Alberto Salazar | |
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Salazar em 2008. | |
Atletismo | |
Modalidade | maratona, cross-country, 10.000 m, 5.000 m |
Nascimento | 7 de agosto de 1958 (66 anos) Havana, Cuba |
Nacionalidade | norte-americano |
Conquistas | |
Maratona de Nova York | 1980 – 1981 – 1982 |
Maratona de Boston | 1982 |
Alberto Salazar (Havana, 7 de agosto de 1958) é um ex-fundista norte-americano, tricampeão da Maratona de Nova York.
Um dos melhores fundistas do mundo em sua época, também tem em seu currículo a vitória na Maratona de Boston de 1982 - num dos mais memoráveis duelos na história desta corrida[1] - e recordes norte-americanos nos 5.000 m e 10.000 metros, além de conquistar o título nacional de cross-country em 1978-79 e ser vice-campeão mundial de cross-country em 1982.[2] Em sua segunda vitória em Nova York, em 1981, Salazar quebrou o recorde mundial da maratona que já durava doze anos, fazendo a prova em 2:08:13. Entretanto, algum tempo depois descobriu-se que aquele percurso tinha 150 metros a menos que a distância oficial de 42,195 km e sua marca foi anulada.[3]
Perseguido por contusões e bronquite, em 1983 ele disputou a Maratona de Rotterdam, ficando na 5ª colocação, sua primeira derrota em maratonas e a de Fukuoka, onde novamente ficou em 5º lugar. Qualificando-se para os Jogos de Los Angeles 1984, com um segundo lugar na prova seletiva americana, conseguiu apenas o 15º lugar na maratona olímpica, apesar de ser um dos favoritos.[4] A partir daí, sua forma declinou bruscamente, o que o levou a encerrar a carreira pouco tempo depois.
No início de sua carreira como técnico de atletismo, Salazar trabalhou nos anos 90 com a meio-fundista campeã mundial dos anos 80 Mary Decker, que se viu envolvida num caso de doping por aumento de testosterona e teve uma medalha de prata nos 1500 m do Campeonato Mundial de Atletismo em Pista Coberta de 1997 cassada pela IAAF.[5]
Nos anos seguintes, trabalhando para a Nike num projeto de tutoria de novos atletas de nível olímpico, obteve sucesso como treinador de corredores como Alan Webb, Mo Farah, Galen Rupp, Kara Goucher e Dathan Ritzenhein. Em Londres 2012, dois de seus atletas, Farah e Rupp, conquistaram as medalha de ouro e prata nos 10.000 m e Farah ainda conquistou a de ouro nos 5.000 m, tornando-se o primeiro britânico campeão olímpico nas duas provas de longa distância em pista.[6]
Em 2015 Salazar se viu envolvido no meio de uma grande controvérsia sobre doping, numa investigação feita pela televisão britânica BBC, envolvendo a denúncia de vários atletas e pessoas ligadas a ele sobre a injeção de microdoses de testosterona e prednisona em atletas sob sua responsabilidade no Nike Oregon Project, um projeto criado pela Nike, sob a direção de Salazar, para promover as corridas de longa distância entre os americanos. Salazar se recusou a dar entrevistas à BBC, mas declarou que nada tinha feito de errado e que as denúncias feitas pelas fontes não conhecidas ao programa eram apenas "baseadas em suposições falsas e meias-verdades em uma tentativa de promover suas agendas pessoais."[7] Pouco depois da matéria ir ao ar, o fundista Josh Rohatinsky, que treinou com Salazar no Nike Project entre 2007 e 2009, expôs em sua conta no Facebook suas opiniões sobre as ligações de Salazar com Galen Rupp, na época, e que a enorme melhora deste nas corridas de longa distância eram suspeitas; declarava também que à sua época no NPO, havia um "muro de separação" entre Salazar e Rupp e os outros atletas, acreditando nas evidências apresentadas pelas testemunhas da BBC e que as atividades relacionadas a experimentos com PED (Performance-Enhancing Drugs) no local, em sua análise eram limitadas à Galen Rupp. E também declarou que em 2000 Alberto Salazar tinha proferido a opinião de que acreditava "ser quase impossível medalhar numa corrida de longa distância estando "limpo"".[8] A fundista Kara Goucher, outra das pupilas de Salazar e medalhista de bronze nos 10000 m no Mundial de Osaka 2007, também declarou que deixou o Nike Project em 2011, quando Farah chegou, por uma alegada "vontade de Salazar de manipular as regras anti-doping".[8]
O caso obrigou o fundista Mo Farah, campeão olímpico e mundial britânico e um dos pupilos de Salazar no NOP desde 2011, a deixar uma competição da Diamond League em Birmingham e ir aos Estados Unidos para conversar com o técnico sobre as acusações. Toda a questão levantada pela BBC está sendo investigada pela UK Atlhetics; seu diretor, Ed Warner, declarou que a organização esportiva precisa "ser rápida mas não precipitada em chegar à conclusões diante dos fatos como foram apresentados, mas que tem total confiança em Farah".[8]
Em setembro de 2019, quando Salazar acompanhava alguns de seus atletas no Campeonato Mundial de Atletismo de Doha como Safan Hassan, campeã dos 10000 m e Donavan Brazier, campeão dos 800 m, as autoridades antidoping americanas da USADA (Agência Antidopagem dos EUA) o suspenderam por quatro anos por ministrar substâncias proibidas a seus atletas, publicando um relatório que detalhava violações que incluíam tráfico de testosterona, manipulação do processo de controle antidoping e administração de infusões indevidas de L-carnitine, uma substância que ocorre naturalmente e converte gordura em energia. A IAAF cassou sua licença como treinador e ele foi proibido de manter contato com atletas em Doha. A Federação de Atletismo dos Estados Unidos cassou as credenciais do técnico na capital do Qatar, excluindo-o de todos os locais de competição, incluindo instalações de treinamento e hotéis oficiais.[9]