Mesoclemmys perplexa

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMesoclemmys perplexa
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Réptilia
Ordem: Testudines
Subordem: Pleurodira
Família: Chelidae
Género: Mesoclemmys
Espécie: Mesoclemmys perplexa (Bour & Zaher, 2005)

A Mesoclemmys perplexa é uma espécie de cágado de água doce que pertencente a família Chelidae, um grupo de tartarugas conhecidas como pleurodiras ou de pescoço lateral, devido à forma como retraem a cabeça para dentro do casco. A espécie foi formalmente descrita para a ciência somente em 2005, pelos pesquisadores Roger Bour e Hussam Zaher.[1][2]

Popularmente, é conhecida no Brasil como "Cágado goiano", após a sua descoberta em Goiás.[3] A etimologia do seu epíteto específico, perplexa, deriva do latim e significa "confuso, intrincado, obscuro ou ambíguo", este nome é uma alusão tanto à localidade tipo da espécie, a Serra das Confusões, no estado do Piauí, quanto à atribuição genérica inicialmente incerta da espécie e dos seus táxons relacionados. Originalmente descrita no Piauí, sua ocorrência foi posteriormente confirmada no estado do Ceará e, de forma mais significativa, no estado de Goiás.[4]

Mesoclemmys perplexa é considerada uma população biogeograficamente relictual. Esta caracterização sugere que a espécie representa um remanescente de uma linhagem que habitou o Nordeste brasileiro sob condições climáticas mais úmidas no passado. Atualmente, a sua sobrevivência parece estar ligada a micro-habitats específicos, como poços de água perenes em cânions, que mimetizam essas condições pretéritas em biomas regionalmente mais secos, como a Caatinga e o Cerrado.[5]

Taxonomia e evolução

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A classificação das tartarugas de pescoço lateral (família Chelidae), à qual pertence o Mesoclemmys perplexa, é historicamente uma das mais desafiadoras e sujeitas a constantes revisões. O gênero Mesoclemmys foi estabelecido por Gray em 1873. Contudo, muitas espécies de Chelidae, sem características diagnósticas muito claras, eram frequentemente agrupadas no gênero Phrynops, o que causou grande confusão. No início dos anos 2000, uma significativa revisão de Phrynops propôs a divisão em diversos gêneros, como Phrynops, Rhinemys, Mesoclemmys, Batrachemys, Bufocephala e Ranacephala. No entanto, Bour e Zaher (2005), ao descreverem Mesoclemmys perplexa, contestaram essa nova taxonomia. Eles argumentaram que alguns desses gêneros eram baseados em poucos caracteres distintivos que o próprio gênero Phrynops poderia ser parafilético. Por isso, Bour e Zaher optaram por uma abordagem mais conservadora, sinonimizando Batrachemys, Bufocephala e Ranacephala com Mesoclemmys. Atualmente, o gênero Mesoclemmys engloba cerca de dez espécies reconhecidas, e Mesoclemmys perplexa é uma delas. Essa dinâmica de constante revisão ressalta a dificuldade em estabelecer relações filogenéticas precisas em grupos com alta variação morfológica e amostragem geográfica limitada.[6]

A história evolutiva do Mesoclemmys perplexa, assim como de outras espécies de Mesoclemmys e da família Chelidae, está intrinsecamente ligada à complexa biogeografia da América do Sul. As tartarugas de pescoço lateral (Pleurodira) são um grupo antigo e diversificado, com registros fósseis que datam do período Cretáceo. Embora ainda não existam estudos aprofundados sobre a história evolutiva específica de Mesoclemmys perplexa, sabe-se que as espécies do gênero Mesoclemmys se diversificaram nas formações abertas sul-americanas. O cágado goiano foi inicialmente descrito a partir de indivíduos encontrados em áreas florestadas e úmidas no Parque Nacional da Serra das Confusões, no Piauí, e também possui registros no Ceará e em Goiás.[7]

Sua ocorrência atual em biomas como a Caatinga e o Cerrado, que são predominantemente mais secos, sugere que a sobrevivência do Mesoclemmys perplexa pode depender de microhabitats específicos, como poços de água perenes em cânions. Esses ambientes podem ter servido como refúgios, mimetizando condições mais úmidas que foram mais prevalentes em sua área de ocorrência original no passado geológico. Isso indica uma notável capacidade de adaptação a ambientes com recursos hídricos limitados e uma possível resiliência evolutiva frente às mudanças climáticas ao longo do tempo.[4]

A carência de estudos detalhados sobre a ecologia básica e o ciclo reprodutivo do Mesoclemmys perplexa ainda limita uma compreensão mais completa de sua história evolutiva e das pressões seletivas que moldaram suas características atuais. A contínua descoberta de novas espécies e a revisão de grupos já conhecidos na América do Sul, como o Mesoclemmys perplexa, sublinham a vasta e ainda pouco explorada biodiversidade do continente, reforçando a necessidade de mais pesquisas para desvendar a evolução e taxonomia desses fascinantes répteis.[8]

Características gerais

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Distribuição geográfica

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Relação com a ecologia do ambiente

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Ameaças e Conservações

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Referências

  1. «Mesoclemmys perplexa». The Reptile Database. Consultado em 19 de maio de 2025 
  2. Bour, Roger; Zaher, Hussam (2005). «A new species of Mesoclemmys, from the open formations of northeastern Brazil (Chelonii, Chelidae)». Papéis Avulsos de Zoologia (em inglês). pp. 295–311. doi:10.1590/S0031-10492005002400001. Consultado em 19 de maio de 2025 
  3. Bour, Zaher, R. H. (Dezembro de 2005). «A new species of Mesoclemmys, from the open formations of northeastern Brazil (Chelonii, Chelidae)]]». ResearchGate. Consultado em 19 de maio de 2025 
  4. a b Bour, Roger; Zaher, Hussam (1 de janeiro de 2005). «A new species of Mesoclemmys, from the open formations of northeastern Brazil (Chelonii, Chelidae)». Papéis Avulsos de Zoologia. pp. 295–311. doi:10.1590/S0031-10492005002400001. Consultado em 19 de maio de 2025 
  5. S. Campos, Felipe (Janeiro de 2011). «New state record of Mesoclemmys perplexa Bour and Zaher, 2005 (Reptilia: Chelidae) in Brazil». Consultado em 19 de maio de 2025 
  6. «Filogenia e evolução das espécies do gênero Phrynops (Testudines, Chelidae)» (PDF). Friol, N. R. 2014. Consultado em 2025  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. Cunha, F. A. (2023). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE ECOLOGIA AQUÁTICA E PESCA DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA AQUÁTICA E PESCA DA AMAZÔNIA. (Tese de doutorado). Disponível em: https://ppgeap.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/2023/TESE%20FABIO%20CUNHA.pdf. Acesso em: 25 de junho de 2025.
  8. «CONSERVAÇÃO DOS QUELÔNIOS CONTINENTAIS NO BRASIL.» (PDF). Valadão, R. M. 2020. Consultado em 2025  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
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