Josina Z. Machel

Josina Z. Machel
Nascimento 1976 (48 anos)
Maputo
Cidadania Moçambique
Progenitores
Alma mater
Ocupação ativista, ativista dos direitos humanos
Distinções
Página oficial
https://josinazmachel.com/

Josina Ziyaya Machel (Maputo, abril de 1976) é uma ativista de direitos humanos de Moçambique, que foi relacionada na lista 100 Mulheres (BBC) de 2020. Seus pais eram Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique independente, e a líder humanitária e política Graça Machel (nascida Simbine); Nelson Mandela foi seu padrasto. Machel fundou o Movimento Kuhluka, que busca acabar com o estigma da violência doméstica e apoiar suas vítimas.

Machel nasceu em Maputo em abril de 1976.[1] É filha do ex-presidente de Moçambique Samora Machel e da política e ativista social moçambicana Graça Machel, que mais tarde se casou com o político sul-africano Nelson Mandela.[2] Seu pai escolheu para ela o nome da sua primeira mulher, a ativista feminista Josina Machel, como um tributo a ela.[3] O pai de Machel morreu num acidente de avião, que alguns consideram ter sido um assassinato, quando ela tinha dez anos.[4] Depois de sua mãe e Nelson Mandela terem começado um relacionamento, Machel mudou-se para a África do Sul e, a partir do casamento deles, tornou-se enteada de Mandela.[4]

Machel estudou Sociologia e Ciência Política na Universidade da Cidade do Cabo, e depois estudou para o mestrado na London School of Economics, na mesma disciplina.[5] A sua dissertação de mestrado foi intitulada “AIDS: Doença da Pobreza ou do Patriarcado”.[6] Um resultado da sua pesquisa foi a publicação do artigo “Unsafe sexual behaviour among schoolgirls in Mozambique: a matter of gender and class (Comportamento sexual inseguro entre alunas em Moçambique: uma questão de género e classe”, que foi publicado no jornal Reproductive Health Matters.[6]

Em outubro de 2015, o seu então companheiro, Rofino Licuco, um homem de negócios moçambicano, atacou-a tão violentamente que um dos seus olhos teve que ser removido.[7][8] Na época da agressão, Machel foi ameaçada e intimidada por homens conectados com Licuco, além de receber ligações telefónicas do próprio Licuco.[9] Apesar disso, em agosto de 2020 o Tribunal Superior de Recurso de Moçambique reverteu o veredito de culpado contra Licuco, com o argumento de que não havia testemunhas.[9][10] Josina recorreu da anulação para o Tribunal Supremo, ao mesmo temo que era impedida de mencionar Rufino nas suas capanhas contra a violência doméstica.[11] Até ao final de 2022, o Tribunal Supremo ainda não se havia pronunciado sobre o caso.

Como sobrevivente de abuso doméstico, Machel transformou o seu trauma pessoal num esforço coletivo, fundando o Movimento Kuhluka, que em [Língua chope|chope]] (uma das línguas de Moçambique) significa “Renascido”.[2] A organização busca desafiar a violência de género na África Austral e disponibilizar espaços seguros para as vítimas de violência doméstica.[5]

Ela também é cofundadora da companhia de seguros Protect-Her-Life, que provê auxílio de emergência para mulheres, por meio dos seus pacotes de seguro e saúde de emergência.[12][13]

Adicionalmente, Machel é a curadora do Fundo Graça Machel.[14] e é diretora do Centro de Documentação Samora Machel. Trabalhou também para o ABC Atlas Mara em Moçambique e outras organizações internacionais, inclusive o Emerald Group e o Instituto Zizile para Recuperação da Criança.[7]

Prémios e homenagens

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Machel foi indicada para diversos prémios e homenagens, incluindo:

  • Trailblazer Award, pela American SOHO (Saving Orphans through Healthcare and Outreach – em português: “Salvando Órfãos pelo Cuidado com a Saúde e Superação”) em 2016[15]
  • Membro inaugural do Mama Albertina Sisulu 100 Women of Fortitude Group[13]
  • 100 Women List, escolhida pela BBC em 23 de novembro de 2020.[5][16]
  1. Sopa, António (2001). Samora: Man of the People. Maputo: Maguezo Editores 
  2. a b Mas, Cristina (24 de novembro de 2019). «Josina Machel: "Ser filla del president de Moçambic i fillastra de Mandela no m'ha evitat ser una víctima"» (em catalão). Ara.cat. Consultado em 4 de janeiro de 2021 
  3. «Samora Machel's daughter among the 100 most influential women in the world» (em inglês). Plataforma Media. 26 de novembro de 2020. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  4. a b «Graça Machel on Mandela: 'I learned to separate the man from the myth'» (em inglês). The Guardian. 6 de dezembro de 2013. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  5. a b c «BBC 100 Women 2020: Who is on the list this year?» (em inglês). BBC News. 23 de novembro de 2020. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  6. a b Machel, Josina Z. (1 de janeiro de 2001). «Unsafe sexual behaviour among schoolgirls in Mozambique: a matter of gender and class». Reproductive Health Matters. pp. 82–90. ISSN 0968-8080. PMID 11468850. doi:10.1016/S0968-8080(01)90011-4 
  7. a b «Josina Z Machel amongst BBC's 100 women of 2020» (em inglês). Connecter Le Monde. 25 de novembro de 2020. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  8. «La fille de Graça Machel gagne son procès pour violence conjugale au Mozambique» (em francês). VOA. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  9. a b «Mozambique: Five years on, Josina Machel still waiting for justice for gender-based violence» (em inglês). www.amnesty.org. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  10. «Caso Josina Machel: Tribunal declara Rufino Licuco inocente». O País. 24 de junho de 2020. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  11. «Filha de primeiro presidente moçambicano proibida de mencionar ex-namorado em campanhas contra violência doméstica». Correio da Manhã. 18 de janeiro de 2021. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  12. «Dignity of Women biography: Josina Z Machel – Nelson Mandela Foundation» (em inglês). www.nelsonmandela.org. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  13. a b «Josina Z. Machel - Mozambique» (em inglês). One Billion Rising Revolution. 10 de julho de 2013. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  14. adminklaas. «CEO and Trustees» (em inglês). Graca Machel Trust. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  15. «"Trailblazer Award" 2016 for Josina Machel - AIM» (em inglês). Club of Mozambique. Consultado em 2 de janeiro de 2021 
  16. «Josina Machel entre as 100 mulheres mais influentes de 2020». Voice of America, VOA. 28 de novembro de 2020. Consultado em 9 de janeiro de 2023