Nome(s) alternativo(s) |
Francesinha (regionalmente) |
Categoria | comida rápida, pão |
País | Portugal |
Região | Póvoa de Varzim |
Criador(es) | António Carriço |
Criação | 1963 |
Ingrediente(s) principal(is) |
pão cacete; fiambre; queijo; linguiça; mostarda; manteiga composta |
Receitas: Francesinha poveira Multimédia: Francesinha poveira |
A Francesinha poveira, ou apenas francesinha dentro da região, é uma variação regional de comida rápida da Póvoa de Varzim, da famosa francesinha, prato típico originário do Porto, Portugal.[1] Esta versão específica é uma especialidade gastronómica da região da Póvoa de Varzim.[1] Ao contrário da receita tradicional, caracterizada por camadas de carne, salsicha, presunto e queijo, cobertas com um molho espesso e picante, a francesinha poveira apresenta algumas diferenças distintivas.[1]
A sua preparação inclui ingredientes específicos e uma abordagem única na sua confeção.[1] Por exemplo, é servida em pão cacete, ao invés do pão habitualmente utilizado na receita original.[1] Além disso, o molho que acompanha a Francesinha Poveira é descrito como tendo um sabor “ligeiramente diferente” relativamente às versões produzidas noutras regiões de Portugal.[1] Este molho é considerado um dos elementos-chave para o sucesso deste prato, contribuindo para o seu sabor único e distinto.[1]
A francesinha poveira é um tipo de francesinha feita em pão-cacete que pode ser comido à mão enquanto se passeia ou no prato na mesa de um restaurante. A francesinha é barrada com um molho específico feito à base de manteiga, margarina, ketchup, piri-piri e sal, com conhaque, vinho do Porto ou whisky.[2]
A história da francesinha poveira remonta aos anos 60, quando a casa Guarda-sol, um estabelecimento emblemático da Póvoa de Varzim, decidiu diversificar a sua oferta gastronómica e apostar em novos produtos. Alberto Moreira, gerente do estabelecimento na época, recrutou o António Pires Nunes Carriço, um especialista em snacks que trabalhava em Cascais, para trazer inovação à casa.[3]
Ao chegar à Póvoa, Carriço, inicialmente desconhecedor do prato, decidiu investigar sobre a famosa francesinha após ouvir falar dela. Numa viagem ao Porto com Alberto Moreira, realizaram uma espécie de “espionagem gastronómica”, visitando várias casas onde a francesinha era servida.[3] Foi então que surgiu a ideia de criar uma versão própria deste petisco, adaptada ao gosto e à tradição da Póvoa de Varzim. Carriço começa a experimentar diferentes combinações de ingredientes e técnicas de preparação até chegar a uma receita satisfatória. Inspirado pela Francesinha tradicional do Porto, ele introduziu algumas modificações, como o uso de um pão em forma de cacete, macio e suculento, que veio a ser conhecido como “pão de francesinha”. O recheio da Francesinha Poveira consistia em fiambre, queijo, linguiça, manteiga e mostarda, cobertos com um molho próprio, criando assim um sabor único e distintivo.[3]
Inicialmente, a Francesinha Poveira era consumida “à mão”, envolta num guardanapo de pano, tornando-se rapidamente um sucesso entre os habitantes locais e os visitantes da região.[3] Com o tempo, devido à demanda dos clientes, o Guarda-sol começou a oferecer também uma versão mais semelhante à tradicional do Porto, servida num prato e consumida com talheres, conhecida como “francesinha especial”.[3] Esta distinção levou à utilização dos termos “francesinha normal”, sendo servido como um cachorro-quente, e a “francesinha especial”, similar à portuense, com batata-frita e molho de francesinha, para diferenciar as duas versões do prato.[3] A francesinha poveira toma o espaço de “francesinha” no imaginário poveiro e de arredores, sendo a versão portuense, a versão tradicional do prato, a receita que toma o lugar de outro.[3]
A variedade poveira é significativamente diferente e constitui uma especialidade distinta. O objetivo da variedade poveira era ser um verdadeiro prato de comida rápida que se pudesse comer à mão, especialmente para os banhistas nortenhos que acorrem aos milhares às praias da Póvoa, algo que não era possível com a variedade portuense.[3] Este é um exemplo de aculturação, tomando características culturais da culinária portuense de forma crítica para se adaptar às demandas da região que é inserida.
O sucesso da Francesinha Poveira no Guarda-sol inspirou outros estabelecimentos da região a oferecerem também este petisco, contribuindo para a sua afirmação como uma iguaria característica da Póvoa de Varzim. Ao longo dos anos, diversos cafés e snacks do concelho passaram a incluir a Francesinha no seu cardápio, oferecendo ambas as versões do prato para satisfazer os gostos variados dos clientes.[3] Hoje, o prato pode ser encontrado em variados restaurantes da região da Póvoa de Varzim, nos municípios da Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Esposende.