Urbano Tavares Rodrigues | |
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Nome completo | Urbano Augusto Tavares Rodrigues |
Nascimento | 6 de dezembro de 1923 Lisboa, Portugal |
Morte | 9 de agosto de 2013 (89 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Portuguesa |
Alma mater | Universidade de Lisboa |
Ocupação | Escritor, jornalista, crítico e professor universitário |
Principais trabalhos | Os Insubmissos; Desta Água Beberei; A Flor da Utopia... |
Prémios | Prémio Ricardo Malheiros (1958) Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1986) |
Urbano Augusto Tavares Rodrigues GCSE • GCIH (Lisboa, 6 de dezembro de 1923 — Lisboa, 9 de agosto de 2013) foi um escritor e jornalista português.[1]
Urbano Tavares Rodrigues nasceu na cidade de Lisboa, em 6 de Dezembro de 1923, filho do escritor Urbano da Palma Rodrigues,[2] de uma família de grandes proprietários agrícolas.[3] Passou a infância e a adolescência na região do Alentejo,[2] tendo frequentado a escola primária em Moura.[1] Estudou depois no Liceu de Camões, em Lisboa, com o seu irmão Miguel Urbano Rodrigues.[2] Tirou a licenciatura em filologia românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.[1] Embora tivesse sido educado num ambiente católico tradicional, abandonou a religião durante a sua adolescência, por motivos morais.[3]
Exerceu como professor, primeiro no Liceu de Camões e a partir de 1957 na Faculdade de Letras, a convite de Vitorino Nemésio, onde ensinou Literatura Francesa e Portuguesa.[2] No ano seguinte, apoiou a candidatura de Humberto Delgado a presidente da república, tendo sido por esse motivo interdito de trabalhar como professor em estabelecimentos de ensino do estado.[2] Esteve preso em Caxias, tendo-se depois exilado em França.[1] Na cidade de Paris, esteve com algumas das figuras intelectuais mais marcantes dos anos 50, como Albert Camus,[1] que o influenciaram no Existencialismo francês.[3] Foi leitor de português nas Universidades de Montpellier, Aix-en-Provence e Sorbonne, em Paris,[2] entre 1949 e 1955.[3]
No Regresso a Portugal, ensinou no Colégio Moderno e no Liceu Francês.[2] Começou igualmente a trabalhar em publicidade e no jornalismo, tendo escrito para os periódicos Artes e Letras, Jornal do Comércio, O Século e Diário de Lisboa, onde fez crítica teatral,[2] Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Vértice e Nouvel Observateur.[3] Ocupou igualmente a posição de director na revista Europa,[3] e escreveu crónicas de viagens de várias partes do mundo para o jornal Diário de Lisboa,[2] que foram compiladas nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958).[3]
Urbano Tavares Rodrigues foi um defensor dos ideais democráticos, tendo sido em grande parte influenciado pelo seu pai, de índole republicana, que apoiou a candidatura de Manuel Teixeira Gomes à presidência da República.[2] Lutou contra o governo ditatorial, tendo enfrentado a polícia de choque duas vezes, uma delas em meados da década de 1960, contra a deportação de um amigo, tendo ficado com um dos braços fracturado.[2] Foi atacado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado desde a sua juventude, tendo chegado a ser preso em 1963 e 1968.[2] Era amigo de Mário Soares, ligação que esmoreceu com a integração de Urbano Tavares Rodrigues no Partido Comunista Português.[1] Com efeito, fez parte da direcção intelectual do partido, embora tenha-se recusado a utilizar as suas obras como um instrumento de propaganda, e tenha fortemente criticado, em diversas ocasiões, a linha estalinista.[3] Autoclassificou-se como um comunista heterodoxo, ideais que se reflectiram no seu estilo literário.[3] Devido às suas diferenças culturais em relação à linha comunista, chegou a ter problemas dentro do partido, embora tenha permanecido como militante.[3] Segundo o próprio, foi devido aos seus ideais políticos que nunca chegou a receber o Prémio Camões.[3]
Urbano Tavares Rodrigues destacou-se igualmente como crítico literário e como escritor, tendo publicado principalmente obras de romance, prosa poética, conto, poesia[1] e ensaios.[2] O seu primeiro livro foi a colectânea de novelas e contos A Porta dos Limites, em 1952, que foi bem recebido pela crítica.[2][4] Apesar dos problemas que enfrentou durante a ditadura, ainda escreveu cerca de vinte obras de ficção durante esse período, tendo a última sido Estrada de Morrer, em 1972.[2]
Continuou a escrever após a restauração da democracia em 1974, tendo publicado cerca de um livro por ano até ao seu falecimento, totalizando mais de quarenta obras.[2] Ainda em 1974 publicou a obra Dissolução.[2] O seu último livro antes de falecer foi A Imensa Boca dessa Angústia e Outras Histórias, tendo a editora D. Quixote editado postumamente a sua obra Nenhuma Vida, e em 2007 iniciou a publicação das suas obras completas.[2] Também apoiou as carreiras de vários escritores, tendo escrito prefácios ou feito apresentações públicas de diversas obras.[2] Um dos seus poemas foi musicado pelo cantor Adriano Correia de Oliveira.[2]
Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, Urbano Tavares Rodrigues retomou a sua carreira docente na Faculdade de Letras, onde se doutorou em 1984 com a tese Manuel Teixeira Gomes: O Discurso do Desejo.[2] Jubilou-se em 1993 com a posição de professor catedrático.[2]
Esteve muito ligado ao Algarve, tendo retratado a região em várias obras, nomeadamente Nunca diremos quem sois e Os Cadernos Secretos do Prior do Crato.[2] Também participou em diversas iniciativas no Algarve, incluindo uma entrevista filmada com o director do Museu do Traje de São Brás de Alportel sobre o professor Estanco Louro.[2]
Nos seus últimos anos de vida, sofreu de uma insuficiência cardíaca, que o deixou cada vez mais enfraquecido, embora continuasse a sua carreira literária.[1] Em 6 de Agosto de 2013, foi internado no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, onde faleceu três dias depois, aos 89 anos de idade.[3] O corpo foi colocado em câmara ardente na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, tendo depois seguido para o Cemitério do Alto de São João[1]
Estava casado com Maria Judite de Carvalho (1921 - 1998).[2] Era pai de Isabel Fraga e António Urbano.[2]
Aquando do seu falecimento, Urbano Tavares Rodrigues foi homenageado pelos meios de comunicação, incluindo os jornais A Voz do Operário e o Postal de Tavira.[2]
A FENPROF, em colaboração com a SABSEG – Corretor de Seguros, criou, em 2012, o Prémio Urbano Tavares Rodrigues, um prémio literário destinado a Professores. O Prémio é anual de ficção.[5] O seu nome foi colocado na Biblioteca de Moura,[carece de fontes] e numa sala da Biblioteca de Silves.[2] Também foi homenageado pela Biblioteca Nacional de Portugal na exposição O Homem de Letras, entre 1 de Abril e 28 de Junho de 2014.[2]
A 19 de Janeiro de 1994 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a 6 de Junho de 2008 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[6] Também recebeu a Legião de Honra, o Prémio Ricardo Malheiros pela obra Uma Pedrada no Charco, Prémio da Imprensa Cultural,[3] Prémio Aquilino Ribeiro, Prémio Jacinto do Prado Coelho de ensaio , Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, Prémio da Crítica, Grande Prémio Vida Literária, e o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários.[2]