Homens lendo | |
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Autor | Francisco de Goya |
Data | 1819—1823 |
Técnica | Óleo al secco trasladado para tela |
Dimensões | 126 cm × 66 cm |
Localização | Museu do Prado, Madrid |
Homens lendo (Hombres leyendo em castelhano) é uma das Pinturas negras que fizeram parte da decoração dos muros da casa —chamada a Quinta del Sordo— que Francisco de Goya adquiriu em 1819. Esta obra ocupava provavelmente o lado esquerdo da janela da parede do fundo do pavimento alto segundo se acedia, com Mulheres rindo, que ocupava o espaço na direita deste muro.[1]
O quadro, com o restante das Pinturas negras, foi trasladado de reboco para tela em 1873 por Salvador Martínez Cubells, por encomenda de Frédéric Émile d'Erlanger,[2] um banqueiro belga, que visava vendê-los na Exposição Universal de Paris de 1878. Contudo, as obras não atraíram compradores e ele próprio doou-as, em 1876, ao Museu do Prado, no que são expostas na atualidade.
Seis homens apinham-se em torno à leitura de um papel que sustém um de eles, de rosto largamente barbado. Entre eles, três destacam-se num plano mais próximo e do resto apenas sobressaem as cabeças entre o grupo, algumas delas vagamente, afastadas em segundo plano e para as margens da esquerda do quadro.
A crítica relacionou esta reunião masculina com as tertúlias políticas clandestinas do Triênio Liberal, período em que se executaram as Pinturas negras. Assim, contrasta a sua atividade, própria do gênero masculino, com o que compartilha muro Mulheres rindo, e implica um paralelismo antitético que, por outro lado, está justificado na estética que compartilham estes dois quadros, talvez os menos conhecidos das Pinturas negras.
Guarda semelhanças com Mulheres rindo enquanto à cor, técnica e iluminação. Sumidos num fundo obscuro, quase preto, destaca-se a blusa branca dos protagonistas, o do homem com barba preta que presta atenção à carta, que assinala o que a sustém à sua esquerda. Os dois quadros, de formato vertical, contrastam com o restante das pinturas do pavimento alto, pois em geral adotam céus azuis e abertos, fundos de nuvens, paisagens e até mesmo, no caso de Asmodea, uma paisagem de floresta. Neste senso, o estilo desta obra guarda maiores semelhanças com o conjunto do piso térreo.
“ | Salvador Martínez Cubells (1842 - 1914), restaurador do Museu do Prado e acadêmico de número da Real Academia de Belas-Artes de São Fernando trasladou as pinturas para tela por encomenda do que, naquele momento, 1873, era proprietário da quinta, o barão Fréderic Emile d'Erlanger (1832 - 1911). Martínez Cubells realizou este trabalho ajudado pelos seus irmãos Enrique e Francisco (...) | ” |