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Informações pessoais | ||
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Nome completo | Dinis Martins Vital | |
Data de nasc. | 2 de julho de 1932 | |
Local de nasc. | Grândola, ![]() | |
Morto em | 17 de setembro de 2014 (82 anos) | |
Local da morte | Évora, ![]() | |
Apelido | El Tigre de Évora | |
Informações profissionais | ||
Posição | Guarda-redes | |
Clubes de juventude | ||
1949-50 | ![]() | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1950–1951 1951–1966 1966-1970 1970-1971 1971-1974 1974-1975 |
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jogos (golos) |
Seleção nacional | ||
1959 | ![]() |
1 (0) |
Times/clubes que treinou | ||
1970-1971 1971-1974 1975-1976 1979-1981 1981–1982 1982–1983 1983-1984 1984–1985 1985–1986 1987–1989 1989–1990 1990–1992 1992–1993 2000–2002 |
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Dinis Martins Vital (Grândola, 2 de julho de 1932 - Évora, 17 de setembro de 2014) foi um guarda redes internacional português e treinador. Como jogador notabilizou-se sobretudo ao serviço do Lusitano de Évora e do Vitória de Setúbal. Teve ainda uma importante carreira como treinador tendo-se cotado como especialista em subidas à 1.ª Divisão. É ainda hoje o guarda redes com mais jogos disputados no escalão principal português e o quarto jogador em geral, com um total de 442 partidas jogadas ao longo de 18 épocas.[1]
Vital nasceu na vila alentejana de Grândola em 1932, onde jovem aprendeu o ofício de carpintaria[2]. Era irmão de Eduardo Vital, também futebolista e antigo avançado do FC Porto e do SC Braga. Iniciou o seu percurso como jogador nos juniores do Desportivo Grandolense em 1949.[3] No ano seguinte, já está na equipa principal e atrai a atenção de Anselmo Pisa, que o contrata para o Lusitano de Évora como suplente do então titular Manuel Martelo. O clube eborense tinha falhado por pouco a subida à 1.ª divisão na época 1950/51 e preparava um novo ataque ao escalão principal na época seguinte. Os lusitanistas obtiveram a tão ambicionada promoção.[4] Frequentes lesões de Martelo na primeira época da primeira divisão abriram as portas da titularidade a Vital. Foi o inaugurar de 15 anos na baliza dos eborenses, onde se exibiu a grande nível e foi sempre considerado um dos melhores guarda redes do futebol luso.
Com a descida de divisão do Lusitano em 1965/66, Vital transfere-se para o Vitória de Setúbal comandado por Fernando Vaz onde conquista, logo na época de estreia o seu único troféu nacional, a Taça de Portugal em 1966/67, ganha à Académica ao lado de craques como Vítor Baptista ou Jacinto João, naquele que foi o jogo mais longo do futebol português, resolvido apenas em 144 minutos, após dois prolongamentos. É também nesta época que se estreia nas competições europeias a 9 de setembro de 1966, com uma estreia pouco auspiciosa em Turim frente à Juventus (derrota por 3-1)[5]. Na época seguinte estreia-se na Taça das Taças de 1967/68 tendo eliminado a equipa norueguesa do Fredrikstad Fotballklubb mas perdendo nos oitavos de final frente ao detentor do troféu, o Bayern de Munique. Ainda nessa época volta à final da Taça de Portugal mas desta vez o FC Porto impôs-se por 2-1.[6] Na época seguinte vence mais um prestigiado troféu, o Teresa Herrera disputado na Corunha frente aos austríacos do Rapid de Viena. Ainda em 1968/69 volta a disputar as Taça das Cidades com Feira na qual atingiria os quartos de final, eliminando os britânicos do Linfield, os franceses do Lyon e os italianos da Fiorentina (que seriam campeões de Itália poucos meses depois) e caindo apenas aos pés do Newcastle United, vencedores do troféu. No final da época Fernando Vaz seria contratado pelo Sporting e ao Vitória chegaria José Maria Pedroto. Já com 37 anos, Vital faz a sua derradeira época ao mais alto nível, com um brilhante 3.º lugar na liga e mais uma campanha positiva na Taça das Cidades com Feira, onde se destaca a eliminação do Liverpool FC do grande Bill Shankly na 2.º eliminatória, com Vital a titular. [7]
Foi o culminar de um percurso de 18 épocas na Primeira Divisão Nacional. No dia em que se retirou era o jogador com mais jogos alguma vez disputados na história da competição, uma marca apenas suplantada dezassete anos mais tarde, em 1987, quando Manuel Fernandes do Sporting o bateu. É ainda hoje o guarda-redes com mais partidas disputadas.
Em 1970/71 seria emprestado pelo Vitória ao Juventude de Évora na Terceira Divisão onde desempenharia as funções treinador-jogador, tendo-se mudado para o União de Montemor nas três épocas seguintes. Por fim já com 42 anos retirou-se em 1974/75 no Juventude de Évora.
“ (…) Acompanhei o Vital, do Lusitano de Évora, que sulcava a relva com o calcanhar pensativo da bota, para marcar o centro da baliza” – recordou o escritor António Lobo Antunes nas suas Crónicas.[8]
Vital foi chamado à seleção A pelo selecionador José Maria Antunes, tendo disputado um jogo a titular contra a Suíça, em Genebra no Estádio Les Charmilles, a 16 de maio de 1959 (derrota por 4-3). [9]
Jogou ainda um jogo pela seleção B frente à Espanha, no Estádio Nacional do Jamor a 13 de abril de 1958, tendo segurado o empate a zero.[10]
Vital relatou numa entrevista em setembro de 1986 ao jornalista Ribeiro Cristóvão que estava no lote de 3 guarda redes a fazer a qualificação para o Mundial de 1966, juntamente com Américo do FC Porto e José Henrique Pereira do Belenenses. No entanto, segundo o próprio, uma entrevista polémica dada algumas semanas antes do jogo de qualificação contra a Checoslováquia em que disse algumas verdades tidas por inconvenientes levaram ao seu afastamento. Na mesma entrevista lamentou que naquele tempo houvesse sempre uma preferência pelos jogadores dos maiores clubes. [11]
Representou ainda várias vezes a seleção militar.[12]
É o Juventude de Évora que lhe oferece o seu primeiro cargo como treinador em 1970, na qualidade de jogador-treinador. Função que desempenhou ainda no União de Montemor durante três épocas. No anos setenta treinou ainda o Lusitano e o Atlético de Reguengos antes de regressar ao Juventude já nos anos 80. Em 1979/80 pegou nos azuis de Évora, nas últimas duas jornadas da Zona Sul da II Divisão. Na época seguinte comete o feito de quase levar o Juventude à I Divisão pela primeira vez na história. No jogo mais importante da história do Juventude, "aquele domingo de maio de 1981", decisivo para o primeiro lugar, os eborenses podiam garantir a subida direta caso derrotassem o Estoril-Praia por dois ou mais golos de diferença em casa. No entanto, perderam por 1-2, mas ficou reconhecido que o futebol da equipa de Vital era dos mais atrativos do segundo escalão.[13]
Tanto assim foi que o Ginásio de Alcobaça contratou Vital na época seguinte como treinador principal. O grandolense não deixou os seus créditos por mãos alheias já que levou a equipa do oeste pela primeira (e única) vez à I Divisão, tendo chegado igualmente às meias-finais da Taça de Portugal em 1981/82[14].
Ainda assim, Dinis Vital não ficaria em Alcobaça para disputar a I Divisão. Estava na altura de regressar à casa-mãe e tentar devolver o seu Lusitano ao convívio dos grandes. Algo que quase aconteceu, tendo Vital lutado pelo subida de divisão pelo terceiro ano consecutivo. O Lusitano classificar-se-ia em 2.º lugar na II Divisão atrás do Farense, mas na liguilha de acesso disputada contra a Académica, Vizela e Sporting de Espinho, foram os tigres da costa verde a levar a melhor.
Por fim, em 1985/86 seria apresentado no Estádio de São Luís como novo treinador do Farense. Com os algarvios conseguiria mais uma subida à I Divisão.
Teve ainda outras passagens pelos rivais eborenses no final dos anos 80 e início do anos 90 mas retirar-se-ia em 1993 no Grandolense.
O Lusitano, clube do coração, foi ainda romanticamente buscá-lo em 2000/2001 à reforma para tentar evitar a descida da II Divisão B numa época que se revelou financeiramente ruinosa para os lusitanistas.[15]
Dinis Vital faleceu a 17 de setembro de 2014 em Évora, vítima de doença prolongada.[16]
A Associação de Futebol de Évora batizou a sua taça anual, competição a eliminar entre as equipas inscritas nos dois escalões distritais de Évora, com o nome de Taça Dinis Vital, em homenagem aquele que será provavelmente o mais destacado futebolista e treinador alentejano da história e que está ligado a 4 dos maiores clubes do distrito. A primeira edição da Taça Dinis Vital foi disputada na época 2015/2016 e ganha pelo Lusitano de Évora.[17]
Jogador