Reinaldo Azambuja | |
---|---|
11.º Governador do Mato Grosso do Sul | |
Período | 1.º de janeiro de 2015 a 1.º de janeiro de 2023 |
Vice-governador | Rose Modesto (2015-2019) Murilo Zauith (2019-2023) |
Antecessor(a) | André Puccinelli |
Sucessor(a) | Eduardo Riedel |
Deputado Federal por Mato Grosso do Sul | |
Período | 1.º de fevereiro de 2011 a 29 de dezembro de 2014 |
Deputado Estadual pelo Mato Grosso do Sul | |
Período | 1.º de fevereiro de 2007 a 1.º de fevereiro de 2011 |
Prefeito de Maracaju | |
Período | 1.º de janeiro de 1997 a 1.º de janeiro de 2005 |
Antecessor(a) | Rogério Lopes Posser |
Sucessor(a) | Maurilio Azambuja |
Dados pessoais | |
Nascimento | 13 de maio de 1963 (61 anos) Campo Grande, MS, Brasil |
Partido | PSDB (1996-presente) |
Profissão | Agropecuarista |
Reinaldo Azambuja Silva (Campo Grande, 13 de maio de 1963) é um fazendeiro e político brasileiro filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira. Foi o 11.º governador do Mato Grosso do Sul de 1º de janeiro de 2015 a 1º de janeiro de 2023. Antes de seu governo, Azambuja ocupou vários cargos políticos, incluindo deputado federal e estadual por Mato Grosso do Sul, e prefeito de Maracaju.[1]
Nascido em Campo Grande, filho de Zulmira Azambuja Silva e Roberto de Oliveira Silva, já falecido, Reinaldo Azambuja começou a cursar Administração de Empresas na Universidade Católica Dom Bosco, em sua cidade natal, mas desistiu no mesmo ano, em 1982, surpreendido pela morte do pai e impulsionado a assumir os negócios agropecuários da família.[2] Mudou-se para Maracaju, no interior do estado, após completar 18 anos, e se casou com Fátima Silva um ano depois da morte de seu pai. Reinaldo tem três filhos: Thiago, Rafael e Rodrigo.[3]
Filiado ao PSDB, elegeu-se prefeito de Maracaju em 1996, concorrendo com Germano Francisco Bellan (PDT) e Luiz Gonzaga Prata Braga (PTB). Reinaldo se elegeu para seu primeiro mandato em Maracaju com 44,03% dos votos válidos.[4] Reinaldo também foi reeleito em 2000 com 61,61% do eleitorado, contra Albert Cruz Kuendig (PT), e sucedido em 2005 por seu primo, Maurílio Azambuja (PFL). Além disso, durante este período também presidiu a Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul).[4]
Em 2006, elegeu-se deputado estadual e obteve a maior votação da história de Mato Grosso do Sul, atingindo cerca de 47.772 votos.[5] Nas disputas de 2010, elegeu-se deputado federal pela coligação Amor, Trabalho e Fé, com cerca de 122.213 votos válidos.
Candidatou-se à Prefeitura de Campo Grande em 2012, obtendo 113.629 votos no primeiro turno, equivalente a 25,43% dos votos válidos, mas perdeu a disputa para o segundo turno, que aconteceu entre os candidatos Giroto, do PMDB, e Alcides Bernal, do PP, tendo este último saído como vencedor na disputa pelo cargo.[6]
Nas eleições de Mato Grosso do Sul em 2014 concorreu ao cargo de governador em chapa com a vereadora de Campo Grande, Rose Modesto (PSDB). Concorrendo com o ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB) e do então senador do PT, Delcídio Amaral. Azambuja terminou o primeiro turno em segundo lugar, revertendo a colocação e se elegendo governador em segundo turno com 55,34% dos votos contra o candidato Delcídio Amaral.[7]
No primeiro ano de administração, Azambuja tinha cumprido seis das 23 promessas de campanha, além de ter começado a cumprir outras duas ao longo de 2015.[8] No ano de 2016, o número mudou para cinco promessas cumpridas e três foram executadas parcialmente, enquanto outras quinze das promessas dadas pelo governador não foram realizadas.[8] No terceiro ano de mandato, o governador já tinha cumprido nove promessas e continuava executando outras três, enquanto 11 ainda não haviam sido colocadas em prática.[8][9] Em julho de 2018, Reinaldo já tinha cumprido 12 das 23 promessas de campanha, parte dos quatro compromissos e ainda não havia colocado em prática outros sete projetos.[8][10]
Em setembro de 2016, o governo Azambuja recebeu 50% de aprovação, de acordo com a pesquisa da IBOPE Inteligência.[11] Uma outra pesquisa do instituto, contratada pela TV Morena, apontou que o chefe do Executivo tinha 37% de avaliação regular, 36% boa, 12% ótima, 7% péssima e 4% ruim.[12] Já em abril de 2017, Azambuja recebeu 70,97% de aprovação popular, somando as avaliações "Ótima", "Boa" e "Regular". Os dados foram apurados pelo Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul (Ipems) e divulgados pelo jornal Correio do Estado.[13]
Em novembro de 2017, propôs uma reforma da previdência estadual,[14] tendo 15 votos favoráveis e quatro votos contrários na primeira votação.[15] Consequentemente, a bancada do PT na Assembleia Legislativa foi à Justiça para suspender a tramitação da proposta, mas o mandado de segurança foi negado.[16] Na semana seguinte, sindicalistas lotaram a Casa, chegando a ocupar o plenário para impedir a votação final.[17] A sessão foi suspensa e o projeto precisou ser pautado novamente.[18] Para garantir a aprovação, a Assembleia reforçou a segurança com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar. O acesso foi limitado, provocando confronto entre militares e manifestantes,[19] além da prisão de um servidor suspeito de destruir uma das portas de entrada.[19] Por 13 votos a 7, a reforma foi aprovada em segunda discussão, com a presença de policiais em plenário para garantir a ordem,[19] e sancionada no mês seguinte.[20] Azambuja declarou em seguida não se preocupar com o impacto das medidas na eleição[18][21] e que opositores iriam apoiar futuramente suas medidas.[22]
No mês de agosto de 2018, o governo Azambuja recebeu avaliação regular de 38%, 37% consideraram ótimo ou bom, 23% opinaram que seria ruim ou péssimo e 3% não souberam responder. Contratada pela TV Morena, a pesquisa foi realizada pela IBOPE Inteligência.[9] Outra sondagem, do instituto Real Time Big Data, apontou que a administração do tucano tinha 53% de aprovação, contra 32% de rejeição. 15% dos entrevistados não souberam ou não opinaram.[23] Em setembro, a gestão do governador recebeu 46% de avaliação ótima ou boa, 32% dos entrevistados consideraram regular, 17% acharam ruim ou péssimo e 5% não souberam opinar.[9] No mês de outubro, a administração de Azambuja recebeu 55% de aprovação positiva; 31% não gostavam da forma do tucano governar o estado e 14% não souberam opinar.[23] Ao fim do primeiro mandato, o governador tinha cumprido 13 promessas de campanha, colocado sete delas parcialmente em prática e descumprido outras sete.[8]
Nas eleições estaduais de 2018, Azambuja concorreu à reeleição do governo do estado. Como vice, foi indicado o ex-prefeito de Dourados e ex-vice-governador Murilo Zauith (DEM).[24] Entre os concorrentes estavam o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci (PT), o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, Junior Mochi e o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT). Contra o último, Azambuja classificou-se para o segundo turno, o vencendo com 52.35% dos votos.[9]
Na posse de seu primeiro mandato, o gabinete de Reinaldo Azambuja foi composto dos seguinte secretários:
PSDB (8) / Independente (3) / PPS (1)
Pasta | Incumbente | Partido | |
---|---|---|---|
Administração e Desburocratização | Carlos Alberto de Assis | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Casa Civil | Sérgio de Paula | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação | Athayde Nery | Partido Popular Socialista | |
Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente | Jaime Verruck | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Direitos Humanos, Inclusão e Assistência Social | Rose Modesto | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Educação | Maria Cecilia Amendola da Motta | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Fazenda | Marcio Monteiro | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Governo e Gestão Estratégica | Eduardo Riedel | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Habitação | Maria do Carmo Avesani | Independente | |
Infraestrutura | Marcelo Miglioli | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Justiça e Segurança Pública | Silvio Cesar Maluf | Independente | |
Saúde | Nelson Tavares | Independente |
Na posse de seu segundo mandato, o gabinete de Reinaldo Azambuja foi composto dos seguinte secretários:
PSDB (6) / Independente (3) / DEM (1)
Pasta | Incumbente | Partido | |
---|---|---|---|
Administração e Desburocratização | Roberto Hashioka | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Articulação Política | Sérgio de Paula | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente | Jaime Verruck | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Direitos Humanos, Inclusão e Assistência Social | Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre | Independente | |
Educação | Maria Cecilia Amendola da Motta | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Fazenda | Felipe Mattos de Lima Ribeiro | Independente | |
Governo e Gestão Estratégica | Eduardo Riedel | Partido da Social Democracia Brasileira | |
Infraestrutura | Murilo Zauith | Democratas | |
Justiça e Segurança Pública | Antônio Carlos Videira | Independente | |
Saúde | Geraldo Resende | Partido da Social Democracia Brasileira |
Ano | Eleição | Cargo | Partido | Coligação | Vice | Votos | % | Resultado |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1996 | Municipais de Maracaju | Prefeito | PSDB | — | 5.461 | 44,03% | Eleito [28] | |
2000 | Municipais de Maracaju | Prefeito | Unidos por Maracaju | 8.434 | 61,61% | Eleito [29] | ||
2006 | Estaduais de Mato Grosso do Sul | Deputado Estadual | Amor, Trabalho e Fé | — | 47.772 | 3,92% | Eleito [30] | |
2010 | Estaduais de Mato Grosso do Sul | Deputado Federal | Amor, Trabalho e Fé (I) | — | 122.213 | 9,54% | Eleito [31] | |
2012 | Municipais de Campo Grande | Prefeito | Novo Tempo | Athayde Nery
(PPS) |
113.629 | 25,9% | Não eleito [32]
3º lugar | |
2014 | Estaduais de Mato Grosso do Sul | Governador | Novo Tempo | Rose Modesto
(PSDB) |
741.516 | 55,34% | Eleito [33]
2º turno | |
2018 | Estaduais de Mato Grosso do Sul | Avançar com Responsabilidade | Murilo Zauith
(DEM) |
677.310 | 52,35% | Eleito [34]
2º turno |
Em maio de 2017, Azambuja foi citado na delação premiada do empresário Wesley Batista, da JBS.[35][36] Conforme o acordo de colaboração premiada, um esquema de propina iniciado na administração Zeca do PT, continuou no governo Puccinelli e esteve ativa também na gestão do tucano. Azambuja teria recebido 45,6 milhões de reais em propina, e membros do governo teriam emitido notas fiscais falsas, como o secretário de estado de Fazenda, Márcio Monteiro, e o diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS), Nelson Cintra.[37] Em nota, o governador declarou que as acusações eram falsas, além de ter prestado contas das doações à Justiça Eleitoral e que a assinatura do termo de incentivos fiscais teve embasamento legal.[38] Por decisão do ministro do STF, Edson Fachin, o STJ iniciou a investigação contra o tucano, aberta em agosto, obtendo acesso parcial ao processo em dezembro.[39]
A divulgação da delação levou à cinco pedidos de impeachment contra Azambuja.[19][39][40] Porém, a Assembleia Legislativa preferiu abrir uma comissão especial para investigar as denúncias,[41] que acabou se convertendo em uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra a JBS.[19] A CPI trabalhou durante três meses e não investigou o governador.[42] O relatório final, aprovado pela Casa,[19] foi entregue ao Tribunal de Justiça (TJ-MS) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS).[43]
Em maio de 2017, Reinaldo e o secretário de estado da Casa Civil também foram acusados por empresários do ramo agropecuário de cobrar propina para indústrias operarem no estado.[19][44] Em nota, o governador declarou que as denúncias são tendenciosas e informou que o grupo foi processado por fraude à Justiça.[45] Em janeiro de 2018, a PGR arquivou denúncia contra Reinaldo por suspeita de oferecer vantagens ilícitas a uma empresa. O político reforçou a inocência e garantiu nunca ter sido investigado ou processado.[46] Já em junho, o STJ desmembrou denúncia sobre propina de indústrias, manteve a investigação contra o governador na corte e remeteu os demais documentos à 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.[47] Em outubro de 2018, o STJ arquivou por unanimidade a investigação, do suposto esquema de troca de propina contra Reinaldo. O Ministério Público não encontrou provas do envolvimento do político, levando a esta decisão da Corte Especial do tribunal.[48]
Reinaldo também foi um dos alvos da operação Vostok, da Polícia Federal, em setembro de 2018, que investiga um esquema de propina por meio de isenções fiscais a frigoríficos do estado.[49] Azambuja prestou depoimento e foi proibido de se comunicar com outros investigados, incluindo o filho, Rodrigo Souza, preso na operação.[50] Após a ação da PF, a então candidata do PSL ao Senado, Soraya Thronicke, e seu primeiro suplente, Danny Fabrício Cabral Gomes, protocolaram na Assembleia um pedido de impeachment contra o governador.[51]