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La Bourse | |||||||
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Autor(es) | Honoré de Balzac | ||||||
Idioma | Francês | ||||||
País | França | ||||||
Série | Scènes de la vie privée | ||||||
Ilustrador | Georges Cain | ||||||
Editora | Mame-Delaunay | ||||||
Lançamento | 1832 | ||||||
Cronologia | |||||||
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La Bourse (em português, A Bolsa[1]) é um romance de Honoré de Balzac publicado em 1832 nas edições Mame-Delaunay nas Cenas da vida privada da Comédia Humana. Publicado novamente nas edições Béchet em 1835, depois em 1839 por Charpentier nas Cenas da vida parisiense, o texto retoma seu lugar nas Cenas da vida privada, no tomo III da edição Furne de 1842.
O jovem pintor Hipólito Schinner cai, por acidente, em seu ateliê, onde fica desacordado. Tendo o barulho de sua queda alertado as duas vizinhas do andar abaixo, Adelaide de Rouville e sua mãe, as duas mulheres cuidam do jovem. Hipólito encontra no apartamento delas um calor e uma amizade agradável, mas também uma miséria digna e cuidadosamente oculta. O jovem pintor se apaixona por Adelaide e se encontra frequentemente em casa de suas vizinhas, descobrindo a vontade misteriosa de ambas de esconder seu passado. Elas cometeram alguma ação inconfessável? E quem são estes dois velhos amigos da mãe que vêm perder de propósito no jogo para deixar alguns luíses à velha mulher? As senhoras de Rouville são trapaceiras, ou mesmo prostitutas? "Durante o serão, suspeitas desfavoráveis vieram perturbar a felicidade de Hipólito e causaram-lhe desconfianças. A senhora de Rouville viveria, pois, do jogo? Não estaria ela jogando neste momento para saldar alguma dívida, ou impelida por alguma necessidade?"[2] Malgrado suas dúvidas, Hipólito continua as suas visitas, por amor a Adelaide. Mas um dia, uma bolsa um pouco desgastada, contendo um pouco de dinheiro (o próprio pintor é pobre, ainda que com título de nobreza: é "de Schinner") e pertencente ao pintor, desaparece. O jovem pensa que a roubaram, e suspeita de Madame ou de Mademoiselle de Rouville. Ele interrompe então suas visitas e fica perturbado a ponto de sua própria mãe perceber seu tormento. Um acaso feliz lhe permitirá descobrir o passado extremamente honrado das duas mulheres e sua dignidade. Também reencontra sua bolsa inteiramente renovada e bordada pelas mãos de Mademoiselle de Rouville. A jovem havia tomado a bolsa para lhe dar um melhor aspecto. Nem um centavo falta a esta bolsa, agora magnífica.
Balzac trata aqui de um tema que irá explorar em grande detalhe em várias obras: as artes, a criação em todas as suas formas, bem como as alegrias e as dores que ela causa. Um grande admirador de Eugène Delacroix, que lhe serviu de modelo para o personagem José Bridau, ele mostra a criação pictórica sob todos os seus ângulos: o do pintor inovador e incompreendido, o genial Frenhorfer de A Obra-Prima Ignorada, o pintor novato que ganha reconhecimento público (José Bridau), o pintor rico que brinca com a arte (Pierre Grassou, que desperdiça seu talento fazendo cópias de obras dos mestres).
Balzac nunca deixa de ilustrar seus romances com referências a quadros famosos, como esta em A Bolsa: "Adelaide veio apoiar seus cotovelos no espaldar da poltrona ocupada pelo velho gentil-homem, imitando, sem o saber, a pose que Guérin deu à irmã de Dido no seu célebre quadro".[3]
Balzac apresenta uma bela fábula em A Bolsa — "não devemos julgar as pessoas pelas aparências" — e lança uma luz bem surpreendente sobre o mundo da pintura. Não faltam tampouco as longas descrições tão típicas do "realismo" de Balzac, além de trechos altamente poéticos, como o de abertura:
Existe para as almas, facilmente expansivas, uma hora deliciosa que sobrevém no instante indeciso, em que ainda não é noite, mas em que já não é dia; a penumbra crepuscular projeta suas tintas imprecisas, ou seus estranhos reflexos, sobre todos os objetos, favorecendo um devaneio que se combina vagamente com os efeitos da luz e da sombra.[4]
e digressões dignas de figurar em antologias de frases: "Perder uma felicidade sonhada, renunciar a todo um futuro, é um sofrimento mais agudo do que o causado pela ruína de uma felicidade vivida, por mais completa que tivesse sido. Não é a esperança melhor do que a recordação?"[5] e "Não é a ilusão, para o pensamento, uma espécie de noite que povoamos de sonhos? A ilusão abre então as asas, transportando a alma para o mundo da fantasia."[6]