Ponta Delgada
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Freguesia | |
Panorâmica geral de Ponta Delgada das Flores. No horizonte, a ilha do Corvo | |
Gentílico | pontadelgadense |
Localização | |
Localização no município de Santa Cruz das Flores | |
Localização de Ponta Delgada nos Açores | |
Coordenadas | 39° 30′ 49″ N, 31° 12′ 24″ O |
Região | Açores |
Município | Santa Cruz das Flores |
Administração | |
Tipo | Junta de freguesia |
Presidente | Ricardo Soares Barcelos (PS) |
Características geográficas | |
Área total | 18,72 km² |
População total (2021) | 280 hab. |
Densidade | 15 hab./km² |
Código postal | 9970-087 PONTA DELGADA DAS FLORES |
Outras informações | |
Orago | São Pedro |
Ponta Delgada é uma freguesia rural açoriana do município de Santa Cruz das Flores, com 18,72 km² de área e 280 habitantes (2021), o que corresponde a uma densidade populacional de 15 hab/km². É a terceira mais antiga paróquia da ilha das Flores, apenas sendo precedida pelas vilas de Lajes e de Santa Cruz das Flores, sendo contudo de povoamento coevo. Foi elevada a paróquia, tendo como orago o apóstolo São Pedro, em data que se desconhece das últimas décadas do século XVI. A freguesia ocupa o extremo norte da ilha, estendendo-se por uma zona aplainada voltada a nordeste, sendo a última localidade açoriana a dispor de acesso rodoviário: a primeira viatura apenas atingiu aquela freguesia em Maio de 1966. Nesta freguesia funcionaram as principais instalações técnicas da Base Francesa das Flores, com destaque para os sofisticados radares e sensores eléctro-ópticos que seguiam a fase final de reentrada e queda dos mísseis balísticos disparados da costa sudoeste da França. Na freguesia está localizado o Farol da Ponta do Albernaz, o mais potente farol hoje existente nos Açores.
População da freguesia de Ponta Delgada [1] | ||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
1 260 | 1 096 | 907 | 882 | 697 | 737 | 852 | 945 | 946 | 793 | 609 | 505 | 539 | 453 | 359 |
Distribuição da População por Grupos Etários | |||||||||
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Ano | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos | |
2001 | 87 | 71 | 193 | 102 | 19,2% | 15,7% | 42,6% | 22,5% | |
2011 | 47 | 49 | 166 | 97 | 13,1% | 13,6% | 46,2% | 27,0% |
São Pedro de Ponta Delgada foi uma das três primeiras paróquias da ilha das Flores, povoada pelo mesmo tempo que as futuras vilas das Lajes das Flores e de Santa Cruz. Gaspar Frutuoso afirma que já em finais do século XVI possuía a sua ermida e uma freiguesia de trinta vizinhos. Um século depois, frei Agostinho de Montalverne[2] dá-lhe 140 fogos e 650 habitantes, então provavelmente o maior povoado da ilha[3]
Fazendo fé no florentino frei Diogo das Chagas, em 1571 já estaria erecta paroquial na freguesia, o que conferiu à freguesia posição cimeira na divisão administrativa da ilha, sendo-lhe alocado um vasto território que se estendia da Ribeira Funda à Ribeira das Casas, incluindo os lugares da Ponta Ruiva, hoje nos Cedros, e da Ponta da Fajã, hoje na Fajã Grande. O seu povoado principal é descrito pelo padre António Cordeiro como tendo 150 fogos e huma grande rua corrente ao mar, com outras atravessadas.
Pela existência do seu porto e pela fertilidade das terras adjacentes e abundância de águas, Ponta Delgada foi um dos principais focos de povoamento da ilha, rivalizando durante muitos anos com as vilas. Outro florentino, o padre José António Camões, que foi pároco da freguesia, escreve nos inícios do século XIX que:
Ao tempo, Ponta Delgada, apesar de apenas poder ser atingida a pé ou por mar, era na altura a mais abastada freguesia de quantas existiam na ilha das Flores, tendo desde o século XVII juiz vintenário, com escrivão, porteiro, rendeiro do verde e jurado, sujeitos à jurisdição de Santa Cruz, e três companhias de ordenança, cada uma com seu capitão, alferes, tenente e sargentos.
A primitiva paroquial terá sido erecta na ermida de Santa Ana, referida por Gaspar Frutuoso, mas hoje desaparecida. A actual igreja paroquial de São Pedro foi mandado edificar em 1763, no local da pequena ermida da mesma invocação, a segunda mais antiga da paróquia, a par da Ermida de Santo Amaro, com a qual coexistia nos finais do século XVII. A existência destas duas ermidas, a de São Pedro e a de Santo Amaro, dando origem a festas populares em honra destes santos que ainda hoje se realizam na freguesia, são um bom indicador das dinâmicas da freguesia: São Pedro, o tradicional protector dos pescadores, e Santo Amaro, o protector dos gados, indício de uma comunidade que assentava na pesca e na criação de animais.
A ermida de Santo Amaro, localizada junto ao primitivo núcleo habitacional, junta a um grotão onde existia uma nascente, desapareceu, embora se saiba que ficava mais a norte do actual povoado, numa lomba que se chama ainda de Santo Amaro. A transferência do centro da freguesia deveu-se à excessiva exposição do local aos ventos do quadrante norte.
O principal promotor da reedificação, iniciada em 1763, foi o padre Francisco de Fraga e Almeida, possuidor de grande fortuna e antigo vigário e ouvidor nas Flores e no Corvo, que em 1764 deixou um legado de 100$000 réis à Confraria de São Pedro, com a obrigação de ser celebrada missa por sua alma no dia da inauguração do templo. Desconhece-se a data de termo das obras, mas em 1774 ainda se trabalhava na talha dos seus altares.
A igreja foi restaurado em 1971 e em 1975, mantendo contudo a sua traça original e o seu belo interior.
Sobre o Pico do Meio-Dia, assim chamado por se localizar a sul, numa posição que é atingida pelo sol ao meio-dia solar, foi inaugurada a 13 de Agosto de 1978 uma ermida da invocação de São João Baptista, junto a um cruzeiro de betão ali benzido a 27 de Setembro de 1970. A construção da ermida deu origem à actual festa de São João, celebrada em Setembro de cada ano.
A freguesia tem como principais actividades económicas a agro-pecuária, com destaque para a bovinicultura leiteira, a pesca e pequeno comércio. O porto da freguesia está a sofrer grandes obras de ampliação e modernização, o que permitirá a sua utilização na actividade marítimo-turística, com destaque para as ligações marítimas com a fronteira ilha do Corvo.
Devido à emigração para os Estados Unidos e o Canadá, e mais recentemente para Santa Cruz das Flores, desde os princípios do século XIX, quando a freguesia tinha mais de 900 habitantes, que a população está em declíneo. Em 1814 nasceram na freguesia quase quarenta crianças; na última década os nascimentos oscilam entre 2 e 6 ao ano.
Na freguesia existem as seguintes colectividades:
Entre o património local destaca-se o seguinte:
A freguesia tem como principais festividades a Festa de São Pedro, realizada a 29 de Junho, a de Santo Amaro, no primeiro domingo de Setembro, a de São João, no segundo domingo de Julho, a de Nossa Senhora da Guia e as do Divino Espírito Santo, centradas em torno do domingo de Pentecostes.
Património arquitetónico referido no SIPA:[4]