Samba-de-breque | |
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Origens estilísticas | Samba-choro |
Contexto cultural | Final da década de 1930, no Rio de Janeiro |
Formas regionais | |
Rio de Janeiro, São Paulo | |
Outros tópicos | |
Samba-choro, Moreira da Silva |
Samba-de-breque é um sub-gênero musical derivado do samba.
A principal característica do estilo é a pausa no acompanhamento acentuadamente sincopado para uma intervenção declamatória do intérprete.[1] Estas paradas bruscas são chamadas breques, designação abrasileirada do inglês brake, ou seja, para os freios de automóveis. Os "breques" são frases apenas faladas que conferem graça e malandragem. Segundo o crítico musical Tárik de Souza, o samba-de-breque é uma variante do picote rítmico do samba-choro.[2]
O compositor Sinhô inseriu três redondilhas menores constituindo um verso de quinze sílabas em "Cansei", de 1929: ("`Pois lá ouvi de Deus/ A sua voz dizer/ Que eu não vim ao mundo/ Somente com o fito de eterno sofrer"). A canção seria interpretada por Mário Reis.[2] Em 1933, foram gravadas duas outras canções que tinham "freiadas". "Minha Palhoça" (de J. Cascata): "Lá tem troça/ Se faz bossa"; e "O Orvalho Vem Caindo" (de Noel Rosa e Kid Pepe): "...guarda civil/ Que o salário ainda não viu".[2] Este efeito inspiraria os sambas mais sincopados de Geraldo Pereira.[2]
O cantor Luiz Barbosa foi o primeiro a trabalhar com o samba-de-breque. Notabilizado como intérprete de samba-canção, o músico macaense ficou também conhecido por marcar o ritmo batucando em um chapéu de palha, que introduzia o intervalo que caracterizaria o samba-de-breque.[3] Como por exemplo, em "Rosalina", (de Haroldo Lobo e Wilson Batista). Outro instrumento associado a Barbosa é o "lápis nos dentes", que consistia em segurar um lápis de tal maneira que permitia a percussão repetida do lápis nos dentes frontais superiores; por meio do controle da abertura da mandíbula e do posicionamento da língua é possível alterar a ressonância da boca e obter sons mais agudos ou graves, além dos padrões rítmicos gerados. Esta técnica foi utilizada por Luiz Barbosa no famoso samba "Gago Apaixonado" de Noel Rosa, em gravação com o próprio compositor cantando, em 1930. O filme de Walt Disney de 1944, "Los Trés Caballeros" ("Você Já Foi à Bahia" no Brasil) também inclui um personagem tocando o lápis nos dentes, na música "Os Quindins de Ia-Iá", de Ary Barroso.
Quem de fato popularizou e consagrou o estilo foi o cantor carioca Moreira da Silva.[4] No final da década de 1930, Moreira foi cantar o samba "Jogo Proibido", de Tancredo Silva, Davi Silva e Ribeiro da Cunha, no Cine-Teatro Meier.[2] Durante a apresentação, o sambista inseriu versos improvisados nos intervalos, e a iniciativa fez sucesso.[2] Moreira foi aperfeiçoando o estilo com o passar do tempo. O intérprete carioca marcou de vez o estilo ao introduzir um discurso em "Na Subida do Morro"(composta pelo próprio Moreira da Silva e por R.Cunha),[2] e interpretar personagens nos enredos de seus sambas de breque, como o "Kid Morengueira", presente no enorme sucesso "O Rei do Gatilho" (de Miguel Gustavo).[4]
Outro destaque no estilo foi Jorge Veiga.[5] Ciro Monteiro, Dilermando Pinheiro e Germano Mathias também gravaram sambas-de-breque.[2]