Wallemiomycetes

Como ler uma infocaixa de taxonomiaWallemiomycetes
Classificação científica
Reino: Fungi
Sub-reino: Dikarya
Filo: Basidiomycota
Subfilo: Agaricomycotina
Classe: Wallemiomycetes
Zalar, de Hoog & Schroers (2005)[1][2]
Ordem: Wallemiales
Zalar, de Hoog, & Schroers (2005)
Família: Wallemiaeae
R.T. Moore (1966)[3]
Género: Wallemia
Johan-Olsen (1887)
Espécie-tipo
Wallemia ichthyophaga
Espécies

Wallemiomycetes é uma classe de fungos do filo Basidiomycota. Consiste de uma única ordem Wallemiales, contendo uma única família Wallemiaceae, que por sua vez inclui um único género, Wallemia, com três espécies validamente descritas. Os membros desta classe são bolores xerófilos com distribuição cosmopolita, que tipicamente contaminam alimentos secos.[4][5][2]

A origem filogenética da linhagem foi colocada em várias partes de Basidiomycota, mas, de acordo com a análise de um conjunto de dados maior, é um grupo irmão de Agaricomycotina.[4][5]

O gênero contém espécies de fungos xerofílicos que são encontrados em todo o mundo. As espécies descritas (W. sebi, W. ichthyophaga, W.  muriae, W. mellicola, W. canadensis, W. tropicalis e W. hederae) distinguem-se pelo tamanho dos conídios, xerotolerância, halotolerância, caotolerância, regimes de temperatura de crescimento, perfis de atividade enzimática extracelular e padrões de metabólitos secundários.[1][6]

As espécies deste grupo são normalmente isoladas a partir de alimentos de baixa humidade (como bolos, pão, açúcar, amendoim, peixe seco), poeira do ar interno, salinas e solo.[1] Acredita-se que W. sebi seja uma das causas da pneumonite de hipersensibilidade conhecida como doença pulmão do agricultor,[7] mas como as outras espécies foram reconhecidas e separadas de W. sebi apenas recentemente, o seu papel na doença não pode ser excluído.[1]

A tolerância à baixa atividade de água é geralmente muito mais frequente entre fungos ascomicetos do que basidiomicetos, e os fungos xerotolerantes também são capazes de crescer em meio de crescimento regular com atividade de água normal (ao contrário de, por exemplo, os grupos halofílicos de Archaea).[8] No entanto, as espécies do género Wallemia são uma exceção a ambas as regras: todas as espécies podem tolerar altas concentrações de açúcares e sais (W. ichthyophaga cresce mesmo em meios saturados com cloreto de sódio), enquanto W. muriae e W. ichthyophaga não podem ser cultivados a menos que a atividade de água do meio seja reduzida.[1]

Estudos sobre Wallemia sebi mostraram que a espécie produz numerosos compostos metabólicos secundários, incluindo walleminol, walleminona, wallemia A e C e azasteroide UCA1064-B.[9] Um estudo abrangente realizado em outras espécies da classe descobriu que os metaboólitos secundários são consistentemente produzidos por Wallemiomycetes e sua produção é, ao contrário das presunções comuns, aumentada como uma resposta ao aumento da concentração de NaCl. Em particular, um aumento na concentração de NaCl de 5% para 15% no meio de crescimento aumentou a produção dos metabolitos tóxicos wallimidiona, walleminol e walleminona.[10]

Acredita-se que a parede celular e as alterações morfológicas das espécies Wallemia desempenhem um papel importante na adaptação à baixa atividade de água.[11]

A sequência genómica completa de Wallemia sebi[4] e Wallemia ichthyophaga[5] está determinada e disponível para estudo.

  1. a b c d e Zalar P, Sybren de Hoog G, Schroers HJ, Frank JM, Gunde-Cimerman N (Maio 2005). «Taxonomy and phylogeny of the xerophilic genus Wallemia (Wallemiomycetes and Wallemiales, cl. et ord. nov.)». Antonie van Leeuwenhoek. 87 (4): 311–28. PMID 15928984. doi:10.1007/s10482-004-6783-x 
  2. a b Zalar P, de Hoog GS, Schroers HJ, Frank JM, Gunde-Cimerman N. (2005). «Taxonomy and phylogeny of the xerophilic genus Wallemia (Wallemiomycetes and Wallemiales, cl. et ord. nov.)». Antonie Van Leeuwenhoek International Journal of General and Molecular Microbiology. 87 (4): 311–28 
  3. Sneh B, Jabaji-Hare S, Neate S, Dijst G (1996). Rhizoctonia species: Taxonomy, Molecular Biology, Ecology, Pathology and Disease Control. [S.l.]: Springer. p. 20. ISBN 978-0-7923-3644-0 
  4. a b c Padamsee M, Kumar TK, Riley R, Binder M, Boyd A, Calvo AM, Furukawa K, Hesse C, Hohmann S, James TY, LaButti K, Lapidus A, Lindquist E, Lucas S, Miller K, Shantappa S, Grigoriev IV, Hibbett DS, McLaughlin DJ, Spatafora JW, Aime MC (Março 2012). «The genome of the xerotolerant mold Wallemia sebi reveals adaptations to osmotic stress and suggests cryptic sexual reproduction». Fungal Genetics and Biology (Submitted manuscript). 49 (3): 217–26. PMID 22326418. doi:10.1016/j.fgb.2012.01.007 
  5. a b c Zajc J, Liu Y, Dai W, Yang Z, Hu J, Gostinčar C, Gunde-Cimerman N (Setembro 2013). «Genome and transcriptome sequencing of the halophilic fungus Wallemia ichthyophaga: haloadaptations present and absent». BMC Genomics. 14. 617 páginas. PMC 3849046Acessível livremente. PMID 24034603. doi:10.1186/1471-2164-14-617 
  6. Jančič S, Nguyen HD, Frisvad JC, Zalar P, Schroers HJ, Seifert KA, Gunde-Cimerman N (27 de maio de 2015). «A Taxonomic Revision of the Wallemia sebi Species Complex». PLOS ONE. 10 (5): e0125933. Bibcode:2015PLoSO..1025933J. PMC 4446336Acessível livremente. PMID 26017053. doi:10.1371/journal.pone.0125933Acessível livremente 
  7. Reboux G, Piarroux R, Mauny F, Madroszyk A, Millon L, Bardonnet K, Dalphin JC (Junho 2001). «Role of molds in farmer's lung disease in Eastern France». American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. 163 (7): 1534–9. PMID 11401869. doi:10.1164/ajrccm.163.7.2006077 
  8. Gostincar C, Grube M, de Hoog S, Zalar P, Gunde-Cimerman N (Janeiro 2010). «Extremotolerance in fungi: evolution on the edge». FEMS Microbiology Ecology. 71 (1): 2–11. PMID 19878320. doi:10.1111/j.1574-6941.2009.00794.xAcessível livremente 
  9. Desroches TC, McMullin DR, Miller JD (Outubro 2014). «Extrolites of Wallemia sebi, a very common fungus in the built environment». Indoor Air. 24 (5): 533–42. PMID 24471934. doi:10.1111/ina.12100Acessível livremente 
  10. Jančič S, Frisvad JC, Kocev D, Gostinčar C, Džeroski S, Gunde-Cimerman N (30 dezembro 2016). «Production of Secondary Metabolites in Extreme Environments: Food- and Airborne Wallemia spp. Produce Toxic Metabolites at Hypersaline Conditions». PLOS ONE. 11 (12): e0169116. Bibcode:2016PLoSO..1169116J. PMC 5201246Acessível livremente. PMID 28036382. doi:10.1371/journal.pone.0169116Acessível livremente 
  11. Kralj Kuncic M, Kogej T, Drobne D, Gunde-Cimerman N (Janeiro 2010). «Morphological response of the halophilic fungal genus Wallemia to high salinity». Applied and Environmental Microbiology. 76 (1): 329–37. Bibcode:2010ApEnM..76..329K. PMC 2798636Acessível livremente. PMID 19897760. doi:10.1128/AEM.02318-09