Babalorixá

Babalorixá ou babaloxá, também conhecido como pai de santo, pai de terreiro, ou babá, é o sacerdote das religiões afro-brasileiras.[1] Seu equivalente feminino é a ialorixá ou mãe de santo.[2]

Bàbálórìsà palavra de origem iorubá formada pela junção de Bàbá+lo+Òrisà. Com o aportuguesamento tornou-se "Babalorixá" e "babaloxá", ("baba" + lo (de) + "orixá").[3] "Babá" é oriundo também do termo baba, "pai".[3]

Um babalorixá do candomblé pode ser chamado de pai de santo, porém, pais de santo de outras religiões afro-brasileiras não podem ser chamados de babalorixá por não ter cumprido todas obrigações requeridas para se ter esse título.

Nem toda pessoa iniciada será um sacerdote com casa aberta, uma vez que isso será determinado por seu orixá na obrigação de sete anos (Oduijé), quando receberá o título e direitos de independência do seu babalorixá. No caso de o orixá não querer uma casa aberta, na hora da entrega dos direitos ele coloca isso aos pés do seu babalorixá e a pessoa não precisará abrir uma casa, podendo permanecer na casa onde foi iniciado como ebomi.

Na sua função sacerdotal, o babalorixá faz consultas aos orixás através do jogo de búzios, uma vez que, no Brasil, não há o hábito de se consultar o babalaô, chefe supremo do jogo de Ifá. Isso se deve à ausência da figura do mesmo na tradição afro-brasileira, desde a morte de Martiniano do Bonfim, segundo os mais antigos ocorrida por volta de 1943. Desde então, o professor Agenor Miranda era convocado para escolher a mãe de santo nos grandes terreiros baianos, mas, agora, com os avanços tecnológicos e com a imigração voluntária de africanos para o Brasil, ouve-se falar de novos babalaôs na tradição brasileira, donde a necessidade de diferenciar ifá de merindilogum e jogo de búzios.

Na sua função administrativa, é o responsável maior por tudo o que acontece na casa: a quantidade de filhos de santo, a de pessoas para serem atendidas etc. Nela, ninguém faz nada sem a sua prévia autorização. Conta com a ajuda de muitas pessoas para a administração da mesma, cada uma com uma função específica na hierarquia, embora todos os auxiliares conheçam de tudo para atender a qualquer eventualidade.

Nas casas menores de candomblé, o babalorixá, além da função sacerdotal, acumula diversas outras funções, devendo ser conhecedor das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas; em caso de rituais ligados aos egunguns, ou se especializa, ou consulta um ojé quando necessário. Quando a casa ainda não tem um ogã confirmado, ele mesmo faz os sacrifícios; quando a casa ainda não tem alabê, normalmente o babalorixá convida alabês das casas irmãs para tocar o candomblé; na ausência da iabassê ou equede, ele mesmo faz as comidas dos orixás, costura as roupas das iaô, faz as compras e outras tarefas do dia a dia.

O candomblé pode ser considerado uma religião brasileira com origem em diversos sistemas mítico-religiosos de origem africana. Nessa perspectiva, corresponde simultaneamente a um sistema etnomédico ou "medicina tradicional de matriz africana" que vem sendo mantido (e recentemente reconstruído a partir das demandas pelo revival das medicinas tradicionais) a partir da sua origem nas culturas iorubá, banta, entre outras. A função do babalorixá, nesse caso, ganha destaque especial por sua relação com Obaluaiê ou com a referida prática de colher as folhas sagradas atribuídas, segundo Roger Bastide, ao babalossaim dedicado ao culto de Oçânhim.

O babalorixá ou ialorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.

Toda casa de Xangô do Nordeste, também conhecido como Xangô do Recife, Xangô de Pernambuco ou Nagô-ebá, é dirigida por um babalorixá juntamente com uma ialorixá, diferentemente dos candomblés tradicionais da Bahia, onde, em algumas casas, apenas as mulheres podem assumir o cargo de líder, e, em outras, apenas um dos dois será o escolhido para assumir a liderança.

O babalorixá Artur Rosendo Pereira foi quem introduziu o Xambá em Pernambuco no início de 1920, fugindo das perseguições ao culto em Alagoas[4]

A iniciação na umbanda é diferente da iniciação no candomblé, e o iniciado na umbanda não passa pelos mesmos preceitos que o iniciado no candomblé.

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 247.
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 063.
  3. a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 214.
  4. Nossa história, Edições 6-10 Biblioteca Nacional, 2004
  • BASTIDE, ROGER - O Candomblé na Bahia: rito nagô. SP Companhia das Letras, 2001.
  • MANDARINO, A.C.S.; GOMBERG, E. - O rei vem comer: representações terapêuticas sobre saúde/doença em um ritual de candomblé. in: CAROSO, CARLOS. (org.) Cultura, tecnologias em saúde e medicina. Perspectiva antropológica. Ba, EDUFBA, 2008

Ligações externas

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