José Celestino da Silva | |
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Retrato do general José Celestino da Silva. | |
Nascimento | 6 de janeiro de 1849 Vilar de Nantes |
Morte | 10 de fevereiro de 1911 Lisboa |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Ocupação | oficial, político |
Distinções |
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José Celestino da Silva GOIC • ComNSC (Chaves, Vilar de Nantes, 6 de Janeiro de 1849 – Lisboa, 10 de Fevereiro de 1911) foi um militar do Exército Português e administrador colonial que, ente outras funções, foi governador de Timor Português entre 1894 e 1908[1]. Oficial de Cavalaria, atingiu o posto de general.
Destinado à carreira militar, assentou praça no Regimento de Cavalaria N.º 6, em 27 de julho de 1865, frequentando de seguida o curso da Escola do Exército, onde foi o primeiro classificado. Manteve-se no mesmo Regimento até atingir o posto de capitão em 23 de junho de 1883[2].
Conhecido pelo seu aprumo, foi colocado na Guarda Municipal de Lisboa. Pouco tempo depois, com o assentimento do rei D. Luís I de Portugal, foi transferido para o comando do Regimento de Cavalaria N.º 2 do Príncipe D. Carlos, no qual prestava serviço como subalterno o então príncipe D. Carlos de Bragança, futuro rei D. Carlos I de Portugal.
Em 1894, com o posto de major, foi nomeado governador da colónia de Timor Português, ao tempo território dependente do governo de Macau. A distância e o abandono tinham reduzido autoridade portuguesa à cidade de Dili, o que conjugado com o terreno acidentado, o clima difícil, a vegetação luxuriante e a constante resistência da população à presença portuguesa, na maior parte dos casos assumindo uma aberta rebeldia, fazia da tarefa de governar Timor um desafio que poucos conseguiam assumir com êxito[1].
Ascendendo a tenente coronel em 4 de agosto de 1898 e a coronel em 23 de dezembro de 1904[2], dos 14 anos que permaneceu em Timor, doze seriam passados em campanhas de pacificação, para as quais contava com um número muito reduzido de tropas e com poucos recursos materiais. Inicialmente as tropas metropolitanas disponíveis reduziam-se a 29 homens, a que se juntavam 350 moradores em Dili e carregadores locais.
Por outro lado a dependência de Macau, território também distante e em que os recursos disponíveis não eram muitos, constituía um problema adicional. Pouco depois de ter chegado a Timor solicitou a autonomia administrativa de Timor em relação a Macau, o que lhe foi concedido por decreto de 1896. Também solicita o envio de tropas, tendo recebido um reforço constituído por landins enviados de Moçambique.
Com a chegada dos reforços vindos de Moçambique, iniciou o processo de submissão dos reinos rebeldes, processo que executa com muita cautela e perseverança. Apesar dessa cautela, sofreu importantes revezes, com destaque para o massacre de uma coluna comandada pelo Capitão Câmara, apanhada numa densa floresta, e para a morte em acção do alferes Francisco Duarte[3] durante o assalto a uma tranqueira[4].
Ao longo do seu longo mandato como governador de Timor Português encetou uma importante obra de fomento do desenvolvimento sócio-económico, que incluiu a construção de 22 postos militares de defesa, soberania e penetração, a abertura de estradas de penetração, a criação de uma escola de ensino oficial em Dili e uma escola agrícola em Remexio, a introdução de várias culturas, entre as quais a do cafeeiro, a proibição de corte do sândalo em toda a costa norte como forma de protecção da espécie[5], a fundação da Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho, o estabelecimento de ligações marítimas regulares com Macau e Austrália e múltiplas obras de saneamento, higienização e de melhoria das infraestruturas públicas, incluindo a construção do primeiro cais acostável do território[1].
Ao longo do tempo, as relações pessoais com os chefes locais permitiram organizar uma reunião mensal, que incluía um almoço conjunto, o que permitiu criar canais de comunicação entre a administração colonial e as populações locais.
A relação que estabeleceu com os povos locais e a sua autonomia de acção levaram a que a oposição política metropolitana lhe desse o epíteto de Rei de Timor, ao que o rei D. Carlos, que o tivera como comandante, com estima contrapunha com o meu colega de Timor[1].
Após o regicídio de 1908, morto D. Carlos, perde a protecção real e foi exonerado do cargo. Para deixar Timor, como não tinha dinheiro pessoal que lhe permite adquirir a passagem, viu-se obrigado a recorrer à ajuda financeira de um comerciante malaio amigo, que lhe paga a viagem de regresso a Portugal via Austrália.
Ao chegar o primeiro-ministro António Teixeira de Sousa quis nomeá-lo comandante da Guarda Municipal, por onde já lá tinha passado, mas, apesar do trabalho feito, não recebe qualquer louvor e é colocado como comandante do Regimento de Cavalaria de Almeida, com o posto de coronel[6].
Mesmo assim, logo após o início das hostilidades contra o Monarquia Portuguesa pela implantação da República Portuguesa, apresentou-se no quartel general reclamando tropas para atacar os revoltosos republicanos; assistiu ao conselho de oficiais monárquicos tendo querido ir ao paço real buscar o rei e pô-lo à frente do exército[6].
Ao ser derrotado no seu intento, a seu pedido, passou à situação de reserva na qualidade de general, falecendo pouco depois[2].
Foi impressa uma série de notas, de 30$00, 60$00, 100$00 e 500$00, de Timor Português com a sua imagem.
Era condecorado com a Comenda e Oficialato da Ordem de Aviz; Comenda da Torre e Espada; Comenda holandesa da Ordem de Orange-Nassau; medalha de ouro de bom comportamento exemplar; medalha de ouro de serviços relevantes no ultramar e medalha de ouro de valor militar; e as medalhas de ouro da rainha D. Amelia em virtude das campanhas de Timor de 1895, 1896 e 1900. Foi agraciado com a carta de conselho por serviços distintos[6].
Igualmente a 14 de Julho de 1932 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Império Colonial a título póstumo.[7] Assim, como, em 1894 foi feito 2.747.° Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
José Celestino da Silva nasceu em Vilar de Nantes, concelho de Chaves, filho de António José Celestino da Silva e de sua mulher Rosa Maria Carneiro.
Casou com Amélia Augusta Coelho Montalvão, de distinta família flaviense, que em Timor prestou serviços à assistência pública e hospitalar, "chegando a ser a enfermeira dos pobres"[6].
Tiveramː
Precedido por Cipriano Forjaz |
Governador do Timor Português 1894 — 1908 |
Sucedido por Eduardo Augusto Marques |