Foi um dos fundadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra em 1973, onde veio a criar o curso de sociologia. Em meados da década de 1980, começou a assumir estruturalmente o papel de um investigador para quem a compreensão do mundo é muito mais ampla que a compreensão ocidental do mundo. Fez investigação no Brasil, em Cabo Verde, em Macau, em Moçambique, na África do Sul, na Colômbia, na Bolívia, no Equador e na Índia. Viaja por múltiplos lugares, dando aulas e palestras e alargando o seu leque de experiências de aprendizagem. Foi um dos principais impulsionadores do Fórum Social Mundial. O espírito que envolve o Fórum é fundamental nos seus estudos da globalização contra-hegemónica, mas também na promoção da luta pela justiça cognitiva global que subjaz ao seu conceito de Epistemologias do Sul.
Dos seus conceitos fundamentais, destacam-se a sociologia das ausências, a sociologia das emergências, a ecologia de saberes, a linha abissal, o pensamento pós-abissal, o epistemicídio, a interlegalidade, o Estado heterogéneo, a razão indolente, a razão metonímica e o fascismo social.
Também é poeta, autor do livro Escrita INKZ: antimanifesto para uma arte incapaz.
Participou da coordenação científica dos seguintes Programas de Doutoramento do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra:
- Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI;
- Democracia no Século XXI;
- Pós-Colonialismos e Cidadania Global.
Assumiu publicamente que sempre votou no Bloco de Esquerda e que, até fevereiro de 2022, só faltou uma vez nas várias eleições que houve em Portugal desde que esse partido existe[11].
Separar controvérsias numa se(c)ção específica pode não ser a melhor maneira de se estruturar um artigo, especialmente se este for sobre uma pessoa viva, pois pode gerar peso indevido para pontos de vista negativos. Se possível, integre o conteúdo ao corpo do texto.
Em 2023, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, 82 anos, diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES), unidade de investigação em sociologia da Universidade de Coimbra, foi implicado num artigo sobre suspeitas de assédio sexual e moral. Os alegados casos foram denunciados numa publicação de três antigas investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES). As investigadoras Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya Tom – uma belga, uma portuguesa e uma americana – são as autoras do capítulo: “As paredes falaram quando mais ninguém o fez", que faz parte do livro Sexual Misconduct in Academia[12] - no qual, apesar de não revelarem nomes, falam de um caso que teve como figura central um “Professor Estrela”, que passou a relacionar-se com Boaventura de Sousa Santos[13], fundador e diretor, até 2019, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Para além do Professor Estrela, o capítulo identificou outras figuras com comportamentos abusivos, nomeadamente o “Aprendiz”, que se refere a Bruno de Sena Martins, e a “Sentinela”, Maria Paula Meneses, que assumiram verem-se representados na descrição feita no artigo.[14]
Contactado pelo Diário de Notícias, Boaventura de Sousa Santos reconheceu-se na descrição das antigas alunas, mas negou todas as acusações de má conduta e afirmou nunca ter conhecido duas das co-autoras, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya Tom. Sousa Santos afirmou reconhecer a autora principal, Lieselotte Viaene (antropóloga belga com doutoramento em direito pela Universidade de Ghent, 2011; professora no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Carlos III de Madrid, cujo primeiro grau académico foi em criminologia) com quem teve duas sessões no âmbito de um processo disciplinar iniciado pelo Diretor Executivo do CES enquanto lá esteve. Este processo disciplinar não chegou a ser concluído, pois o contrato de Liselotte terminou em 2018 e o CES decidiu não o renovar, uma medida totalmente excecional. Apesar disso, quando ela quis candidatar-se ao Conselho Europeu de Investigação com um novo projecto, pediu que o CES fosse a instituição de acolhimento. Devido à quebra de confiança resultante do seu anterior comportamento irregular, tal pedido foi-lhe recusado. Boaventura de Sousa Santos aponta este caso como a principal motivação para as acusações. [15]
A ativista indígena de esquerda argentina Moira Ivana Millán já tinha relatado a um programa de rádio argentino um episódio de assédio de que alegadamente foi alvo em Coimbra, Portugal, em 2010, por parte do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, acusando-o de má conduta moral e sexual. Em resposta a estas acusações, Boaventura de Sousa Santos divulgou uma série de provas, incluindo e-mails com Moira Millán, antes e depois da sua visita ao CES. [16][17]Ao mesmo tempo, colocou-se à disposição para qualquer investigação que viesse a ser aberta e instando, em várias ocasiões, à criação de uma comissão independente para esclarecer os factos o mais rapidamente possível [18]. Em abril de 2023, Boaventura decidiu auto-suspender-se das suas funções no CES para facilitar as investigações.[19]
Boaventura de Sousa Santos também escreveu um artigo de opinião publicado por vários meios de comunicação social, sublinhando a sua luta constante pela igualdade ao longo da sua carreira e manifestando, mais uma vez, a sua disponibilidade para colaborar com qualquer investigação que permita esclarecer os factos.[20]
Entretanto, mais de 80 personalidades de renome, investigadores, professores e académicos, como o Prémio da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, Universidad de Buenos Aires; Alice Kessler-Harris, Emerita Professor of Columbia University (EUA); Carlos Giménez Romero, Profesor Emérito, Universidad Autónoma de Madrid; Chantal Mouffe, Emerita Professor of Westminster University, UK; Etienne Ballibar, filósofo marxista francês; Helder Macedo, Professor Emérito de Português, King’s College London; Isabel Allegro de Magalhães, Professora Emérita de Literatura Comparada, Universidade Nova de Lisboa; Mary Layoun, Emerita Professor of Comparative Literature, University of Wisconsin-Madison; Nancy Armstrong, Gilbert, Louis, and Edward Lehrman Distinguished Professor Emerita, Duke University; Ruy Braga, Professor do Departamento de Sociologia da Universidad de São Paulo; e muitos mais, assinaram um manifesto de apoio em defesa de Boaventura de Sousa Santos, que, segundo eles, "está a sofrer uma campanha de difamação baseada em acusações não provadas".
Para além disso, houve quem, no seio da Academia, criticasse o teor do próprio artigo de uma perspectiva científica. Um exemplo é o de Ángeles Castaño e Elodia Hernández, professoras da Universidade de Sevilha e da Universidade Pablo Olavide, também promotoras da Rede Ibérica de Epistemologias do Sul, que escreveram um artigo de opinião em abril no qual questionavam as acusações existentes e descreviam o texto como não cumprindo qualquer metodologia etnográfica, descrevendo a justificação metodológica como uma farsa e concluindo que tais acusações apenas ajudam a descredibilizar a Academia.
Outro exemplo é o do economista equatoriano e doutorado em Economia pela Universidade de Grenoble-Alpes, Pablo Dávalos, que questiona a análise das três autoras num artigo de opinião intitulado “O caso de Boaventura de Sousa Santos: uma vingança pública que precisa de ser desconstruída”.
Há tambén o artigo de Daniel Nina[21], doutor em Filosofia do Direito e Teoria Social, mestre em Direito Internacional e Comparado e professor nas universidades de Puerto Rico Aguadilla e na Universidade Privada de Santa Cruz, na Bolívia, no qual descreve as acusações recebidas pelo Professor Boaventura de Sousa Santos como um exemplo de "lawfare", qualificando-a como uma "acusação infundada" com um único efeito: "tornar invisível a voz, a presença e o intelecto de Boaventura de Sousa Santos". [22]
Por seu lado, Luis Nassif, jornalista brasileiro, analisa o caso e manifesta também o seu apoio a Boaventura de Sousa Santos no seu artigo “Boaventura e os justiceiros da legalidade”.
Na sequência da publicação do capítulo acima mencionado e da negação apressada das acusações, não só por Boaventura, mas por académicos desconhedores das dinâmicas laborais nas equipas do professor catedrático denuncinado, foi criado um coletivo de vítimas de assédio sexual e moral em equipas de trabalho de Boaventura Sousa Santos. Esse coletivo, composto por ex-estudantes de doutoramento, investigadoras e docentes que trabalharam em equipas de Boaventura, começou por redigir uma carta aberta intitulada "Não é difamação, nem é vingança. Sempre foi assédio!"[23], à qual se seguiram outras [24]. Em março de 2024, uma investigação de uma comissão independente sobre as acusações concluiu existirem indícios de "padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES".[25] No dia da apresentação dos resultados, a atual direção e a atual presidência do conselho científico do CES emitiram uma carta aberta de desculpas às vítimas.[26] Uma vez que a comissão independente tinha o compromisso de assegurar o anonimato das denunciantes e, por essa razão, não teve condições para nomear também os acusados e investigar a fundo casos concretos, as denunciantes sairam do anonimato na sexta carta aberta[27] e numa entrevista em que narram o contexto e alguns episódios concretos da violência que sofreram, referindo ainda os danos graves nas suas vidas profissioanis e pessoais.[28] Uma nova investigação está a decorrer.
A editora Routledge suspendeu a venda do livro “Sexual Misconduct in the Academy”[29] em julho de 2023, afirmando no seu site o seguinte: “Este conteúdo está temporariamente indisponível, pois está a ser revisto”. Este facto é também referido pelo jornal Público no artigo "Disse ‘científico’?” da autoria de Graça Capinha[30]. No início de Setembro, o capítulo das três autoras foi definitivamente eliminado pela Routledge, que mandou recolher todos os livros que ainda não tinham sido vendidos.
"as pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quanto a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quanto a igualdade os descaracteriza"
Santos, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003: 56.
Português:
Esquerdas do mundo, uni-vos! Coimbra: Almedina, 2019 (edição brasileira: São Paulo: Boitempo, 2018).
O fim do império cognitivo. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
Na oficina do sociólogo artesão. Aulas 2011-2016. São Paulo: Editora Cortez, 2018.
Construindo as Epistemologias do Sul. Antologia. Vol II. Buenos Aires: CLACSO, 2018.
Construindo as Epistemologias do Sul. Antologia. Vol I. Buenos Aires: CLACSO, 2018.
O fim do império cognitivo. Coimbra: Almedina, 2018.
Esquerdas do mundo, uni-vos! São Paulo: Boitempo, 2018.
As bifurcações da ordem. Revolução, cidade, campo e indignação. Coimbra: Almedina, 2017.
A difícil democracia. Reinventar as esquerdas. São Paulo: Boitempo, 2016.
As bifurcações da ordem. Revolução, cidade, campo e indignação. São Paulo: Cortez, 2016.
A justiça popular em Cabo Verde. Coimbra: Almedina, 2015 (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2015).
O direito dos oprimidos. Coimbra: Editora Almedina, 2014 (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2014).
A cor do tempo quando foge. Uma história do presente – crônicas 1986-2013. São Paulo: Editora Cortez, 2014.
Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. Coimbra: Editora Almedina, 2013 (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2013).
Pela mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade - 9ª edição, revista e aumentada. Coimbra: Almedina, 2013 (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez (14ª edição, revista e aumentada)).
A cor do tempo quando foge - vol. 2. Crónicas 2001-2011. Coimbra: Almedina, 2012.
Portugal. Ensaio contra a autoflagelação. Coimbra: Almedina, 2011 (edição brasileira: Editora Cortez, 2012, 2ª edição aumentada).
Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Editora Cortez, 2007.
Poderá o direito ser emancipatório? Vitória: Faculdade de Direito e Fundação Boiteux, 2007.
Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.
A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. Porto: Afrontamento, 2006 (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2006 (2ª edição)).
Fórum Social Mundial: Manual de Uso. São Paulo: Cortez Editora, 2005 (edição portuguesa: Porto: Afrontamento, 2005).
A Universidade no Séc. XXI: Para uma Reforma Democrática e Emancipatória da Universidade. São Paulo: Cortez Editora, 2004 (3ª edição).
Democracia e Participação: O Caso do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Porto: Afrontamento, 2002.
A Cor do Tempo Quando Foge. Crónicas 1985-2000. Porto: Afrontamento, 2001.
A Crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício da Experiência. Porto: Afrontamento, 2000 (2ª edição) (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2000 (7ª edição)).
Reinventar a democracia. Lisboa, Gradiva (2ª edição), 1998.
Pela Mão de Alice: O Social e o Político na Pós-Modernidade, Porto: Afrontamento, (8ª edição), 1994. Prémio Pen Club Português (Ensaio) (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 1995 (12ª edição)).
Onze Teses Por Ocasião de Mais Uma Descoberta de Portugal.” Coimbraː Oficina do CES, 1990[31]
Estado e Sociedade em Portugal (1974-1988). Porto: Afrontamento, 1990 (3ª edição).
Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. Porto: Afrontamento, 1989 (6ª edição) (edição brasileira: São Paulo: Graal (3ª edição)).
Um Discurso sobre as Ciências. Porto, Afrontamento, 1988 (15ª edição) (edição brasileira: São Paulo: Editora Cortez, 2003 (7ª edição em 2010)).
Inglês:
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Construyendo las Epistemologías del Sur. Antología. Volumen II. Buenos Aires: CLACSO, 2018.
Construyendo las Epistemologías del Sur. Antología. Volumen I. Buenos Aires: CLACSO, 2018.
(Con Antonio Aguiló) Aprendizajes globales. Descolonizar, desmercantilizar y despatriarcalizar desde epistemologías del Sur. Barcelona: Icaria, 2019.
Izquierdas del mundo, ¡uníos! Barcelona: Icaria, 2018; Bogotá: Siglo del Hombre Editores/Siglo Veintiuno Editores, 2019.
Las bifurcaciones del orden. Revolución, ciudad, campo e indignación. Madrid: Trotta, 2017.
Justicia entre Saberes: Epistemologías del Sur contra el Epistemicidio. Madrid: Ediciones Morata, 2017.
Trece cartas a las izquierdas. Bogotá: Ediciones Desde Abajo, 2017.
Democracia y transformación social. Ciudad de México: Siglo Veintiuno Editores. Também publicado na Colômbia, por Siglo del Hombres Editores, 2017.
La difícil democracia. Una mirada desde la periferia europea. Madrid: Akal, 2016.
La universidad en el siglo XXI. Cidade do México: Siglo XXI Editores, 2016.
Revueltas de indignación y otras conversas. La Paz: OXFAM; CIDES-UMSA; Ministerio de Autonomías, 2015.
Derechos humanos, democracia y desarrollo. Bogotá: Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad, Dejusticia, 2014.
Democracia al borde del caos. Ensayo contra la autoflagelación. Bogotá: Siglo Del Hombre Editores/Siglo XXI Editores, 2014.
Si Dios fuese un activista de los derechos humanos. Madrid: Editorial Trotta, 2014.
De las dualidades a las ecologías. La Paz: REMTE-Red Boliviana de Mujeres Transformando la Economía, 2012.
Para descolonizar el occidente. Más allá del pensamiento abismal. San Cristobal de las Casas, Chiapas: Editorial Cideci Unitierra, 2011.
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Conocer desde el Sur. Para una cultura política emancipatória. Lima: Fondo Editorial de la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad Mayor de San Marcos, 2006; Bolívia: Plural Editores, 2008; Santiago de Chile: Editorial Universidad Bolivariana, 2008.
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La universidad popular del siglo XXI.Para una reforma democrática y emancipatória de la universidad. Buenos Aires: Miño y Dávila, LPP-Laboratorio de Políticas Públicas, 2005; Cidade de México: Universidad Nacional Autónoma de México, Centro de Investigaciones Interdisciplinares en Ciencias y Humanidades, 2005; Lima: Fondo Editorial de la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad Mayor de San Marcos, 2006; La Paz: Plural Editores, 2007; Montevideo: Ediciones Trilce, 2010.
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La globalización del derecho: los nuevos caminos de la regulación y la emancipación. Bogotá: ILSA, Ediciones Universidad Nacional de Colombia, 1998.
Estado, Derecho y Luchas Sociales. Bogotá: ILSA, 1991.
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Épistémologies du Sud. Mouvements citoyens et polémique sur la science. Paris: Desclée de Brouwer, 2016.
Vers un Nouveau Sens Commun Juridique. Droit, Science et Politique dans la Transition Paradigmatique. Paris: Librairie Général de Droit et Jurisprudence, 2004.
Italiano:
Sinistre di tutto il mondo unitevi! Roma: Castelvecchi, 2019.
Diritto ed emancipazione sociale. Troina: Ed. Città Aperta Edizioni, 2008.
Il Forum Sociale Mondiale: Verso una globalizzazione antiegemonica. Troina: EdCittà Aperta Edizioni, 2003.