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Ruy Mauro Marini | |
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Nome completo | Ruy Mauro de Araújo Marini |
Nascimento | 2 de maio de 1932 Barbacena, Minas Gerais |
Morte | 5 de julho de 1997 (65 anos) Rio de Janeiro |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | professor de Economia, Ciência Política e Sociologia |
Magnum opus | Dialética da dependência |
Principais interesses | Economia, Política, Sociologia, Capitalismo, América Latina, Desenvolvimento econômico |
Ideias notáveis | superexploração do trabalho, sub-imperialismo, nova dependência |
Ruy Mauro de Araújo Marini (Barbacena, 2 de maio de 1932 – Rio de Janeiro, 5 de julho de 1997) foi um cientista social brasileiro. É conhecido internacionalmente como um dos elaboradores da Teoria da Dependência. Embora extremamente conhecido nos países latino-americanos de língua espanhola, sua obra é pouco conhecida no Brasil.[1]
Nascido em Barbacena, vai ao Rio de Janeiro para cursar os estudos preparatórios ao curso de Medicina, mas desiste optando pela independência pessoal, ingressando no serviço público. Em 1953 começa a estudar Direito na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ não concluindo. Começa a estudar Administração Pública na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Nesse período participa intensamente no movimento estudantil, através da juventude socialista do PSB,sendo inclusive editor de jornais estudantis. Ingressa na organização política Política Operária.
Inicia sua carreira acadêmica a partir de 1962, na recém-implantada Universidade de Brasília, convidado pelo próprio Darcy Ribeiro, onde fizera um Mestrado, ingressando como professor universitário.
Organiza-se na UnB, com a participação de Theotonio dos Santos e Vania Bambirra entre outros, um círculo de estudos de O Capital de Karl Marx, onde pretende analisar as sociedades latino-americanos à luz da teoria marxista, que se tornou base para a formulação da Teoria da Dependência. Formula-se uma visão crítica e alternativa às visões da CEPAL e do PCB sobre o processo de desenvolvimento brasileiro, retomando o pensamento do imperialismo de Lenin e de Rosa Luxemburgo, e de desenvolvimento desigual e combinado de Trotski, além da concepção crítica sobre o desenvolvimento latino-americano formulada por André Gunder Frank, que tem por sua vez origem no conceito de subdesenvolvimento de Paul A. Baran e Paul Sweezy, abrindo enfim caminho para a teoria marxista da dependência.
Depois do golpe militar de 1964 exilou-se no México em 1965 após ser preso e torturado no CENIMAR, e, em 1971, transfere-se para o Chile onde foi professor da Universidade do Chile até a queda do governo de Salvador Allende em 1973, e posteriormente retorna ao México em 1974, para lecionar na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), onde produz a maior parte de sua obra, e onde atualmente há um centro de referência sobre sua obra.[2]
Nos anos 1980 retorna ao Brasil, embora seu retorno definitivo seja apenas em 1985. Entre indas e vindas entre o México, que não abandona totalmente, atuando na UNAM, e o Brasil, que retorna definitivamente apenas em 1996, onde participa de várias órgãos de ensino e pesquisa. Entre 1984 e 1986, participa da Universidade das Nações Unidas, tenta em 1985 sem sucesso a criação de um centro de estudos sobre desenvolvimento na UERJ e vira professor da FESP-RJ. Em 1986 volta ao Departamento de Ciência Política da UnB.
Morreu em 1997 acometido por um câncer aos 65 anos, na cidade do Rio de Janeiro.
A maioria de suas obras permanecerem inéditas em português, até sua morte em 1997. No exterior, Ruy Mauro Marini, publicou suas obras mais importantes, entre outras, Subdesenvolvimento e revolução (1969), Dialética da dependência (1973- considerada sua grande obra), O reformismo e a contra-revolução. Estudos sobre o Chile (1976). De volta ao Brasil, Ruy Mauro publicou artigos sobre a globalização e as novas formas da dependência num pequeno livro já esgotado.
Marini procura distinguir as principais características dos países subdesenvolvidos, diferenciando-se da visão formulada pela CEPAL, compreendendo os países atrasados a partir de uma relação do capitalismo mundial de dependência entre países centrais (América do Norte, Europa Ocidental e Japão) e países periféricos (América Latina, África e Ásia), forjada não apenas pela condição agrário-exportadora desses últimos mas pela divisão internacional do trabalho. A partir dessa condição, a burguesia nacional dos países periféricos mesmo após a industrialização, torna-se sócia minoritária do capital transnacional, tendo que repartir a mais-valia gerada internamente com eles. Para compensar essa menor participação na repartição da acumulação, a burguesia nacional utiliza-se de mecanismos extraordinários de exploração da força do trabalho, que visam ampliar a mais-valia extraída do trabalho, o resultado seria a realimentação da dependência e a manutenção do subdesenvolvimento, mesmo com a industrialização interna.
O conceito de superexploração do trabalho foi estabelecido por Ruy Mauro Marini no final da década de 1960, enfatizado sua relação com a gênese e funcionamento da acumulação capitalista. O conceito de superexploração da força de trabalho começa a se esboçar em Subdesarrollo y revolución de 1968, e em uma forma mais sistemática em Dialética da dependência de 1973, e continua a desenvolver-se em Plúsvalia extraordinária y acumulación de capital de 1979, Las razones del neodesarrollismo de 1978, e El ciclo del capital en la economía dependente de 1979.
Para Marini, em seus escritos da década de 1980 e 90, a superexploração da força de trabalho passou a assumir uma nova forma na América Latina, reforçando-se, a partir dos anos 1970, quando se afirma a crise da industrialização voltada para o mercado interno e inicia-se na região um giro no sentido de sua inserção numa economia mundial globalizada sob o domínio de políticas neoliberais. Por outro lado, nos países centrais começa-se a desenvolver também mecanismos de superexploração de trabalho antes restrito aos países periféricos.
Sobre o esforço dos governos militares brasileiros de desenvolvimento industrial e de hegemonia continental, posicionou-se Rui Mauro Marini, pela criação da categoria sub-imperialismo, para designar um processo dinâmico do capitalismo nacional, que expande seus capitais sobre as economias vizinhas, porém sob os limites impostos pelo capital monopólico mundial.