Manuel Preto foi um bandeirante paulista, nascido na segunda metade do século XVI e falecido em São Paulo em 1630. Era filho de António Preto, que veio na armada de Diogo Flores de Valdés em 1582, e irmão de Sebastião Preto, tendo casado com Águeda Rodrigues, filha do português Gonçalo Madeira e de Clara Parente.[1] Herdou dos pais uma gleba de terras a noroeste do centro da vila, que daria origem ao atual bairro da Freguesia do Ó.
Dos maiores sertanistas de São Paulo no século XVII, desde 1602 (quando, adolescente, fez parte da bandeira de Nicolau Barreto) caçava índios para escravizar. Diz a «Genealogia Paulistana» que foi «destemido explorador, que penetrou o sertão do Rio Grande (rio Paraná nos mapas castelhanos), os do rio Paraguai e a sua província, chegando até o rio Uruguai em conquista de índios bravios, e chegou a prender tantos que em sua fazenda de cultura fundada em 1580 na capela de Nossa Senhora da Expectação do Ó contava com 999 índios de arco e flechas. Foi ele o fundador dessa capela, entre 1610 e 1615 (hoje freguesia do Ó).»
Levando 155 índios escravizados, saiu pelo rio Tamanduateí, entrando pelo rio Tietê, até o começo de suas terras. Em 1606 percorreu o Guairá e ao regressar de Vila Real do Espírito Santo, arrebanhou índios temiminós pacíficos, que trouxe para São Paulo. Nos anos seguintes continuou nas mesmas paragens.
Em 1610 requereu à autoridade religiosa da colônia a autorização para erguer uma capela em louvor de Nossa Senhora do Ó.
Em 1619 a bandeira da qual era mestre de campo assaltou as reduções jesuíticas de Jesus Maria, Santo Inácio e Loreto. Em 1623, com seu irmão Sebastião Preto, o mestre de campo Manuel Preto conduziria uma bandeira ao chamado Guairá, «sertão dos abueus», participando dela o já velho bandeirante Francisco de Alvarenga (ver 1602) e Pedro Vaz de Barros. Destruiram reduções jesuíticas e trouxeram numerosa escravaria indigena. Já mestre de campo, Manuel Preto em 1626 foi processado como cabeça de entradas ao sertão e violências no mister, impedido de exercer o cargo de vereador para o qual fora eleito.
No segundo semestre de 1628 saiu de São Paulo em sua maior bandeira, como mestre de campo e capitão-mor, com Antônio Raposo Tavares como seu imediato. Aniquilaram as 13 reduções reduções jesuíticas do Guayrá. Historiadores estimam que até 100 mil índios tenham sido capturados na região.[2] (ver: Missões jesuíticas no oeste do Paraná). Segundo o historiador Afonso E. Taunay, e algumas dos campos do Iguaçu, «recolhendo-se com avultado comboio» avaliado pelos autores jesuíticos em muitos milhares de cativos, o que nos parece inaceitável; seria um milheiro, no máximo dois mil estes prisioneiros. Foi depois de inutilmente tentarem os jesuítas providências da Bahia que «resolveram operar a transmigração do que restava de suas grandes reduções guairenhas para muito ao Sul, na mesopotâmia parano-uruguaia. O donatário da capitania, D. Alvaro Pires de Castro e Souza, Conde de Monsanto, considerou tão valiosos seus serviços que lhe deu patente de governador das ilhas de Santana e Santa Catarina.
Os moradores de São Paulo de Piratininga haviam concordado em invadir o Guairá (com o argumento de que a região pertencia a Portugal e o gentio ali existente não podia ser monopolizado pelos espanhóis). A grande expedição da qual o chefe nominal foi Manuel Preto viajou dividida em quatro companhias, das quais foram capitães:
Em maio de 1629 o mestre de campo Manuel Preto embarcou por mar para Santa Catarina e ali tomou posse das terras e fundou arraial. Retornou ao mesmo tempo a povoado a bandeira que acabava de arrasar as reduções no Guairá e logo foram organizadas outras expedições, que retornaram à região no mesmo ano e nos seguintes, invadindo o territorio ao Sul do rio Paranapanema e arrasando as demais reduções do Guairá, tendo mesmo que ser evacuadas pelos moradores as vilas espanholas de Vila Rica e de Ciudad Real. Mas Manuel Preto, tranquilamente em Santa Catarina, em 15 de julho de 1629 nomeava Manuel Homem da Costa sargento-mor das ilhas.
A morte de Preto no sertão foi noticiada em São Paulo em 22 de julho de 1630, vítima de uma flecha em uma emboscada. Tinha-se internado nas brenhas no início do ano.
Preto era tido como um homem de ação «nimiamente violenta contra os índios e seus superiores, desconsiderando principalmente os jesuítas Simão Masseta, José Cataldino e Antonio Ruiz de Montoya. Destruiu ainda as reduções no Ivaí, no Tibagi e no Uruguai.