Aída dos Santos

Aída dos Santos
Aída dos Santos
Atletismo
Nome completo Aída dos Santos Menezes
Nascimento 1 de março de 1937 (87 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade brasileira
Medalhas
Jogos Pan-Americanos
Bronze Jogos Pan-americanos de 1967 Pentatlo
Bronze Jogos Pan-americanos de 1971 Pentatlo
Em 1965.

Aída dos Santos Menezes (Rio de Janeiro, 1 de março de 1937) é uma geógrafa, pedagoga e professora de educação física ex-atleta brasileira, especialista no salto em altura.[1][2] Na Universidade Federal Fluminense (UFF), foi professora voluntária de natação, basquete e futsal.[2]

Nasceu prematura, na cidade do Rio de Janeiro. Era a caçula entre seis irmãos, filha de um pedreiro alcoólatra e uma lavadeira. Passou a morar ainda criança com a família no Morro do Arroz, favela no município de Niterói.[3] Descoberta pelo Fluminense, na primeira competição que ganhou levou uma surra do pai, que disse que medalha não enche barriga.[4] Quando estava no Vasco, não ia aos treinos porque usava o dinheiro da passagem para comprar comida.[1][4]

Para cursar faculdade, ia às aulas de manhã, trabalhava à tarde e treinava à noite. Formou-se em geografia, educação física e pedagogia. De 1975 a 1987, foi professora de educação física na Universidade Federal Fluminense (UFF).[1]

Participou de duas edições dos Jogos Olímpicos. Em Tóquio 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura, atingindo a marca de 1,74m.[5][4][6] Naquela edição dos Jogos, Aída foi a única mulher da delegação brasileira de 68 atletas.[4][7][8]

A ela nenhuma estrutura foi fornecida: viajou sem técnico e sem material para competir. Nem sequer tinha roupa para a Cerimônia de Abertura: usou um uniforme adaptado de outra competição,[9] não recebendo suporte dos dirigentes do esporte brasileiro que estavam em Tóquio. Para competir chegou a ir em 2 estandes em busca do seu material de competição, mas seu nome não estava inscrito, no 2º estande um senhor ficou com dó e liberou um sapato de sprinter, que não era o ideal, mas servia para competir.

Aída conseguiu sua classificação para final, se tornando a primeira mulher brasileira a chegar à uma final olímpica, porém durante a fase classificatória torceu o tornozelo durante o salto. Desprezada pelos dirigentes brasileiros, recebeu auxílio do técnico peruano Roberto Abugatas em relação a melhorias para a final, além de ter sido atendida pelo médico da delegação cubana, a pedido da atleta Miquelina Cobian.[4][10]

O quarto lugar de Aída dos Santos no salto em altura, em Tóquio 1964, foi o melhor resultado das mulheres brasileiras em Jogos Olímpicos até as Olimpíadas de Atlanta, em 1996[7][11][12]

Quatro anos depois, nos Jogos da Cidade do México, ficou em vigésimo no pentatlo.[4][8][13]

É mãe da jogadora de voleibol Valeska Menezes, com quem mantém um instituto para promover a inclusão social por meio do atletismo e do voleibol.

Homenagem e reconhecimento

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Em 2006, Aída dos Santos recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico,[14]

Já em 2009 foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.[15]

Numa parceria entre a Prefeitura de Niterói e a Universidade Federal Fluminense (UFF), o complexo esportivo localizado no campus do Gragoatá da universidade, foi reformado, passando a se chamar Complexo Aída dos Santos, sendo inaugurado em maio de 2024 com a realização do Grande Prêmio Brasil de Atletismo.[16]

Referências

  1. a b c Barbon, Júlia (22 de julho de 2020). «Mulher negra e pobre foi a única brasileira na Olimpíada de Tóquio de 1964». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 14 de junho de 2023 
  2. a b Furtado, Tatiana (8 de março de 2021). «'Diziam que eu não ia mudar o mundo. Eu respondia que também não me mudariam', diz Aída dos Santos, uma das pioneiras do esporte brasileiro». O Globo. Consultado em 14 de outubro de 2023. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2023 
  3. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :PMN
  4. a b c d e f «O Pioneirismo de aida dos Santos». Japan House São Paulo. 27 de julho de 2021. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  5. «Aída dos Santos relembra participação na Olimpíada de 1964, no Japão». Agência Brasil. 23 de julho de 2021. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  6. Evans, Hilary; Gjerde, Arild; Heijmans, Jeroen; Mallon, Bill; et al. «Athletics at the 1964 Tokyo Summer Games: Women's High Jump Final Round». Sports Reference LLC (em inglês). Olympics em Sports-Reference.com. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2016 
  7. a b «Única brasileira em Tóquio-64, Aída dos Santos fez história com quarto lugar no salto em altura». EBC - Empresa Brasil de Comunicação. 8 de outubro de 2015. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  8. a b Rubio, Katia (2015). Atletas olímpicos brasileiros. São Paulo: SESC-SP. 646 páginas. ISBN 9788582055816 
  9. «Aída dos Santos diz que resultados femininos deixam a desejar». O Globo. 27 de junho de 2012. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  10. «A epopeia de Aída: Há 57 anos, Aída dos Santos conquistava, sozinha e sem apoio o quarto lugar no salto em altura em Tóquio». www.uol.com.br. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  11. «Aída dos Santos». Comitê Olímpico Brasileiro. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  12. «Atlanta 1996». Comitê Olímpico Brasileiro. Consultado em 20 de outubro de 2023 
  13. Evans, Hilary; Gjerde, Arild; Heijmans, Jeroen; Mallon, Bill; et al. «Athletics at the 1968 Ciudad de México Summer Games: Women's Pentathlon». Sports Reference LLC (em inglês). Olympics em Sports-Reference.com. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2016 
  14. Portal Fator. «Prêmio Brasil Olímpico 2006» 
  15. Instituto Aída dos Santos. «Aída dos Santos é agraciada com Diploma Mundial Mulher e Esporte» 
  16. «Niterói vai receber o Grande Prêmio Brasil de Atletismo na pista renovada do Complexo Aída dos Santos». Prefeitura Municipal de Niterói. 6 de maio de 2024. Consultado em 6 de maio de 2024 

Ligações externas

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