Jaime Cortesão OSE • GCIH • GOL | |
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Jaime Cortesão (c. 1910)
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Nome completo | Jaime Zuzarte Cortesão |
Nascimento | 29 de abril de 1884 Ançã, Cantanhede |
Morte | 14 de agosto de 1960 (76 anos) Lapa, Lisboa |
Nacionalidade | português |
Cônjuge | Carolina Cortesão |
Ocupação | médico, político, escritor e historiador |
Magnum opus | Memórias da Grande Guerra (1919) |
Jaime Zuzarte Cortesão OSE • GCIH • GOL (Ançã, Cantanhede, 29 de Abril de 1884 – Lapa, Lisboa, 14 de Agosto de 1960[1]) foi um médico, político, professor, escritor e historiador português. Filho do filólogo António Augusto Cortesão, foi irmão do historiador Armando Cortesão e pai da renomeada ecologista Maria Judith Zuzarte Cortesão e da poetisa Maria da Saudade Cortesão, esposa do poeta modernista Murilo Mendes.
Nasceu a 29 de abril de 1884, na freguesia de Ançã, Cantanhede, onde foi batizado a 24 de junho de 1884, como filho de António Augusto Cortesão, médico, natural de São João do Campo, Coimbra, e de Norberta Cândida Zuzarte Cortesão, proprietária, natural do Porto.[2]
Estudou no Porto, em Coimbra e em Lisboa, vindo a formar-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em 1909, sendo iniciado na Maçonaria nesse ano, na loja Redenção, com o nome simbólico de Guyau.[3] Leccionou no Porto de 1911 a 1915, quando foi eleito deputado por aquela cidade.
Casou em Coimbra, freguesia de São Silvestre, a 1 de janeiro de 1912, com a sua prima Carolina Ferreira Cortesão (São João do Campo, Coimbra, 27 de maio de 1888 - Lapa, Lisboa, 17 de julho de 1991), filha de Júlio Maria Ferreira, negociante, exposto na roda de Coimbra, e de Maria Madalena Cortesão, natural de São João do Campo, Coimbra.[2][4]
Em plena Primeira Guerra Mundial defendeu a participação do país no conflito, tendo participado como voluntário do Corpo Expedicionário Português, no posto de capitão-médico, e publicado as memórias dessa experiência.[5][6]
Em “Post-Scriptum”, Jaime Cortesão abandona a Política, decidido e desiludido com a mesma, escreve:
“O facto de escrever este livro tem uma consequência lógica e moral: — afastar-me da vida partidária.”
“Sujeitei-me assim a todas as consequências da fé política imputada.”
“Hoje a grande obra de defesa da República é atualizá-la com nobreza e inteligência. A única maneira de a garantir é torná-la progressiva e fecunda, fazê-la entrar nas grandes correntes do trabalho moderno.”
“Um homem, que procura a beleza e a verdade, não deve manchar essa missão com a cegueira das paixões políticas. Os que nasceram para cantar e exaltar os corações alheios devem ter a voz clara e isenta e não hipotecar a sua liberdade por um fio que seja.”
“Venho de empenhar o meu esforço em luta de tamanha grandeza que não mais posso servir mentiras ou misturar-me em prélios mesquinhos. A guerra armou-me com uma alta e aguda lança. Mais do que nunca eu quero combater. Proponho-me, todavia, não a empunhar em defesa dos erros alheios, nem lhe manchar o brilho na poeira torva, que levantam os maus combates.”[7]
Continuaria a combater pelos desígnios em que acreditava. Fundou, com Leonardo Coimbra e outros intelectuais, em 1907 a revista Nova Silva[8] (1907). Em 1910, com Teixeira de Pascoaes, colaborou na fundação da revista A Águia, e, em 1912 iniciou Renascença Portuguesa, que publicava o boletim A Vida Portuguesa. Teve igualmente colaboração nas revistas Atlantida[9] (1915-1920), Homens Livres[10] (1923), Ilustração[11] (1926-), Illustração portugueza (1903-1924)) e na revista Serões (1901-1911). Em 1919 foi nomeado director da Biblioteca Nacional de Portugal e a 28 de Junho desse ano foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[12] Em 1921, abandonando a Renascença Portuguesa, foi um dos fundadores da revista Seara Nova.
Participou numa tentativa de derrube da ditadura militar portuguesa, presidindo a Junta Revolucionária estabelecida no Porto. Por esse motivo foi demitido de seu cargo na Biblioteca Nacional de Lisboa (1927), vindo a exilar-se em França, de onde saiu em 1940, quando da invasão daquele país pelas forças da Alemanha Nazi no contexto da Segunda Guerra Mundial. Dirigiu-se para o Brasil através de Portugal, onde veio a estar detido por um curto espaço de tempo.[1]
No Brasil, fixou-se no Rio de Janeiro, dedicando-se ao ensino universitário, especializando-se na história dos Descobrimentos Portugueses (de que resultou a publicação da obra homónima) e na formação territorial do Brasil. Por uma década lecionou no Instituto Rio Branco, ligado ao Itamaraty. Em 1952, organizou a Exposição Histórica de São Paulo, para comemorar o 4.º centenário da fundação da cidade.
Regressou a Portugal em 1957. Envolvendo-se na campanha de Humberto Delgado, foi preso por 4 dias com António Sérgio, Vasco Vieira de Almeida e Mário de Azevedo Gomes em 1958, ano em que veio a ser eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
Morreu a 14 de agosto de 1960, em sua casa, na Rua João de Deus, 19, 3.º, freguesia da Lapa, em Lisboa, vítima de trombose cerebral, aos 76 anos.[13]
A 30 de Junho de 1980 foi feito Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e a 3 de Julho de 1987 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, ambas a título póstumo.[12]
Precedido por — |
Director da Biblioteca Nacional [1919 - 1927 |
Sucedido por — |