Infantil | O Menino Maluquinho | Venceu |
2004 | Premio Andersen - Il mondo dell'infanzia[63][64] | Miglior libro mai premiato[63] | Flicts, Editori Riuniti | Venceu |
2005 | Ordem do Mérito Cultural | Agraciamento anual | Venceu | |
2008 | Prêmio Ibero-Americano de Humor Gráfico | Venceu | ||
2012 | Prêmio Jabuti de Literatura | Infantil | Os Meninos do Espaço | Indicado |