Fóssil Hemiptera (Fulguroidea) da formação Crato - c. 116 mya. | |
Tipo | Formação geológica |
Unidade do(a) | Grupo Santana |
Litologia | |
Localização | |
Homenagem | Crato, CE |
Coordenadas | 7° 06′ S, 39° 42′ O |
País | Brasil |
Localização da formação na Chapada do Araripe |
A Formação Crato (anteriormente Membro Crato[1]) é uma formação geológica datada do período Neocretáceo (Aptiano) e está inserida litoestratigraficamente no Grupo Santana (anteriormente Formação Santana) da Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil. Seus afloramentos ocorrem em paredões das escarpas da Chapada do Araripe, e em pedreiras nas cercanias dos municípios de Nova Olinda, Santana do Cariri e Crato, com 90 a 100 metros de espessura.[2]
A Formação Crato é composta por sucessões sedimentares carbonáticas e siliciclásticas intercaladas, onde destacam-se os calcários laminados que caracterizam este estrato geológico sedimentar.[3]
Os sítios fossilíferos da Formação Crato são mundialmente reconhecidos pela excepcional preservação de fósseis continentais, classificados como do tipo Lagerstätte, um raro tipo de ocorrência fossilífera devido às condições excepcionais de preservação de tecidos moles,[4] sendo de grande relevância para a paleontogia.
As diferentes camadas que compõe a formação iniciaram sua deposição durante o início do Aptiano, há cerca de 113 milhões, em um raso mar interior. Naquele tempo, o Atlântico Sul era uma abertura de um longo e estreito mar raso.
Os estudos paleontológicos na Bacia do Araripe começaram no século 19, em 1817, quando a arquiduquesa da Áustria, Maria Leopoldina, viajou para o Rio de Janeiro para se casar com o futuro imperador do Brasil, D. Pedro I. Entre os cientistas de sua comitiva, estavam dois membros da Academia de Ciências de Munique, os naturalistas alemães Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich Philipp von Martius que realizaram, entre 1817 e 1820, uma viagem pelo território brasileiro. Seus resultados foram publicados em 1823 e 1831, na obra de três volumes “Reise in Brasilien” (Viagem pelo Brasil), onde descreveram amostras de peixes fósseis do Grupo Santana.[5]
Em 1913, o geólogo norteamericano Horace Small realizou o primeiro mapeamento geológico da Bacia do Araripe, denominando os calcários da Formação Crato como Calcáreo de Sant’Anna.
As rochas da Formação Crato são representadas por folhelhos papiráceos calcíferos, interestratificados com calcários micríticos laminados, argilosos, formando bancos extensos com mais de 20 m de espessura.
A formação de Crato apresenta diversos e bem preservados fósseis de vertebrados, invertebrados e plantas. Cerca de 25 espécies de peixes fósseis são encontrados frequentemente com o conteúdo do estômago preservados, permitindo aos paleontólogos estudar as relações ecológicas deste ecossistema. Há também bons exemplos de pterossauros, répteis e anfíbios, invertebrados (principalmente insetos), e plantas. Até mesmo dinossauros estão representados: um maniraptora foi descrita em 1996. A incomum tafonomia do local resultou em acreções de calcário que se formaram nódulos em torno de organismos mortos, preservando partes macias como pele e musculatura, auxiliando no entendimento de sua anatomia.[3]
Os insetos são o grupo mais diverso na Formação Crato. A primeira espécie descrita foi a Mesoblattina limai, por Irajá Damiani Pinto e Ivone Purper em 1986, desde então, 379 espécies em 121 famílias foram publicadas, segundo dados de 2018.[6]
Alguns insetos da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
A. seldoni |
Nova Olinda Membro |
Uma neuroptera nimfada |
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G. pulchra |
Uma mariposa eolepidopterigidae |
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M. adamsi, M. irmae e M. kerneri |
Um gênero de insetos alados da ordem Neuroptera da família Kalligrammatidae cuja morfologia e ecologia são converjentes às borboletas modernas. Compreendem alguns dos maiores exemplares da ordem que já viveram. |
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M. longimanus |
Um inseto Coxoplectopterano |
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N. nana |
Uma mariposa Eolepidopterigidae |
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P. incerta |
Uma neuroptera Ithonidae, espécie-tipo do Principiala |
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P. calipsa |
Uma mariposa Eolepidopterigidae |
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R. maxima |
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U. cariensis |
Uma mariposa Eolepidopterigidae |
Outros artrópodes da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
Protoischnurus | P. axelrodorum | Escorpião |
Peixes da Formação Crato | |||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens | Notas |
Araripelepidotes | Araripelepidotes temnurus | ||||
Belonostomus | Belonostomus sp. | ||||
Calamopleurus | Calamopleurus cylindricus | ||||
Cladocyclus | Cladocyclus gardneri | Um Ichthyodectidae peixe | |||
Cratoamia | Cratoamia gondwanica | ||||
Dastilbe | Dastilbe crandalli | ||||
Lepidotes | Lepidotes wenzae | ||||
Placidichthys | Placidichthys bidorsalis | ||||
Santanichthys | Santanichthys diasii |
Anfíbios da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
Arariphrynus placidoi[20] |
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Crátia gracilis[20] |
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Eurycephalella alcinae[20] |
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Possível resto de indeterminado pipoid.[20] |
Squamatanas da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
C. alamoi |
Lagarto Scleroglossa |
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T. amplectus |
Um ramo do grupo das cobras com pernas |
Os dinossauros e as aves da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Notas | Imagens |
?espécies Avialanas |
Inúmeras penas isoladas |
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C. cearensis[21] |
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Kaririavis | K. mater[22] | Ornithuromorpha | ||
"Ubirajara" | "U. jubatus"[23] | Compsognathidae
(Artigo original retirado do ar por falta de informações de procedência do material)[24] |
Crocodylomorphs da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
Susisuchus anatoceps[25] |
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cf. Susisuchus sp.[26] |
Espécies não descritas |
O pterossauro da Formação Crato | ||||
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Gênero | Espécies | Presença | Descrição | Imagens |
A. conandoylei |
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A. cearensis |
Basal membro do Tapejarinae. | |||
B. sp. |
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L. magnificens |
Membro de Nova Olinda |
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L. sibbicki |
Um ornithocheiridio |
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T. imperator T. navigans |
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?T. sp. |