Joel Miller | |
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Aparência de Joel em The Last of Us Part II (2020). | |
Informações gerais | |
Série | The Last of Us |
Primeiro jogo | The Last of Us (2013) |
Criador | Neil Druckmann |
Dublador em inglês | Troy Baker |
Dublador brasileiro | Luiz Carlos Persy |
Dublador português | Marcantonio Del Carlo |
Captura de movimentos | Troy Baker |
Interpretado por | Pedro Pascal (série de televisão) |
Informações pessoais | |
Sexo | Masculino |
Nacionalidade | Americano |
Joel Miller é um personagem fictício da franquia de jogos eletrônicos The Last of Us, da Naughty Dog. No primeiro jogo, Joel é encarregado de acompanhar a jovem Ellie em um Estados Unidos pós-apocalíptico, na tentativa de criar uma cura potencial para uma infecção à qual Ellie é imune. Ele é o principal personagem jogável do primeiro jogo e aparece brevemente no conteúdo para download The Last of Us: Left Behind. Em The Last of Us Part II, Joel lida com os acontecimentos do primeiro jogo e tem função primordial na trama.
Joel é interpretado pelo ator Troy Baker através de sua voz e captura de movimentos; ele é dublado em português do Brasil por Luiz Carlos Persy, e em português europeu por Marcantonio Del Carlo, enquanto na série de televisão, Joel é interpretado pelo ator chileno Pedro Pascal. Joel foi criado por Neil Druckmann, o diretor de criação e escritor de The Last of Us. A escolha de elenco para o personagem foi extensa, pois seu relacionamento com Ellie era imperativo para o jogo; foi o foco central do desenvolvimento do primeiro título, com todos os outros elementos desenvolvidos ao seu redor. Baker inspirou aspectos da personalidade de Joel, tornando o personagem mais emocional do que o inicialmente apresentado. Druckmann queria que os jogadores, principalmente os pais, se relacionassem com Joel através de sua ligação com Ellie. Ele considerou o personagem moralmente complexo. Em Part II, Druckmann sentiu que o arco de Joel estava completo após o primeiro jogo, e sua morte foi uma parte essencial no desenvolvimento do jogo.
O personagem foi bem recebido pelos críticos, com o relacionamento entre Joel e Ellie sendo mais frequentemente objeto de elogios. A simpatia e complexidade do personagem também foram elogiadas. O desempenho de Baker em ambos os jogos foi muito elogiado e recebeu inúmeros prêmios e indicações.
A equipe de desenvolvimento passou mais tempo escolhendo um ator para Joel do que uma atriz para Ellie, pois a química entre os dois personagens era imperativa para o jogo. Depois que o ator Troy Baker atuou junto com a atriz de Ellie, Ashley Johnson, a equipe percebeu que o primeiro se encaixava perfeitamente no papel de Joel, apesar da idade mais jovem do ator. O diretor de criação e escritor Neil Druckmann, atribuiu a voz e a captura de movimentos de Baker à escolha da equipe de escalá-lo.[1] Baker contribuiu muito para o desenvolvimento do personagem; por exemplo, ele convenceu Druckmann de que Joel cuidaria de Tess devido à sua solidão.[2] Ao projetar a aparência física de Joel, a equipe tentou fazê-lo parecer "flexível o suficiente" para permitir que ele aparecesse tanto como "um operador implacável no subsolo de uma cidade em quarentena" quanto como uma "figura paterna para Ellie".[3] Sua aparência teve como objetivo evocar um "rústico Americano", referenciando valores de autoconfiança e engenhosidade ao enfrentar dificuldades e privações.[3] A equipe variou sua aparência para determinar sua idade no jogo.[4]
Ao escrever Joel, Druckmann inicialmente se inspirou no retrato de Josh Brolin como Llewelyn Moss no filme No Country for Old Men (2007), que ele viu como "muito calmo" e "muito frio sob pressão".[5] No entanto, a interpretação de Baker como Joel como uma pessoa mais emocional evoluiu o personagem de uma maneira diferente.[5] Por fim, a narrativa tornou-se uma exploração de como um pai está disposto a salvar um filho; inicialmente, Joel está disposto a se sacrificar, antes de evoluir para onde está disposto a sacrificar seus amigos, até finalmente sentir que ele sacrificaria toda a humanidade para salvar Ellie.[6]
Druckmann achava que os jogadores, especificamente os pais, poderiam se relacionar com o personagem Joel e sua ligação com Ellie.[7] Baker acreditou que Joel descobre a moralidade ao longo da narrativa do jogo, calculando a diferença entre perda e sacrifício, e sua verdadeira personalidade começa a aparecer.[8] Druckmann ficou intrigado com jogadores que discutiram a moralidade de Joel, distinguindo-o como um herói ou vilão; Druckmann sentiu que Joel era apenas "uma pessoa complexa que tomou boas e más decisões", mas permitiu que fosse aberta à interpretação.[9] Ao fazer um teste para o papel, Baker leu uma frase na ficha de personagem que afirmava que Joel tinha "poucas linhas morais a serem cruzadas", que se tornaram o "ponto de ancoragem" para o personagem.[1] Baker encontrou grande dificuldade em gravar o prólogo do jogo, que mostra cenas com Joel e sua filha Sarah, interpretada por Hana Hayes. Após a exibição posterior do primeiro dia de filmagens da cena, Druckmann sentiu que ainda poderia ser melhorado. Ao filmar a cena novamente, Druckmann explicou a Baker como realizá-la e achou que era a melhor tomada. Embora Baker tenha achado a abordagem muito "mecânica", ele percebeu retroativamente que estava tentando impressionar o público por sua atuação, e que "não era o que a cena precisava".[1]
Druckmann sentiu que o arco de Joel estava completo após o primeiro jogo.[10] A morte de Joel foi uma parte central da estrutura narrativa de The Last of Us Part II desde o início de seu desenvolvimento;[11] Druckmann considerou que o personagem foi um dos mais difíceis de escrever, ensaiar e filmar.[12] Embora inicialmente tenha causado alguma discordância interna, a equipe sentiu-se compelida enquanto mais narrativa era construída.[11] Uma versão inicial da cena da morte de Joel fez com que ele pronunciasse "Sarah", o nome de sua filha, até que Baker sugeriu que ele ficasse em silêncio.[13] Enquanto a morte de Sarah no primeiro jogo pretendia evocar tristeza, a morte de Joel visa provocar ódio.[14] Ellie estava originalmente ausente durante a cena, e deveria ser informada pelo irmão de Joel, Tommy,[15] mas Druckmann sentiu que testemunhar a morte pela perspectiva de Ellie enfatizava o ódio do jogador.[16] Ele queria que fosse retratada como "brutal, sem cerimônia e humilhante" em vez de uma morte heróica;[17][18] originalmente a morte era mais horripilante, mas mais tarde foi amenizada, pois o sangue não era crucial para a cena.[19] Ele previu que isso poderia levar a reações negativas, mas achou necessário contar a história; ele achava particularmente que a notabilidade da Naughty Dog na indústria dava a oportunidade de correr riscos que outras desenvolvedoras não podiam.[20]
No prólogo de The Last of Us, Joel, como pai solteiro, é retratado como sensível e emocionalmente envolvido com sua filha Sarah. Após a morte dela e os 20 anos que se seguiram, nos quais Joel testemunhou eventos mais terríveis,[21] ele mudou significativamente, usando a violência para resolver problemas e mostrando relutância quando solicitado a escoltar Ellie.[22] Joel é frequentemente descrito como um anti-herói.[23][24][25][21] Ele é um sobrevivente endurecido cuja obsessão pela sobrevivência é alimentada por sua dessensibilização devido à morte de sua filha.[26] Os anos de sobrevivência de Joel o levaram a se tornar engenhoso, prático e emocionalmente impenetrável, embora ele ainda esteja traumatizado e vulnerável.[27][28][29] Ele evita se apegar aos outros, pois temeria perdê-los.[28] Cada um de seus movimentos mostra sua idade e experiência, carregando o peso das vidas perdidas.[30] À medida que o jogo avança, Joel se torna mais sensível a Ellie e fala com ela de uma maneira anteriormente reservada apenas para sua filha.[22] O ato de Joel de salvar Ellie na conclusão do primeiro jogo mostra que ele se tornou muito sentimental e apegado a Ellie para "fazer a 'coisa certa'", um tropeço frequentemente demonstrado em protagonistas do sexo masculino.[25] Seu ato é visto por alguns como uma redenção,[26] e por outros como um egoísmo.[27][28]
Originalmente do Texas, Joel foi pai solteiro entre os seus 25 e 30 anos quando ocorreu o surto inicial do Cordyceps. Fugindo com o seu irmão Tommy e com sua filha de doze anos, Sarah, eles se envolveram em um tiroteio com um soldado, e Sarah foi mortalmente ferida e morreu em seus braços, deixando-o traumatizado. Nos 20 anos seguintes, Joel fez o que tinha que fazer para sobreviver.[31][32] No tempo passado em um mundo pós-apocalíptico brutal, ainda amargurado com a morte de sua filha, Joel se tornou um sobrevivente endurecido, física e mentalmente. Ele tem um estilo de luta brutal e é capaz de enfrentar e derrotar homens muito mais jovens em combate corpo a corpo.[28][33]
Vinte anos após a morte de Sarah, Joel trabalha como contrabandista na zona de quarentena de Boston com sua amiga e parceira Tess. Enquanto procuram um ex-cúmplice que roubou parte de suas mercadorias, Joel e Tess recebem a tarefa de Marlene, uma conhecida e líder de uma milícia rebelde chamada Vaga-Lumes, para contrabandearem Ellie a um ponto de encontro. Joel descobre que Ellie é imune à infecção. Após a chegada deles, Tess revela que sofreu uma mordida na jornada e insiste que Joel encontre Tommy, um ex-Vaga-Lume, para continuar a missão. Joel é inicialmente curto e grosso com Ellie, embora ele comece a se interessar por ela enquanto a jornada continua. Isso é agravado quando Joel, tendo inicialmente pedido a Tommy para continuar em seu lugar depois de se encontrar com ele em seu assentamento, muda de ideia e continua conforme o planejado. Seu vínculo se aprofunda quando Ellie quase perde Joel com um ferimento grave, e quando ele vem em seu auxílio depois que ela é quase morta por um grupo de canibais. Por fim, Joel mostra sua devoção a Ellie quando ele escolhe resgatá-la dos médicos que planejam remover e examinar seu cérebro, em vez de permitir que ela morra. Para garantir que eles não sejam perseguidos, Joel mata Marlene. Afastando-se do hospital, Ellie acorda e Joel diz a ela que os médicos desistiram de descobrir uma cura. Ellie depois o confronta sobre os eventos, e Joel jura que ele estava dizendo a verdade.[34]
Joel e Ellie constroem uma vida em Jackson com Tommy. No prólogo de The Last of Us Part II, Joel confessa sua culpa a Tommy. Flashbacks no jogo revelam Joel levando Ellie em um passeio a um museu em seu aniversário e, finalmente, admitindo a verdade para ela quando Ellie investiga o hospital. Quatro anos após o primeiro jogo, Ellie promete tentar perdoar Joel por impedir a ação dos Vaga-Lumes. Enquanto estavam em patrulha no dia seguinte, Joel e Tommy salvam Abby, uma estranha, de uma orda de infectados, retornando a um posto avançado comandado pelo grupo de Abby. Joel e Tommy são atacados pelo grupo de Abby, composto por ex-Vaga-Lumes que agora fazem parte da WLF, um grupo de milicianos sediado em Seattle. Ellie os encontra, mas é agredida e assiste, impotentemente, Abby batendo em Joel até a morte com um taco de golfe.[35]
O personagem Joel recebeu uma resposta geralmente positiva. Colin Moriarty, da IGN, comentou que se importou com o personagem e o considerou agradável.[36] Andy Kelly, da Computer and Video Games, escreveu que Joel "tem um calor agradável em seu sotaque texano lacônico".[37] Jim Sterling, da Destructoid, achou Joel um personagem simpático, embora impaciente e áspero.[38] Oli Welsh, da Eurogamer, sentiu que, no final do jogo, Joel e Ellie "amadureceram de clichês em personagens arredondados".[39] Por outro lado, Tom Mc Shea, da GameSpot, achou Joel duvidoso e pouco confiável.[40]
Os críticos elogiaram o relacionamento entre Joel e Ellie. Matt Helgeson, da Game Informer, escreveu que o relacionamento era "comovente" e "bem elaborado",[41] Richard Mitchell, da Joystiq, considerou-o "genuíno" e "emocionante",[42] e Colin Moriarty, da IGN, o identificou como o maior destaque do jogo.[36] Oli Welsh, da Eurogamer, sentiu que os personagens foram desenvolvidos com "verdadeira paciência e habilidade".[39] Philip Kollar, da Polygon, observou que o relacionamento foi demonstrado pelas conversas opcionais do jogo.[43] Wallace, da Game Informer, nomeou Joel e Ellie como uma das "melhores duplas dos jogos eletrônicos de 2013".[44] Kyle Hilliard, da Game Informer, comparou o relacionamento de Joel e Ellie com o de Prince e Elika em Prince of Persia (2008), escrevendo que as duas duplas se importam profundamente um com o outro e elogiando o "crescimento emocional" em The Last of Us, que ele julgou não ter sido alcançado em Prince of Persia.[45] David Meikleham, da PlayStation Official Magazine, nomeou Joel e Ellie como os melhores personagens de um jogo para PlayStation 3.[46]
A performance de Baker foi bastante elogiada.[39] A Edge escreveu que, ao lado de Johnson, Baker "respira pungências nas notas encantadoras do roteiro".[47] Anthony Severino, da PlayStation LifeStyle, sentiu que a atuação de Baker o fazia se importar com o personagem,[48] enquanto Giancarlo Valdes, da VentureBeat, elogiou o ator por adicionar "nuances e complexidade" a Joel.[49] Por seu papel em The Last of Us, Baker venceu o prêmio de "Melhor Interpretação Masculina" na Spike VGX 2013,[50] e foi indicado como "Melhor Intérprete" pela The Daily Telegraph,[51] "Excelência em Performance de Personagem" no D.I.C.E. Awards 2014[52] e "Melhor Performance" na British Academy Video Games Awards de 2014.[53] O desempenho de Baker em The Last of Us Part II foi igualmente elogiado.[54][55][56][57] Alex Avard, da GamesRadar+, comentou que Baker "rouba algumas das melhores cenas do jogo como Joel", acrescentando complexidades que enriquecem o personagem e o relacionamento dele com Ellie.[58] Evan Lewis, da Entertainment Weekly, escreveu que Baker "merece todos os elogios possíveis por seu desempenho de cortar o coração".[59] Jonathon Dornbush, da IGN, elogiou a atuação de Baker em representar um Joel mais cansado.[60]
Tommy: Pagar? / Joel: Por todos esses anos que eu cuidei de nós. / Tommy: Cuidou? Chama isso de cuidar? Eu só tenho pesadelos daqueles anos. / Joel: Você sobreviveu graças a mim. / Tommy: Não valeu a pena.
Ellie: Como você sabia? / Joel: Sabia o quê? / Ellie: Sobre a armadilha. / Joel: Eu estive dos dois lados. / Ellie: Ah. Então, hã, você matou muita gente inocente? / Joel: Humm. / Ellie: Isso quer dizer que sim. / Joel: Pense o que quiser.
Ellie: Promete para mim. Promete para mim que tudo que você disse sobre os Vaga-Lumes é verdade. / Joel: Eu Juro. / Ellie: Tá.