Mercado de assassinato é um mercado preditivo onde qualquer pessoa pode apostar na data de morte de um indivíduo usando moedas digitais anônimas ou remailers pseudoanônimos. O pagamento é coletado após a pessoa adivinhar a data corretamente. A prática incentivaria o assassinato de indivíduos, pois o assassino poderia lucrar ao matar sua vítima na data em que ele mesmo apostou. Já que o pagamento é realizado para a pessoa que adivinhou a data ao invés do assassino, é muito mais difícil atribuir responsabilidade penal pelo assassinato.[1]
Um dos primeiros usos do termo "mercado de assassinato" pode ser encontrado (com ambos vieses positivo e negativo) no Cyphernomicon, escrito em 1994 pelo cypherpunk Timothy C. May.[2] O conceito e seus potenciais efeitos são chamados de "política do assassinato", um termo popularizado por Jim Bell em seu artigo de 1995–96 do mesmo nome.[3][4]
Na primeira parte de seu artigo, Bell descreve a ideia como:
A organização poderia manter um sistema que, presumidamente, criaria uma lista de pessoas que violaram seriamente o PNA (princípio da não-agressão), mas que não sofreriam a justiça nas cortes pelo fato de suas ações terem sido feitas em nome do governo. Junto com cada um dos nomes, haveria uma quantia de dinheiro, o valor total que a organização recebeu como contribuição, que seria doado para a pessoa que "previu" corretamente a morte do indivíduo, presumidamente nomeando a data de morte correta. Os "adivinhadores" formulariam suas apostas em um arquivo, que seria criptografado com a chave pública da organização e então transmitida, possivelmente usando métodos que são tão irrastreáveis quanto colocar um disquete em um envelope e jogá-lo na caixa de correio, mas é mais provável que sejam usadas diversas camadas de remailers anônimos criptografados, ou localizações na internet de acesso público, como terminais em uma biblioteca local, etc. Para prevenir que o sistema não seja apenas uma lotérica aleatória que nunca paga, onde as pessoas adivinhariam um nome e data (esperando que a sorte caia, como por vezes acontece), seria necessário parar os palpites aleatórios ao obrigar os "adivinhadores" a incluir junto aos seus palpites "dinheiro digital" que seja criptografado e irrastreável, em uma quantidade alta o suficiente para tornar os palpites aleatórios impraticáveis.[3]
Bell então se aprofunda no protocolo necessário para o mercado de assassinato. Ao fim de sua tese, ele postula outro mercado que é em sua maioria não-anônimo, então, contrasta essa nova versão com a versão previamente descrita. A tentativa de popularização do termo por Carl Johnson parece ser baseada na primeira versão.[5] Houve uma tentativa de popularizar a segunda versão em 2001.[6][7]
Tecnologias como Tor e Bitcoin possibilitaram a criação de mercados de assassinato online, como descrito nas partes um a nove do Política do Assassinato.
O primeiro mercado preditivo chamado "Mercado de Assassinato" foi criado por um autoentitulado criptoanarquista denominado Kuwabatake Sanjuro em 2013.[8] O Tor foi utilizado para esconder a localização do site, e o Bitcoin foi usado para as apostas. Havia recompensas para a morte do presidente dos Estados Unidos Barack Obama, o economista Ben Bernanke e a então ministra da Justiça da Suíça Beatrice Ask.[9] De acordo com Sanjuro, o objetivo do mercado era matar o máximo de políticos possíveis para desestabilizar "todos os governos, por toda a parte", e ele aceitaria apenas alvos de pessoas que tenham usado a força contra outras pessoas e que estejam protegidos pela lei. Sua motivação para criar o site foi a revelação de Edward Snowden de que a NSA praticava vigilância global.[8] Em 2015, suspeitava-se que o site estava extinto, mas em 2018 todas as Bitcoins depositadas foram sacadas.[10]