Brancos honorários

Baixo a presidência de Hendrik Verwoerd implementou-se o título.

Brancos honorários foi um termo jurídico que esteve institucionalizado desde 1961 pelo regime de apartheid da África do Sul, para conceder quase todos os direitos e mordomias dos brancos aos estrangeiros que não eram brancos.

Arthur Ashe negou-se a receber dito qualificativo.

Isto se aplicou caso por caso para seleccionar indivíduos (por exemplo: presidentes latinoamericanos) mas também a grupos de pessoas, em maior medida aos asiáticos do este que tiveram relações comerciais, empresariais e políticas com os sul-africanos. Isto sucedeu devido a um pacto de comércio realizado entre África do Sul e Japão na abertura das relações internacionais, pela proclamação da república nesse ano, quando Tóquio Yawata Aço & de Ferro Cía. adquiriu 5 milhões de toneladas de ferro de porco sul-africano por um valor a mais de $250 milhões, sobre um prazo de 10 anos.[1]

Com um trato tão enorme, o Premiê Hendrik Verwoerd determinou que seria mau visto e desvantajoso submeter aos sócios japoneses às mesmas restrições que tinham outras etnias. Além das delegações de comércio, os cidadãos de Japão e posteriormente outros asiáticos visitaram regularmente África do Sul por turismo.

O instituto foi derrogado com a abolição do regime racista em 1992.

O instituto aplicou-se pela primeira vez em 1961 a todas as pessoas japonesas (que também foram designados arianos honorários pela Alemanha nazista). Em Johannesburgo proclamou-se ceremonialmente que "em vista dos acordos de comércio", as piscinas municipais seriam abertas a todos os hóspedes japoneses.[1]

A decisão outorgou aos japoneses quase todos os mesmos direitos e mordomias de brancos, inclusive residir no país; mas nao o direito de votar. A imprensa mundial questionou que o governo japonês tenha aceitado as mordomias especiais, sendo visto como um apoio ao apartheid.[2]

Ao momento do acordo japonês existia uma comunidade chinesa pequena (aproximadamente 7.000 naquele tempo), quem também eram submetidos ao mesmo trato que os negros. Quando o Time informou do acontecimento na África do Sul, um empresário chinês do Reino Unido disse: "Em todo o caso, somos mais brancos em aspecto que nossos amigos japoneses.""[1]

A inclusão de outros asiáticos do este como brancos honorários (sulcoreanos e especialmente taiwaneses) complicou os assuntos locais como os alvos não podiam distinguir as nacionalidades dos asiáticos.

O conflito resolveu-se em 1984, quando uma reforma da Lei de Áreas de Grupo permitiu que os chineses possam viver em bairros que o governo tinha declarado áreas brancas e utilizar as instalações assim consideradas, como as praias.[3] Desta maneira os chineses foram considerados Brancos honorarios de facto, não sem ser duramente criticado pelos alvos.[4][5]

Coreia do Sul sempre se negou a estabelecer relações diplomáticas com África do Sul devido ao apartheid.[6] Mas quando em 1961 se lhes ofereceu proclamar brancos honorários a seus cidadãos, foi a estratégia do governo sul-africano para conseguir encaixar acordos comerciais; os sulcoreanos aceitaram.

Coreia do Sul manteve laços com África do Sul até 1978, quando devido aos protestos de seus cidadãos na contramão apartheid e a pressão internacional, cortou as relações diplomáticas. Os dois países restabeleceram sua diplomacia recém na presidência de Nelson Mandela.[7]

A inclusão de taiwaneses deveu-se também às importantes relações económicas: em 1979 Taiwan era o quinto sócio comercial maior de África do Sul.[3][8] As relações foram muito fortes como ambos estavam isolados da comunidade internacional.[2]

Bryan Williams estrela dos All Blacks, foi um alvo honorario

Os "Alvos honorarios" quiçá conhecem-se mais pelos dados aos desportistas que visitaram o país:

A forte rivalidade desportiva All Blacks vs. Springboks permitiu que os neozelandeses ingressem ao país com seus jogadores Maoris para a Volta dos All Blacks 1970.[9][10]

Ao tenista estadounidense Arthur Ashe (afroamericano) tentaram inscrevê-lo com Branco honorário na aduana sul-africana, mas ele o recusou e reclamou ser inscrito como homem negro.[11] Anos dantes o escritor guianês E. R. Braithwaite aceitou o título e depois escreveu o livro: Honorary white, a black in the South Africa (Branco honorário: um negro em África do Sul) criticando duramente o governo racista.[12]

Referências

  1. a b c África do Sul: Honorary White, TEMPO, 19 janeiro 1962
  2. a b Afro-Revisão hispânica: Blanco, Honorary Blanco, ou Não-Blanco: Construções de Era do Apartheid de chineses, Dr. Yoon Jung Parque (Univ de Johannesburgo), Primavera 2008
  3. a b «In South Africa, Chinese is the New Black» 
  4. Gerardy. «Chinese have trod murky path as 'non-people'». IOL News. they had to get permission right down to the neighbours 
  5. Ho. «Alan Ho's death stirs hope out of tragedy». The M&G Online. Still, a family that wanted to move into a white suburb had to ask the permission of their neighbours – 10 houses to the front, 10 to the back and 10 on each side of the house they intended to call home. 
  6. Em Busca de uma Vida Melhor: Uma História de Migração coreana a Cidade de Cabo, Kim Mino, Universidade de Cidade de Cabo, página 7
  7. «South Korea-South Africa Relations» (PDF). The Embassy of the Republic of Korea to the Republic of South Africa 
  8. «Premier Sun visits four African countries». Taiwan Review 
  9. Reid. «Bee Gee: I never felt I was an honorary white» 
  10. «Rugby: Once was hatred» 
  11. "Recordando Arthur Ashe" Sociedade de Historiadores de Desportos[1] norte-americanos[1]
  12. Braithwaite, Edward Ricardo. "Honorary white": a visit to South Africa. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-370-10357-0