O Cemitério da Chacarita (em castelhano: Cementerio de la Chacarita), também chamado Cemitério do Oeste (em castelhano: Cementerio del Oeste), é um cemitério localizado em Buenos Aires, Argentina, e com seus 95 hectares o maior da cidade; limitado pelas ruas Guzmán, Jorge Newbery, os trilhos da Ferrovia General San Martín, Garmendia, Del Campo e Elcano.
Em 1871 uma epidemia de febre amarela atingiu a cidade de Buenos Aires, sendo por isto necessário construir novos cemitérios, já que os existentes não tinham vagas suficientes[1] e o el Cementerio del Norte (atualmente Cemitério da Recoleta) havia proibido o enterro dos mortos pela epidemia.
O nome do bairro, refletido no nome ao cemitério, vem do diminutivo chácara ou chacra, palavra quechua que significa "fazenda" ou "quinta". Neste caso foi a chácara do Colégio que a Companhia de Jesus teve na periferia da cidade de Buenos Aires em meados do século XVIII. Por essa razão, era conhecido como "la chacrita" ou "chacarita de los colegiales".
Foi criado o Bonde Funeral, que foi utilizado para chegar ao cemitério, e a chamada Estação Funerária foi inaugurada no cruzamento das ruas Bermejo (atualmente Jean Jaurès) e Avenida Corrientes, onde eram recebidos os caixões.[2]
O cemitério tinha condições mínimas de higiene e, além do grande número de vítimas da epidemia, foram cremados até 564 corpos em um dia e, segundo depoimentos, em um dia morreram 14 funcionários. Mas os odores exalados e a insalubridade incomodavam os vizinhos do bairro. Por essa razão o cemitério foi fechado em 1875, mas continuou funcionando até 9 de dezembro de 1886, quando foi definitivamente fechado.
A partir de 1887 os sepultamentos começaram a se realizar no cemitério Chacarita la Nueva, sendo os cadáveres exumados do antigo cemitério e levados ao ossuário geral do novo cemitério. Em 30 de dezembro de 1896 esse cemitério foi denominado Cemitério do Oeste, mas como ainda era conhecido como Cemitério da Chacarita, um decreto de 5 de março de 1949 o renomeou dessa maneira. A partir de 13 de novembro de 1903 opera no cemitério o crematório da cidade de Buenos Aires.
No Cemitério da Chacarita estão sepultadas diversas personalidades da política, esporte e cultura argentina:
Guillermo Stábile (1905-1966) futebolista, técnico de futebol argentino, goleador do mundial de 1930 e como técnico de futebol da Seleção Argentina o que mais ganhou a Copa América.
Emín Arslán (1868-1943) escritor, jornalista e diplomata nascido no Líbano, fundador e diretor da Revista La Nota e autor de diversos livros em castelhano e em árabe.[3]
Desde julho de 2016 o cemitério perdeu o setor histórico conhecido como ANEXO 22. O governo da cidade (Administração de Horacio Rodriguez Larreta) lançou o projeto para construir uma praça em seu lugar. Para este fim, foram demolidos os nichos históricos do final de 1800 (que estavam dentro e abaixo da muralha histórica que ficava na Av. Elcano) e exumadas centenas de cadáveres que estavam nos 3 hectares onde a praça estava sendo construída. Apesar das reivindicações de organizações culturais, partidos políticos, funcionários do cemitério e vários historiadores, o governo se recusou a publicar os planos do trabalho e descartou as alegações dizendo que este setor do cemitério nunca foi usado, o que é negado por vários registros históricos e de filmes.[5] A nova "Plaza Elcano" ou "Plaza del Horror", como começa a ser chamada, será localizado não só nos restos de centenas de portenhos, mas também ao lado da sala fria do cemitério.[6]
↑«Dictamen IF-2014-07035595-DGAINST». Dictámenes de la Procuración General de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires. 20 de junho de 2014. Consultado em 4 de agosto de 2018
Ángeles de Buenos Aires: historia de los Cementerios de la Chacarita, Alemán y Británico - Omar Lopez Mato y Hernán Santiago Vizzari (ISBN 978-987-1555-18-5).