Philippe de Rothschild | |
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Rei das Vinícolas | |
Nascimento | Philippe Georges de Rothschild 13 de abril de 1902 Paris |
Morte | 20 de janeiro de 1988 (85 anos) Paris |
Residência | Pauillac |
Nacionalidade | francês |
Cidadania | França |
Etnia | ashkenazi |
Progenitores |
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Cônjuge | Élisabeth (1934—1945) Pauline (1954—1976) |
Filho(a)(s) | Philippine de Rothschild |
Irmão(ã)(s) | James-Henri de Rothschild |
Ocupação | viticultor, esportista, escritor, roteirista, produtor |
Período de atividade | 1922-1980 |
Principais trabalhos | Château Mouton Rothschild |
Distinções |
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Gênero literário | poesia |
[[File:Great coat of arms of Rothschild family.svg|]] Brasão familiar | |
Religião | judaica |
Página oficial | |
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Barão Philippe de Rothschild (Paris, 13 de abril de 1902 — Paris, 20 de janeiro de 1988) foi um nobre francês, automobilista, velejador, empresário, vinicultor e escritor diletante, que se tornou mais conhecido pela forma com que revolucionou a indústria do vinho a partir da década de 1920 e após a II Guerra Mundial quando retomou sua propriedade e produção.
Nasceu Philippe no seio de uma das mais ricas famílias europeias — a Rothschild de banqueiros judaicos, filho do barão Henri de Rothschild (pertencente ao ramo inglês da família) e de Mathilde Sophie Henriette von Weissweiller.[1]
Durante a I Guerra Mundial foi enviado pelos pais para a vinícola da família, a propriedade do Château Mouton, na comuna de Pauillac 35 milhas a norte de Bordéus (Bourdeaux), onde teve uma vida simples, pacata, sem energia elétrica ou água encanada — um ambiente tão bucólico que ele mais tarde relataria que os animais passeavam pelas adegas.[1]
Terminados os estudos e formado em ciências, passou a trabalhar no Laboratório de Pesquisas Físicas e foi em seguida nomeado membro do conselho administrativo do Instituto Curie de pesquisas do rádio; logo deixou a atividade científica para por alguns anos dedicar-se à construção do Théâtre Pigalle, inaugurado em 1929;[2] Ali apresentou e produziu peças de autores como Sacha Guitry, Jules Romains e Jean Giraudoux;[1] depois dirigiu um filme onde pela primeira vez aparecia a atriz Simone Simon.[2] Desde 1922 assumira a vinícola da família.[1]
Com a realização dos Jogos Olímpicos de 1924 em Paris, a inclusão da regata náutica encontrou o apoio dos amantes deste esporte em França e, para sua concretização, foi organizada uma comissão da qual Philippe, membro do Yacht Club francês, fez parte.[3] Participou ainda, como velejador, nos Jogos Olímpicos de 1928 em Amesterdão na classe de 6 metros, terminando na oitava posição.[4]
Realizou viagens de passeio por todos os continentes, que resultou num livro em que relata os registros das paisagens e caçadas realizadas; foi também escritor de artigos para jornais e revistas.[2] Em 1931 a revista carioca Para Todos... publicara um artigo de sua autoria, intitulado "Arranha-céu".[5]
Nos esportes dedicou-se ao automobilismo e ao iatismo, em ambos conquistando importantes vitórias.[2] Competiu com regularidade nas 24 Horas de Le Mans e no Grande Prêmio de Mônaco e, apesar de campeão de bobsleigh, recusou-se a participar dos Jogos Olímpicos de 1936, em protesto contra a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha.[1]
Em 1930 era amante da ex-dançarina erótica e então corredora Hellé Nice, e apresentou-a ao italiano Ettore Bugatti, que emprestou um de seus carros para que ela competisse.[6]
Em 20 de agosto de 1937, vindo a bordo do transatlântico inglês Asturias, Philippe com a esposa chegaram ao Brasil, onde passariam um mês no Rio de Janeiro, então a capital do país.[5] Nesta visita o barão manifestou seu interesse na exportação da erva mate para a Europa; seu pai, médico e autor dramático, já estivera na cidade dois anos antes, e a vinda do filho também chamava a atenção e expectativas de negócios; há cerca de um ano ele e o conde Fleurieu haviam fundado uma companhia destinada à importação do mate brasileiro.[2]
Com a invasão da França sua primeira esposa, Elisabeth de Chambure, foi presa pelos nazistas e deportada, vindo a morrer no campo de concentração de Ravensbrück em 1945; ele conseguira fugir através da Espanha e dali pelo norte da África, vindo então a se juntar a Charles de Gaulle e tomou parte, em 1944, no desembarque na Normandia.[1] Ele voltou a se casar em 1954 com a designer estadunidense Pauline Fairfax-Potter, com que passou a morar na propriedade de Mouton e ali fizeram um dos maiores e mais importantes museus sobre o vinho do mundo.[1]
Voltara a Mouton antes mesmo do final do conflito e encontrou a vinícola transformada com edificações militares feitas pelos alemães: plataformas para atiradores, torre de observação, trincheiras escavadas em meio aos parreirais e até casamatas; os nazistas ainda resistiam em Lesparre-Médoc e, quando foram finalmente derrotados e feitos milhares de prisioneiros, Philippe colocou muitos deles a trabalhar na propriedade para consertar os estragos que haviam feito no Château Mouton d'Armailhacq.[7]
Com a morte do pai em 1947 herdou o título de barão e tornou-se o dono de um terço da vinha; em menos de um ano ele comprou dos irmãos suas partes e continuou o afã de engrandecer sua marca.[7] Em 1974 já era considerado o Rei das Vinícolas, com a produção de seu bordeaux da marca Château Mouton Rothschild.[8]
Numa demonstração de sua posição e reconhecimento foi parado uma vez numa estrada da Califórnia e quando o policial lhe pediu a carta de motorista ele simplesmente respondeu: "Não tenho. Nunca tive. Veja, eu sou Philippe de Rothschild."[7]
Após uma longa doença, morreu aos oitenta e cinco anos, em sua casa parisiense.[1]
Durante a maior parte de sua vida lutou por levar os vinhos da casa Mouton à classificação de premier grand cru classé que fora estabelecida em 1855 e desde então nunca sofrera modificação — exclusivo de quatro casas: Margaux, Latour, Lafite (que pertencia ao ramo francês de seus primos) e Château Haut-Brion —; foi uma luta de meio século do barão, que reivindicava esta classificação para sua casa — a ponto de, estrategicamente e com ironia, manifestá-la no slogan da marca: Premier ne puis, second ne daigne, Mouton suis (em livre tradução: Primeiro não posso, segundo não me é digno, sou Mouton).[1]
Já em 1922 percebeu que a qualidade do vinho se perdia no engarrafamento, que era sempre feito por indústrias próprias distantes das vinícolas; Philippe então inovou a produção, trazendo o engarrafamento para a própria vinícola — o que depois foi copiado por todos os produtores.[1]
Em 1930 adquiriu a casa vizinha — Chateau d'Armailhacq — e mudou seu nome para Château Mouton-Baron-Philippe e que foi novamente modificado quando da morte de sua segunda mulher, em 1976, para Château Mouton-Baronne-Philippe; antes, em 1970, ele adquiriu outra propriedade, a Château Clerc Milon, que ficava entre sua vinícola e a dos primos rivais.[1]
Em 1945, com o fim da Grande Guerra, ele volta a produzir seu vinho e a primeira safra recebeu o nome nas etiquetas de "O Ano da Vitória"; o barão volta a inovar a indústria vinícola com a adoção de um rótulo ilustrado, e a partir daquele ano passa a contratar um grande artista para que produza uma obra para este fim: ao longo dos anos o vinho contou com Jean Cocteau (amigo da família, 1947), Georges Braque (1955), Salvador Dalí (1958) e muitos outros como Henry Moore, Andy Warhol e até o diretor de cinema John Huston.[1]
Em 1973 ele conseguiu o inédito feito de alterar a classificação dos Bordeaux de 1855, e tornou o seu Château Mouton Rothschild um dos premier grand cru; para festejar a realização ilustrou o rótulo com a reprodução da obra "Bacchanale", de Pablo Picasso e finalmente mudou o slogan do vinho para "Eu sou primeiro, eu fui segundo, Mouton nunca muda".[1]
Nos anos que antecederam sua morte sua única filha Philippine Sereys-Rothschild assumiu a direção dos negócios paternos.[1]
Além dos livros escritos, Philippe trabalhou com cinema na França. Sobre ele já foram escritos dois livros.
Escreveu várias obras de poesia, e fez a tradução de autores como Christopher Marlowe e Christopher Fry, havendo ainda feito o libreto do balé “Vendange”, de Darius Milhaud.[1] Dentre os livros escritos por Philippe de Rothschild estão:
Rothschild trabalhou como roteirista, cenógrafo, diretor artístico ou produtor em três filmes:[9]