Bernat Metge (1340-1413) | |
---|---|
O Sonho, publicado pela primeira vez entre 7 de Dezembro de 1398 e 28 de Abril de 1399 | |
Nascimento | 1340 Barcelona |
Morte | 28 de junho de 1413 Barcelona |
Cidadania | Principado da Catalunha |
Ocupação | escritor, tradutor, poeta |
Obras destacadas | Lo somni |
Bernat Metge (Barcelona, 1340 - Barcelona, entre 27 de fevereiro e 28 de junho de 1413), foi um humanista, chanceler, tradutor e poeta catalão, foi também introdutor do estilo renascentista na literatura catalã e detentor de um estilo preciso, elegante e claro, sendo a sua obra mais famosa O Sonho publicada em 1399.
Bernard Metge nasceu em Barcelona e era filho de Guillem Metge, uma espécie de boticário associado à familia real de Aragão e que morreu por volta de 1359. Seu pai lhe transmitiu os primeiro conhecimentos de filosofia natural mostrados mais tarde num poema com imitação burlesca chamado Medicina apropriada a todo mau (1396) e em alguns comentários de O Sonho. A profissão do padrasto, Ferrer Saiol, também influencia a sua formação intelectual, porque, além de escrivão e protonotário da rainha Eleonor de Prades[1], foi também tradutor para o catalão da obra De re rustica, um tratado de ciência agrária publicado por Paládio Rutílio[2], fato esse que impulsionou a carreira profissional de Bernat Metge para a chancelaria.
Assim, seguindo o caminho do padrasto, Bernat Metge, em 16 de dezembro de 1370 se torna notário, e desde muito jovem esteve ligado à chancelaria dos Aragão, graças ao alto cargo ocupado pelo seu padrasto, Ferrer Saiol. Foi chanceler da rainha Leonor da Sicília[1], esposa de Pedro IV de Aragão de 15 de Abril de 1371 a 20 de Abril de 1375. Em 1375, por ocasião da morte da rainha, passou a trabalhar como escrivão para o futuro rei João I e de sua esposa Violante de Bar (1365-1431)[3], que lhe tinham muito afeto e o obsequiaram com numerosos favores, porém, durante esse período esteve envolvido em acusações de corrupção relativos à sua gestão. Em 1381 publicou Llibre de Fortuna e Prudència (Livro da Fortuna e da Sabedoria), poema alegórico em que discute a questão da Providência Divina ao mais puro estilo da tradição medieval, baseado na obra De consolatione philosophiae[4] de Boécio (480-524).
Fez também a tradução do relato de Valter e Griselda, última das novelas do Decameron, porém, não o fez a partir do original italiano de Bocaccio, mas através da tradução latina de Petrarca (el Griseldis). A importância da tradução de Metge se deve, além da sua elegante prosa, à carta introdutória que acompanha o relato, pois que representa a primeira amostra de admiração por Petrarca que se conhece na Espanha. Em 2 de Maio de 1379 casa-se com Eulàlia Vivó († Outubro 1390) com quem teve um filho. Depois do falecimento da primeira esposa casa-se em segunda núpcias com Eulàlia Formós, com quem teve pelo menos quatro filhos. Durante a década de 1390 ocupou uma posição muito delicada: a de administrar os dízimos que o Papa Clemente VII havia outorgado a João I em 1392, como benefício por ele ter conquistado e pacificado a Ilha de Sardenha.
Sua obra de maior prestígio foi O Sonho (El sueño), redigido em 1399, de onde lhe ressurge a figura de João I no purgatório. Esta obra foi escrita no cárcere, depois que o escritor caiu em desgraça e foi encarcerado pela nova rainha María de Luna (1358-1406)[5] e pelos novos colaboradores do falecido João. A obra lhe permitiu recuperar os favores reais e seu posto junto à chancelaria.
Sabe-se também que foi autor de uma tradução do poema latino De vetula, atribuído a Ovídio, e de dois poemas satíricos e humorísticos escritos na prisão. Porém, estas obras não foram conservadas.
Lista de humanistas do Renascimento