Eugène Marais

Eugène Marais
Eugène Marais
Nascimento 9 de janeiro de 1871
Pretória, África do Sul
Morte 29 de março de 1936 (65 anos)
Pelindaba
Nacionalidade África do Sul Sul-africana
Género literário realismo animista, naturalismo, ficção histórica

Eugène Marais foi um advogado, naturalista, poeta e escritor sul-africano, autor do poema Winternag (Noite de inverno) considerado o primeiro poema em afrikaans de mérito literário.

Marais nasceu em Pretória,[1] o último de 13 filhos de Jan Christiaan Nielen Marais and Catharina Helena Cornelia van Niekerk. Frequentou escolas em Pretória, Boshof e Paarl, e embora de uma família Afrikaans, concluiu grande parte dos seus estudos em escolas inglesas, razão pela qual começou a escrever os seus poemas em inglês. Acabou a escola aos 16 anos,[2] e logo começou a trabalhar num escritório de advogados em Pretória e depois como jornalista. Aos 20 anos lançou o jornal Land en Volk (País e Povo). Envolveu-se na política a nível local. Enquanto lutava contra o vício por morfina, Marais foi para Londres estudar medicina, mas os amigos convenceram-no a estudar direito.

Primeira Guerra dos Bóeres

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Quando rebentou a Primeira Guerra dos Bóeres em 1899, Marais encontrava-se em Londres. Foi dispensado como estrangeiro inimigo. Na fase final da guerra, juntou-se a uma expedição alemã para enviar munições e medicinas para os comandos Bóeres através da África Oriental Portuguesa (agora Moçambique). No entanto, ficou doente com malária em Moçambique e antes de conseguir fazer a entrega terminou a guerra.

A partir de 1905 Marais estudou a natureza no bioma de Waterberg (Montanha de Água), uma área virgem a norte de Pretória, onde ele escreveu em afrikaans sobre os animais que aí observou. O estudo que fez sobre as térmitass (cupins) levaram-no à conclusão de que a colónia devia ser vista como um único organismo. Esta ideia passou despercebida por gerações até ser levada a sério e ser mais desenvolvida por Richard Dawkins. Marais estudou minuciosamente um bando de babuínos[3] e destas observações surgiram vários artigos publicados em revistas e os livros My Friends the Baboons ('Meus amigos, os babuínos') e The Soul of the Ape (a alma do macaco). Marais é reconhecido como o pai do estudo científico do comportamento dos animais, a Etologia. No Waterberg, Marais estudou ainda a mamba-preta, a Naja mossambica (um tipo de cobra-de-capelo) e a biúta (Bitis arietans, conhecida por surucucu em Angola e Moçambique).[4]

Como chefe do Segundo Movimento da Língua Africâner, Marais preferia escrever em africâner. O seu trabalho foi traduzido para várias línguas quando ele já estava idoso ou mesmo após a sua morte. O livro Die Siel van die Mier ('A alma da térmita') foi plagiado pelo Nobel Maurice Maeterlinck, que publicou La Vie des Termites ('A vida das térmitas') em 1926, apropriando-se de muitas das ideias revolucionárias de Marais e fazendo-as passar por suas. Como belga, Maeterlinck — embora de expressão francesa — falava neerlandês, língua-mãe do africâner. Na época, era comum artigos publicados em africâner serem republicados em revistas de língua neerlandesa. Marais pensou em processar o belga, mas desistiu, devido à dificuldade imposta pela distância e logística.[5]

Trabalhos científicos

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  • Die Siel van die Mier - A alma do salalé, série de artigos publicados entre 1925 e 1926 na revista Die Huisgenoot
  • Die Siel van die Mier - A alma do salalé, livro publicado em 1934
  • My Friends the Baboons - Os meus amigos os babuínos
  • The Soul of the Ape - A alma do macaco, concluído em 1919, mas publicado pela primeira vez em 1969

Trabalhos literários

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  • Burgers van die Berge (1938)
  • Die Huis van Vier Winde
  • Die Leeus van Magoeba en Ander Verhale - Os leões de Magoeba e outros contos(1934)
  • Spore in die Sand en Ander Vertellings - Pegadas na areia e outras histórias
  • The Road to Waterberg and Other Essays
  • "Waar die Blomme Geur": Toneelspel vir Kinders in Een Bedryf (1933)
  • Versamelde Gedigte (1933) - Colectânea

Noite de Inverno

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Versos do mais famoso poema de Marais, Noite de Inverno, reconhecido como o primeiro poema em afrikaans com mérito literário:

Legado e reconhecimento

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Marais é lembrado com uma espécie de cicadácea, Encephalartos eugene-maraisii, descoberta por ele e que hoje carrega o seu nome. O seu trabalho pioneiro foi citado por entre outros Robert Ardrey[6]). Sendo o primeiro a estudar o comportamento de primatas em estado natural, as suas observações continuam a ser citadas em estudos biológicos evolucionários contemporâneos.[1]

O seu nome perdura hoje no prémio Eugene Marais Prize in Conservation Ecology na África do Sul.

Na literatura, é lembrado num dos mais prestigiados prémios da África do Sul O Prémio Eugène Marais da Literatura.

Referências

  1. Griffith, Jeremy (2013). Freedom Book 1. Part 4:7 Second Category of Thinker: Those who admitted the involvement of our moral instincts and corrupting intellect in producing the upset state of the human condition and who attempted to explain how those elements produced that upset psychosis. [S.l.]: WTM Publishing & Communications. ISBN 978-1-74129-011-0. Consultado em 28 de março de 2013 
  1. Opperman, D.J. Undated but probably 1962. Senior verseboek. Nasionale Boekhandel Bpk, Kaapstad. Negende druk, 185pp
  2. Schirmer, P. 1980. The concise illustrated South African encyclopedia. Central News Agency, Johannesburg. First edition, about 212pp.
  3. Rousseau, Leon 1982, The Dark Stream—The Story of Eugène Marais. Jonathan Ball Publishers, JeppesTown.
  4. Marais, Eugène, Soul of the Ape, Human and Rousseau (1937)
  5. Hogan, C.Michael, Mark L. Cooke and Helen Murray, The Waterberg Biosphere, Lumina Technologies Inc, May 22, 2006. [7]
  6. Ardrey, Robert The Territorial Imperative: A Personal Inquiry into the Animal Origins of Property and Nations, 1966