Ramos | |
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Bairro do Rio de Janeiro ![]() | |
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Bairro de Ramos, sob a sombra da Igreja da Penha. | |
Área | 279,35 ha (em 2003) |
Fundação | 23 de outubro de 1886 (138 anos) |
Imigração predominante | ![]() |
IDH | 0,857 |
Habitantes | 40 792 (em 2010)[1] |
Domicílios | 15 012 (em 2010) |
Limites | Bonsucesso Complexo do Alemão Maré Olaria [2] |
Distrito | Ramos |
Subprefeitura | Zona Norte |
Região Administrativa | Ramos |
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Ramos é um bairro da Zona da Leopoldina, na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, no Brasil. Bairro carioca tradicional e um dos principais redutos do samba e chorinho carioca, faz limites com os bairros Olaria, ao norte, Complexo do Alemão, a oeste, Bonsucesso, ao sul, e Maré, que fica no outro lado da Avenida Brasil, a leste.[3] Seu IDH, no ano 2000, era de 0,857, o 47º melhor do município do Rio de Janeiro.[4]
Região de antigos engenhos de açúcar, chácaras e olarias que remontam ao século XVIII, no século XIX também viveu o surto do café.
A região do atual bairro de Ramos pertencia à Fazenda do Engenho da Pedra[5] (depois Fazenda N.S. de Bonsucesso), dentro da Sesmaria de Inhaúma. Ainda no século XVII, foram pioneiras as Estradas Velha do Engenho da Pedra e a Estrada Nova do Engenho da Pedra (atual Av.Teixeira de Castro), que davam acesso à região. Existiam outros caminhos que se comunicavam com o litoral, onde chegavam no “Cais de Pedra”, uma enorme pedra junto a Praia do Apicú (atual Praia de Ramos).[6]
Em 1868, com a inauguração da Estrada de Ferro Leopoldina, o capitão José Fonseca Ramos exigiu a construção de uma estação de trem em sua fazenda, uma vez que a ferrovia cruzava as suas terras. Essa iniciativa, que pretendia dar maior comodidade à sua família e agregados, fez nascer um dos mais tradicionais bairros do Rio de Janeiro.
A região ganhou um grande desenvolvimento quando foi urbanizada pelo engenheiro Joaquim Vieira Ferreira Sobrinho, que, por volta de 1910, fundou a Vila Gérson e a escola Gérson. Até hoje, vários logradouros ainda tem o nome dos parentes deste engenheiro, como a Rua Miguel Vieira Ferreira (seu pai), Rua Gerson Ferreira (seu filho) e a Rua Ruth Ferreira (sua esposa).[7]
Já no século XX, Ramos foi um dos redutos da elite da chamada Zona da Leopoldina. O Social Ramos Clube era frequentado por moradores ilustres e os convites para os seus salões eram disputados. Em 1938, o Cine Rosário era um dos maiores do Rio de Janeiro com seu projeto arquitetônico art decó.
Entre as agremiações carnavalescas do bairro, destaca-se a escola de samba Imperatriz, oito vezes campeã no carnaval carioca. O Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, fundado em 1961, tem sede em Olaria.[8], Ramos sempre se posicionou com enorme relevância no samba[9] do Rio de Janeiro.
Grandes nomes da música brasileira ligam-se ao bairro como os dos compositores Pixinguinha,[10] Villa-Lobos e, mais recentemente, Zeca Pagodinho e Almir Guineto.
Pixinguinha compôs o Hino de Ramos em 1965, para os festejos de 80 anos do bairro.
Villa-Lobos tornou-se assíduo frequentador ao conhecer a sua futura esposa durante uma visita a um amigo, músico, morador do bairro. Veio a ser, inclusive, um dos fundadores do bloco carnavalesco Recreio de Ramos.
Zeca Pagodinho e Almir Guineto ligam-se ao nome do Cacique de Ramos, que também é o berço de grupos como o Fundo de Quintal. Em 2009, a escola de samba Imperatriz, através do enredo "Imperatriz… Só quer mostrar que faz samba também" homenageou o bairro de Ramos na Marquês de Sapucaí.
Em 2012, o programa de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP) foi levado até o grupo de favelas que fazem vizinhança ao bairro pelo Sul. Este grupo de comunidades fazem parte do Complexo do Alemão e após este processo reduziu-se os índices de violência e criminalidade de todo o entorno.
Possui uma tradicional vizinhança capaz de contar histórias da época em que os morros eram propriedades privadas. Cortado pela linha férrea, o bairro possui uma praia eternizada no samba de Dicró Praia de Ramos. Até a década de 1970, início da década de 1980, ainda era utilizada pelos banhistas usuais, sendo a partir de então impraticável o uso, devido à péssima qualidade da água. Em 1994, com a definição dos limites geográficos do bairro da Maré a Praia de Ramos passou a fazer parte deste novo bairro. Em 15 de Dezembro de 2001, durante o governo Garotinho, inaugurou-se nesta mesma praia o Piscinão de Ramos, que apesar de ter o nome de Ramos, baseia-se apenas na Praia homônima no bairro da Maré. Em 2014 construiu-se a Transcarioca, mais uma opção de transporte ao bairro através de BRT. A implantação da mesma não veio acompanhada pelo prometido urbanismo do entorno[12][13] marcando Ramos com um grande abandono pela Prefeitura do Rio de Janeiro, sob gestão de Eduardo Paes,[14] em suas áreas públicas,[15][16][17] impacto ambiental,[18] além de desprover o bairro de áreas públicas para o lazer da população,[19][20][21] contrário ao previsto no Relatório Ambiental Simplificado do projeto:
"As praças, segundo os dados do IPP, são o tipo de espaço público mais comum nos bairros estudados, nas quais a população pode encontrar brinquedos infantis, quadras de esporte, bem como realizar atividades de comunhão social. A ausência de parques em todos os bairros e a ausência de jardins em Ramos, Olaria e Penha - bairros densamente habitados - nos revela que as praças são os espaços fornecidos pelo Estado para a socialização. No entanto, essas ainda se mostram em quantidade insuficiente, considerando as necessidades locais. "
A destruição de áreas verdes de lazer públicas[23] e as condições de poluição de seus rios, que acabaram sendo abandonados no Plano de Despoluição da Baia da Guanabara, foram assuntos que ganharam relevância internacional[14][24] durante os jogos Olímpicos, sendo como exemplo de um Legado Olímpico negativo para o mundo.
O bairro ocupa a 47ª posição (dados 2000) dentre os bairros do município em relação ao índice de desenvolvimento humano com índice de 0,857.[25] O IDH-L (Longevidade) é de 0,816, IDH-E (Educação) é de 0,943 e IDH-R (Renda) com índice de 0,813. A população de Ramos é de 40792 habitantes, sendo esta aproximadamente 47% masculina e 53% feminina.[26] 25% da população é menor de 20 anos de idade, 58% da população está entre 20 e 64 anos de idade, e o restante 17% estão acima de 65 anos de idade. A renda per capita do bairro de Ramos é de 2464 reais por pessoa. O bairro possui 11819 domicílios, sendo estes 56% casas, 43,5% apartamentos e 0,5% de Cômodos
O bairro de Ramos é sede da região administrativa de Ramos. Os integrantes da região administrativa são: Ramos, Bonsucesso, Olaria e Manguinhos. Ramos também é integrante de uma região não oficial, de identificação cultural e histórica da população, chamada de Zona da Leopoldina
A denominação; delimitação e codificação do bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Nº 2055 de 9 de dezembro de 1993, que delimita a região administrativa e o bairro do Complexo do Alemão e pela Lei Nº 2119 de 19 de janeiro de 1994 que cria o bairro da Maré.
Ramos faz parte do calendário de datas oficiais comemorativas do Rio de Janeiro, sendo a semana de 23 de Outubro uma semana dedicada ao bairro.[27]
O sistema viário do bairro integra todas as regiões do município do Rio de Janeiro (zonas norte, sul e oeste), além de possuir integração com outros municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A linha 940 (Ramos x Madureira), da Caprichosa Auto Onibus é a única linha de ônibus com ponto final no bairro, na altura da Avenida Brasil. A linha passa pelos bairros de Olaria, Penha, Penha Circular, Brás de Pina, Vila da Penha, Vista Alegre, Irajá, Vicente de Carvalho, Vila Kosmos (apenas em direção a Ramos), Vaz Lobo e Madureira.
O bairro possui duas estações do BRT Transcarioca, a Estação Santa Luzia e a Estação Cardoso de Moraes, além das estações nos bairros vizinhos de Olaria e Maré.
Ramos possui a Estação de Trem de Ramos que pertence a Linha de Saracuruna da SuperVia do Rio de Janeiro, que possui mais de 130 anos (23 de outubro de 1886), e na qual circulam quase 861.000 pessoas por ano(dados de 2015).
Social Ramos Clube - Clube privado com estrutura aos seus sócios
SESC de Ramos - Clube dos Comerciários com atividades abertas a comunidade
Cacique de Ramos - Bloco Carnavalesco
GRES Imperatriz Leopoldinense - Escola de Samba
Cine Rosário - Antigo cinema construído em 1938, tombado em 1997
O bairro foi retratado na telenovela global Bandeira 2, exibida em 1971 e que teve grande parte de sua ambientação gravada na quadra da GRES Imperatriz Leopoldinense e em ruas do bairro. Já o Piscinão de Ramos, também ambientaria algumas cenas de outra telenovela global, O Clone, exibida em 2002 e que o tornou conhecido nacionalmente.