"Where No One Has Gone Before" | |||||||
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6.º episódio da 1.ª temporada de Star Trek: The Next Generation | |||||||
A Enterprise nos confins do universo. | |||||||
Informação geral | |||||||
Direção | Rob Bowman | ||||||
Escritor(es) | Diane Duane Michael Reaves | ||||||
Código(s) de produção | 40271-106 | ||||||
Transmissão original | 26 de outubro de 1987 | ||||||
Convidados | |||||||
Stanley Kamel como Kosinski | |||||||
Cronologia | |||||||
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Lista de episódios |
"Where No One Has Gone Before" é o sexto episódio da série de ficção científica Star Trek: The Next Generation. Ele foi exibido pela primeira vez nos Estados Unidos em 26 de outubro de 1987 por syndication. A história foi originalmente desenvolvida com o título "Where None Has Gone Before" e foi baseada no livro The Wounded Sky, de Diane Duane. Ela, junto com Michael Reaves, enviou um roteiro depois apresentar a ideia para David Gerrold e Gene Roddenberry. O roteiro foi subsequentemente reescrito por Maurice Hurley, cuja primeira versão não foi bem recebida, mas uma versão reescrita foi eventualmente filmada. "Where No One Has Gone Before" foi o primeiro episódio da série a ser dirigido por Rob Bowman, que dirigiria outros doze.
A série segue as aventuras da tripulação da nave estelar USS Enterprise-D no século XXIV. Neste episódio, a Enterprise recebe a visita do Sr. Kosinski e um alienígena chamado o Viajante. A nave é enviada para uma parte distante do universo por interferência do Viajante, precisando da ajuda de Wesley Crusher para voltarem para casa.
Eric Menyuk fez sua primeira de três aparições em The Next Generation como o Viajante. Ele anteriormente havia sido considerado para interpretar Data. Alguns dos efeitos visuais deste episódio foram criados no porão de Robert Legato, supervisor de efeitos, usando reflexões na água e luzes de natal, enquanto o targ klingon foi criado colocando uma fantasia em um javali adestrado. "Where No One Has Gone Before" recebeu críticas positivas, com os comentários negativos focando-se em Wesley Crusher.
A USS Enterprise encontra-se com a USS Fearless para trazer abordo o Sr. Kosinski, um especialista em propulsão da Frota Estelar que está fazendo testes em motores de dobra para aumentar sua eficiência. Junto com Kosinskei está seu assistente, o "Viajante", um alienígena de Tau Alpha C. Enquanto os dois explicam os testes para a equipe da engenharia, Wesley Crusher rapidamente percebe o que os testes podem realizar, e o alienígena fica impressionado pela capacidade do menino em resolver problemas. Os testes começam, porém rapidamente as coisas saem errado e a Enterprise tem um grande salto de velocidade, superando todas as conhecidas capacidades dos motores de dobra. O Capitão Jean-Luc Picard ordena uma parada, e a tripulação descobre que estão na Galáxia do Triângulo, mais de 2.7 milhões de anos-luz de distância da Via Láctea. Apesar de Kosinski ficar inicialmente satisfeito com os resultados, ele acredita que os parâmetros estão errados. Picard o reprime e sugere que o homem simplesmente repita o processo para levá-los de volta para casa. Wesley conta ao Comandante William T. Riker que durante o teste o Viajante parecia estar desaparecendo da realidade; quando Kosinski inicia o segundo teste, Wesley e Riker observam o alienígena desaparecendo. A Enterprise novamente salta para altas velocidades, e quando pára, a tripulação não conseguie determinar sua localização. Picard exige que Kosinski encontre um modo de levá-los de volta a Via Láctea.[1]
Enquanto Kosinski, o Viajante e a equipe da engenharia trabalham para reverter o processo, o resto da tripulação começa a ter visões de seu passado, efeito do espaço estranho ao seu redor. Picard, depois de ver sua própria mãe, conclui que eles devem ter chegado no teórico Anel Exterior, uma das partes mais antigas do universo. Ele ativa o alerta vermelho para tirar a tripulação de suas visões. Riker conta ao capitão que Kosinski não teve nenhuma relação com os saltos de dobra, mas que tudo foi resultado das ações de seu assistente, que agora está doente na enfermaria. A Dra. Beverly Crusher não consegue determinar a biologia do alienígena e, dessa forma, tratá-lo. Quando Picard chega, o Viajante explica que ele consegue canalizar pensamentos em realidade. Ele os levou até o Anel Exterior, que dá poderes similares a todos, com o objetivo de ver se eles estavam prontos para ter essa experiência. Ele também revela que viaja pelo espaço à procura de prodígios como Wesley. Na engenharia, o Viajante pede a ajuda de Wesley para fazer a Enterprise voltar para o espaço conhecido. Enquanto concentram-se para mover a nave, o Viajante desaparece completamente. Quando a nave pára, todos ficam aliviados ao saber que voltaram ao mesmo ponto onde tinham começado. Depois do incidente, Picard promove Wesley a alferes interino.[1]
A história original para "Where No One Has Gone Before" foi desenvolvida antes do início de Star Trek: The Next Generation, quando Michael Reaves e Diane Duane foram convidados a apresentar ideias para o programa.[2] Duane não fazia parte do Writers Guild of America, um dos requisitos na época para poder escrever para a série, e duvidava que seria convidada a escrever o roteiro. Ela e Reaves trabalharam juntos em várias ideias, e depois de uma semana Reaves informou Duane que havia desenvolvido uma ideia baseado em um romance que ela havia escrito, The Wounded Sky com os personagens de Star Trek: The Original Series, e falou para os dois apresentarem a ideia juntos. Eles trabalharam juntos e criaram uma história levemente diferente da ideia original de Reaves.[3] Uma das versões tinha a Enterprise causando a formação de um novo universo, uma modificação do mito do Gênesis.[4]
A dupla apresentou a ideia a David Gerrold, editor de histórias, e depois a levaram até Gene Roddenberry, criador de Star Trek. Roddenberry gostou da história e deu sugestões que Reaves e Duane incorporaram em um segundo rascunho.[4] Nesse momento o episódio chamava-se "Where None Has Gone Before" e possuia diferenças significativas quando comparadas a versão final. Isso incluia a formação do personagem Kosinski, que era um colega de quarto de Jean-Luc Picard na Academia da Frota Estelar e teve um filho enquanto ainda estudava. O modo como a nave viajava também era diferente, o Viajante não aparecia e um "intensificador de dobra", com um pequeno buraco negro dentro, era usado. Nessa versão, a situação era resolvida ao imaginar uma miniatura da Enteprrise completa dentro do buraco negro da nave em tamanho real. As interações entre os dois buracos negros (havia um ainda menor dentro da Enterprise em miniatura) levaria a nave de tamanho real para um lugar próximo de seu ponto de partida.[5] Depois de entregarem a primeira versão do roteiro baseada nessa premissa, a equipe de The Next Generation não respondeu por semanas.[3]
O roteiro foi entregue a Maurice Hurley.[3][4] Ele demorou seis semanas para reescrever, com sua versão inicial sendo muito mal recebida pela equipe de roteiristas. Ele afirmou posteriormente, "eles odiaram, acho que queriam me despedir, e teriam se eu não tivesse um contrato assinado". Ele reescreveu novamente e esse foi o roteiro de filmagens. Hurley ficou satisfeito com o resultado, dizendo que "tudo sobre aquele episódio funcionou".[6] A versão final era bem diferente do roteiro de Duane e Reaves, com Duane afirmando que apenas duas de suas cenas haviam permanecido: a cena que Picard vê sua mãe e a que ele quase cai do turboelevador para o espaço.[3] Reaves posteriormente disse que o episódio "ficou muito melhor na tela do que achamos quando havíamos lido o roteiro. Tivemos sorte, porque não estava em nossas mãos".[6]
O diretor original deste episódio era Donald Petrie, porém ele saiu para dirigir o filme Mystic Pizza. O produtor executivo Robert Justman então chamou Rob Bowman para dirigir seu primeiro episódio de Star Trek. Justman posteriormente afirmou que, enquanto trabalhou em The Next Generation, essa foi uma das realizações que ele mais teve orgulho. Bowman trabalhou em storyboards e decupagem de cenas durante vinte dias antes das filmagens.[4] O diretor estava nervoso sobre trabalhar no programa, e achou que deveria provar-se a todos por ser relativamente jovem.[6] Ele disse que as coisas ficaram mais fáceis a partir do segundo dia porque a equipe o fez sentir-se bem vindo.[7] Bowman dirigiria outros doze episódios da série.[8]
Eric Menyuk foi escolhido para interpretar o Viajante. O ator anteriormente tinha sido considerado para o papel de Data,[4] sendo a segunda opção depois de Brent Spiner.[9] Desde os seis anos ele era fã de Star Trek,[4] e eventualmente retornaria ao papel em duas ocasiões, nos episódios "Remember Me" e "Journey's End".[10] Sua participação em "Journey's End" também marcaria a última aparição de Wesley Crusher na franquia. Biff Yeager apareceu em "Where No One Has Gone Before" como o Engenheiro Chefe Argyle, e voltaria em mais um episódio da primeira temporada nessa posição.[10][11] O personagem Geordi La Forge assumiria o comando da engenharia a partir da segunda temporada.[12] O dublê Dennis Madalone estreou no programa interpretando o alferes que é ameaçado por fogo imaginário.[13] Começando com a terceira temporada, ele tornaria-se o coordenador de dublês de The Next Generation e continuaria a interpretar diferentes tripulantes. A mãe de Picard receberia um nome apenas em "Chain of Command, Part II", da sexta temporada; em "Where No One Has Gone Before" ela foi interpretada pela atriz Herta Ware.[10]
Alguns dos efeitos visuais foram criados na casa de Robert Legado, supervisor de efeitos. O roteiro não específicava o que deveria ser visto nos confins do universo, então Legado brincou com reflexões de água na parede de seu porão. Usando filme PET, ele criou várias imagens que foram sobrepostas para o efeito final. Legado descreveu tudo como "peculiar e bizarro". Luzes de natal foram suspensas e movimentadas para criar o efeito piscante visto em cena.[10]
O targ Klingon foi criado colocando uma fantasia em um javali adestrado chamado Emmy Lou. O figurino foi criado pelo figurinista William Ware Theiss. Justman mais tarde disse, "aquilo tinha um cheiro horrendo. Um odor extremamente agridoce e pungente. Eu tomei banho atrás de banho, e demorou uma semana para sair de mim".[10] Menyuk, para ficar com a aparência do Viajante, usou protéses na testa criadas pelo maquiador Michael Westmore. Ele também usou mãos falsas com três dedos,[9] que anos depois foram vendidas no leilão "It's A Wrap!" que ocorreu logo após o fim de Star Trek: Enterprise.[14] O figurino do Viajante foi vendido no mesmo leilão.[15]
"Where No One Has Gone Before" foi o segundo episódio de The Next Generation a ter sua trilha sonora composta por Ron Jones. Alguns dos temas da trilha foram rearranjos de músicas compostas por Jerry Goldsmith para Star Trek: The Motion Picture. Em "Talk with Mom", que toca durante o encontro de Picard com sua mãe, Jones tentou criar o mesmo efeito do final de Appalachian Spring, por Aaron Copland. O tema de Alexander Courage para a série original foi incluido como um ostinato de sete notas nas faixas "Log", "Visitors" e "Fly-By".[16]
A trilha foi gravada com uma orquestra formada por quarenta músicos. Jones formatou a orquestra para gerar um som maior do que era normalmente ouvido em orquestras de televisão, um esforço para deixar os sons mais similares ao trabalho de Goldsmith em The Motion Picture. Teclados foram usados para deixar os sons dos violoncelos mais proeminentes, e outras mudanças incluiam um aumento dos médios da seção das cordas. A trilha de "Where No One Has Gone Before" foi lançada como parte do The Ron Jones Project em 2010 pela Film Score Monthly.[16]
TNG se safou de muitas coisas que matariam outros programas sem o peso de uma emissora por trás. Este episódio é um excelente exemplo disso. A tripulação não tem urgência sobre sua situação, as ideias que ele apresenta não se relacionam com o público, e a história praticamente não tem um núcleo emocional. Ainda assim, ele funciona, mesmo que apenas por estimular a parte de você que se pergunta sobre o que exatamente há lá fora. O início de TNG foi muitas coisas, porém "Where No One Has Gone Before" mostra que ela não foi branda.
James Hunt[17]
Vários críticos reassistiram o episódio depois do final da série. O ator Wil Wheaton posteriormente descreveu "Where No One Has Gone Before" como "a primeira vez que The Next Generation realmente começou a se formar". Porém, ele também afirmou que o episódio tinha falhas tanto nos diálogos e nas mudanças de tom de Picard, "Não sei se foi uma escolha deliberada, para que ele parecesse um homem em conflito, ou se era apenas o calor e a gentileza de Patrick Stewart aparecendo através do comportamente rude que escreveram para Picard". Wheaton avaliou o episódio com uma nota B+.[13] Keith DeCandido da Tor.com elogiou os atores convidados, afirmando que Stanley Kamel foi "magnífico" e "um touro, superconfiante e cheio de arrogância em medidas iguais", e Herta Ware trouxe "grande peso" para seu pequeno papel. Ele descreveria o episódio como um dos melhores da temporada e com boas interpretações do elenco principal. DeCandido deu uma nota oito de dez.[11]