Bando da Lua

Bando da Lua
Bando da Lua
O Bando da Lua em 1934.
Informação geral
Origem Rio de Janeiro
País Brasil
Gênero(s) Samba
Período em atividade 1929-1955
Gravadora(s) Brunswick
Odeon
Victor
Columbia
Polydor
Integrantes Aloysio de Oliveira
Lulu
Harry Vasco de Almeida
Russinho
Ex-integrantes Hélio Jordão Pereira
Vadeco
Ivo Astolfi
Afonso Osório
Armando Osório
Stênio Osório
Zé Carioca
Garoto
Nestor Amaral

O Bando da Lua foi um conjunto vocal e instrumental brasileiro,[1] primeiro no país a harmonizar as vozes de acordo com a moda na época nos Estados Unidos e, com isto, criou uma mania nacional.

Carmen Miranda com o Bando da Lua nas gravações do filme Springtime in the Rockies, de 1942.

Formado no final da década de 1920 e início da década de 1930, o grupo se reuniu pela primeira vez como parte do Bloco do Bimbo, conhecido pelos banhos de mar à fantasia na Praia do Flamengo e pelos bailes de carnaval. Em 1929, após sugestão de Josué de Barros (1888-1959), o grupo foi reduzido a sete integrantes e passou a se chamar Bando da Lua.[2] Era composto inicialmente por Aloysio de Oliveira (violão e vocal), Hélio Jordão Pereira (violão), Osvaldo Éboli, o Vadeco (pandeiro), Ivo Astolphi (violão tenor e banjo) e pelos irmãos Afonso (ritmo e flauta), Stênio (cavaquinho) e Armando Osório (violão).[3] Este último veio a se desligar do grupo em 1934.[4] Após sugestão de Josué de Barros (1888-1959), o grupo foi reduzido a sete integrantes e passou a se chamar Bando da Lua.

Em 1931, o grupo gravou seu primeiro disco pela Brunswick, incluindo os sambas “Que Tal a Vida?” e “Tá de Mona”, de Mazinho e Maércio Azevedo. Em seguida, lançaram a marcha “Opa... Opa...” (1932) e os sambas “Imaginem Só” (1933) e “Abandona o Preconceito” (1934), de Maércio Azevedo e Francisco Mattoso. Também lançaram a marcha “A Hora É Boa” (1934), uma parceria entre Aloysio e Mazinho. Apresentaram-se no programa Casé, na Rádio Sociedade, e, em 1933, assinaram contrato com a Rádio Mayrink Veiga.[5] Durante esse período, profissionalizaram-se, investindo no próprio conjunto: encomendaram instrumentos personalizados, elaboraram figurinos, alugaram um apartamento no centro do Rio de Janeiro, que funcionou como sede, e dividiram funções administrativas e artísticas.

Em 1934, o grupo viajou a Buenos Aires acompanhando a cantora Carmen Miranda, realizando seis temporadas na cidade, além de shows no Chile e no Uruguai.[6] Ao final da turnê, Armando Osório deixou o grupo. Durante esse período, gravaram as marchas “Não Resta a Menor Dúvida” (1936), de Noel Rosa e Hervé Cordovil, e “Bis” (1934), de Lamartine Babo e Assis Valente. Também registraram sambas de Assis Valente, como “Mangueira” (1935), em parceria com Zequinha Reis, “Maria Boa” (1936), “Que é Que Maria Tem” (1938), “Bola Preta” (1937) e “Deixa o Passado” (1937). Além disso, gravaram “Lalá” (1935), uma marchinha de Braguinha e Alberto Ribeiro (1902-1971); o samba “Saudades do Meu Barracão” (1937), de Ataulfo Alves (1909-1969); as marchas “Menina das Lojas” (1937), de Lamartine Babo, e “Pegando Fogo” (1938), de José Maria de Abreu; e o “Samba da Minha Terra” (1940), de Dorival Caymmi.[7] O grupo também atuou nos filmes Estudantes (1935), Alô Alô Carnaval (1936) e Banana da Terra (1939).

O grupo se apresentou com Carmen Miranda no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e durante sua estreia nos Estados Unidos, em 1939, na revista Streets of Paris, de Lee Shubert.[8] Ivo Astolfi decidiu retornar ao Brasil e se desligou do grupo, sendo substituído pelo multi-instrumentista Garoto (1915-1955)[9] e, posteriormente, por Nestor Amaral (1913-1962).[10] O repertório da formação incluía a marcha “Mamãe Eu Quero”, de Vicente de Paiva e Jararaca; a embolada “Bambo-Bambu”, de Patrício Teixeira e Donga; e “South American Way”, adaptada para se tornar um samba. O grupo também participou ao lado de Carmen Miranda do filme Down Argentine Way (1940).[11]

Em 1942, Hélio Jordão deixou o conjunto e, dois anos depois, Vadeco retornou ao Brasil, marcando o fim da formação original do Bando da Lua, a mesma que participou dos primeiros oito filmes de Carmen Miranda nos Estados Unidos.

O grupo foi retomado em 1949, com Aloysio de Oliveira e ex-integrantes dos Anjos do Inferno: Aluísio Ferreira (Lulu) no violão, Harry Vasco de Almeida (pistão nasal e ritmo) e José Soares (Russinho do Pandeiro).[12] Aloysio de Oliveira considerava essa fase como o momento em que o conjunto conquistou autonomia em relação a Carmen Miranda, além de uma maior profissionalização. Nesse período, gravaram quatro músicas com Bing Crosby pela Decca Records: “Copacabana”, “Quizas Quizas”, “Maria Bonita” e “Granada”.

Com a morte de Carmen Miranda, em 1955, o Bando chegou ao fim. Entre seus integrantes, destacam-se Vadeco, da formação original, que construiu uma carreira bem-sucedida como diretor e produtor no rádio e na TV, e Aloysio de Oliveira, que se tornou um renomado produtor musical e compositor. Aloysio é conhecido por suas parcerias com Tom Jobim em clássicos como “Dindi” (1959) e “Só Tinha de Ser com Você” (1964).[13] No início dos anos 1960, Aloysio lançou a gravadora Elenco, pelo qual revelou importantes compositores e intérpretes da música brasileira. Nos anos 1970, foram lançadas duas coletâneas com gravações realizadas entre 1939 e 1945: Bando da Lua nos E.U.A. (1974) e Aurora e Carmen Miranda e o Bando da Lua (1975).

Controvérsia

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O gaúcho Bob Lester apresentava-se como um membro do Bando da Lua, mas segundo avalia o biógrafo de Carmen Miranda, o jornalista Ruy Castro, não há o menor vestígio de que ele tenha trabalhado com Carmen ou com o conjunto.[14]

Referências

  1. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (n.d.). «Bando da Lua - Dados artísticos». sítio oficial. Consultado em 2 de Dezembro de 2012 
  2. Enciclopédia Itaú Cultural. «Bando da Lua». Consultado em 18 de outubro de 2024 
  3. Blog do Milton Parron. «Bando de brasucas invade os EUA». Consultado em 18 de outubro de 2024 
  4. TL da Costa. «Carnaval e música carnavalesca em Belém do Pará» (PDF). Dialnet. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  5. «Aloysio de Oliveira e Seu Bando da Lua». Músicas do Nordeste. 18 de junho de 2018. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  6. «Linha do Tempo - Carmen Miranda». carmenmiranda.com.br. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  7. Martha Tupinamba de Ulhoa, ‎Cláudia Azevedo, ‎Felipe Trotta (5 de dezembro de 2014). «Made in Brazil: Studies in Popular Music». Taylor & Francis. ISBN 9781135954857. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  8. «Relato da estréia de Carmen Miranda em Nova York é de arrepiar; leia». Folha de S. Paulo. 6 de março de 2009. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  9. «o estilo composicional de Annibal Augusto Sardinha». Sesc São Paulo. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  10. «O palco do Cine República». O Atibaiense. 4 de julho de 2024. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  11. «A imagem de Carmen Miranda como representação da brasilidade: questionamentos e interpretações a partir de seus filmes na Boa Vizinhança». ModaPalavra e-periódico. 16 de maio de 2019. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  12. Ruy Castro (28 de junho de 2020). «O último músico de Carmen». Folha de São Paulo. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  13. MS Maximiano (2019). «O Brasil de Tom Jobim na voz de Frank Sinatra» (PDF). Universidade Federal de Juiz de Fora. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  14. Morre Bob Lester, sapateador que foi para os EUA com Carmen Miranda. O Globo. Consultado em 18 de outubro de 2024

Ligações externas

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