Yesh Gvul (em hebraico: יש גבול, pode ser traduzido como "há um limite" ou "a fronteira existe" ou ainda "já basta"[1]) é um movimento fundado em 1982, por veteranos combatentes, após a invasão do Líbano por Israel. Na ocasião, militares israelenses se recusaram a servir no Líbano, e posteriormente estenderam a sua oposição ao serviço militar nos territórios ocupados por Israel. A campanha de recusa seletiva do Yesh Gvul teve influência sobre a decisão do Ministro da Defesa, Moshe Arens, de iniciar a retirada das Forças de Defesa de Israel do Líbano, conforme admitiu o general Moshe Levi em 1986.[2]
Dado que essa recusa seletiva é uma forma de desobediência civil (nos moldes introduzidos pelo Mahatma Gandhi), os veteranos estão sujeitos a punições tanto na esfera militar como na civil.[3][4] Uma petição assinada na época por 3.000 reservistas foi enviada ao Primeiro-Ministro Menahem Begin e ao Ministro da Defesa, Ariel Sharon. Vários signatários foram a corte marcial e alguns foram condenados a penas de prisão por desobediência (sirouv pkouda). Yesh Gvul invoca razões de ordem moral (objeção de consciência) e a ilegalidade de algumas operações militares para defender os refusenik - como são chamadas as pessoas que se recusam a fazer o serviço militar em Israel. Muitos refuseniks são combatentes que serviram com distinção e suas patentes vão de sargento a major.
O slogan do Yesh Gvul é:
- “Não atiramos, não choramos e não servimos nos territórios ocupados!”[5]
Não obstante, a recusa dos membros do Yesh Gvul ao serviço militar é seletiva e depende da natureza e localização do serviço.[6]
Entre 1971 e 1979, o Ministério da Defesa israelense permitia que esses objetores seletivos, quando alistados, servissem somente dentro dos limites da Linha Verde que separa Israel dos territórios ocupados. Depois, essa flexibilidade acabou, pois o que se resumia a alguns casos isolados tornou-se um movimento de protesto amplo e organizado.[7]
A Yesh Gvul é dirigida por Ishai Menuchin, major da reserva das Forças de Defesa de Israel.[8][9]
Yesh Gvul atua em três frentes principais:
- apoio pessoal a cada refusenik;
- promoção de atividades visando o fim da ocupação;
- ampla campanha educativa visando operar mudanças na sociedade israelense.[10][11]
Referências
- ↑ MUDIMBE,V. Y. Nations, Identities, Cultures.
- ↑ Peri 1993: 155, apud Epstein op. cit.
- ↑ Yesh Gvul: a uniquely Israeli innovation in the culture of protest Arquivado em 12 de janeiro de 2012, no Wayback Machine., por Peretz Kidron. Peace News.
- ↑ Saying No to Israel's Occupation, por Ishai Menuchin March. The New York Times March 9, 2002.
- ↑ Yesh Gvul Arquivado em 15 de outubro de 2006, no Wayback Machine. “We don’t shoot, we don’t cry, and we don’t serve in the occupied territories!”
- ↑ Between Militarism and Pacifism: Conscientious Objection and Draft Resistance in Israel[ligação inativa], por Yulia Zemlinskaya. Central European Journal of International and Security Studies.
- ↑ "Army authorities had given objectors a guarantee that they would be stationed according to their wishes, within the borders of Israel, as long as refusal was an isolated phenomenon. Now policy has changed. What had once been sporadic instances of refusal with which the IDF was prepared to live, has changed in character and become an organized protest whose aim is to turn the IDF – the national army, necessarily disengaged from any political or ideological arguments – into the battleground for a kind of confrontation which the army cannot be associated with." Parecer da Suprema Corte de Israel, 24 de setembro de 1980; citado em Peri (1993) apud The freedom of conscience and sociological perspectives on dilemmas of collective secular disobedience: the case of Israel, por Alek D. Epstein.
- ↑ "Saying 'no' loudly and clearly, por Ishai Menuchin. In Peretz Kidron (ed). Refusenik!: Israel's soldiers of conscience, p. 13.
- ↑ Bound by their conscience por Joseph Raz. Haaretz, 31/12/2003.
- ↑ HEDVA, Beth (2001) Betrayal, Trust, and Forgiveness: A Guide to Emotional Healing and Self-renewal. Celestial Arts, ISBN 1587610965 pp 234-235
- ↑ «Website da organização Yesh Gvul.». Consultado em 28 de março de 2010. Arquivado do original em 15 de outubro de 2006